São Paulo, quinta, 25 de junho de 1998

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AUTOMÓVEIS
Herbert Demel reconhece que a marca deverá perder mercado no próximo ano
VW diz que montadoras têm prejuízo

LUCIANO SOMENZARI
da Reportagem Local

O presidente da Volkswagen América do Sul, o austríaco Herbert Demel, 44, afirmou ontem que quase todas as principais montadoras de automóveis do Brasil fecharam o último ano "no vermelho".
Ele considera que o desempenho negativo foi o resultado de vários fatores, como a alta taxa de juros no mercado financeiro e a excessiva tributação que incide sobre os automóveis, além dos grandes investimentos em produção feitos pelas fábricas.
Perguntado sobre o exemplo da General Motors do Brasil, que conseguiu fazer grandes volumes de exportação no ano passado, inclusive para a matriz norte-americana, Demel foi enfático: "É preciso verificar também o quanto a GM investiu para isso".
Para ele, o investimento feito pela marca ainda não foi compensado pelo volume de exportações.
O presidente da Volkswagen disse também não acreditar que haverá mercado suficiente para abrigar todas as montadoras que estão se instalando no país, apesar de considerar o Brasil um dos mercados "mais promissores do mundo".
As novas montadoras a que ele se refere são a Honda, que já começou a produzir, a Toyota, a Renault e a Peugeot/Citroën, a Mercedes-Benz, a Chrysler e a Asia, além da própria Audi, do grupo Volkswagen.
Quanto às fábricas já instaladas, Demel faz a seguinte análise para os próximos anos: todas, com pouquíssimas exceções, vão perder faixa de mercado.
"Nós também vamos perder, mas não faz mal; se continuarmos a liderar o mercado já será um ponto muito forte", reconhece.
A Volkswagen lidera as vendas de automóveis no Brasil há mais de dez anos e fechou o ano passado com 29% do mercado nos negócios feitos no atacado (da montadora para as concessionárias). Em seguida vêm a Fiat com 28%, depois a Chevrolet com 24% e por último a Ford, com 12%.
Demel reafirmou os planos de investir nos próximos dois anos mais de R$ 750 milhões nas fábricas de São Bernardo do Campo (SP) e de Taubaté.
"Em São Bernardo terá de ser construída praticamente uma nova fábrica dentro de outra porque é preciso criar espaço suficiente para a linha de produção de um novo carro", adiantou.
O novo modelo será o chamado PQ-24 (nome do projeto do novo carro), que, segundo Demel, estará na categoria situada entre o atual Gol (que deverá permanecer) e o Golf, este com produção prevista para agosto de 99.



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