|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
COLAPSO DA ARGENTINA
FMI quer acabar com restrições
Decreto suspende liberação judicial de dinheiro retido no "corralito"
JOÃO SANDRINI
DE BUENOS AIRES
O governo argentino publicou
ontem no Diário Oficial um decreto que suspende a liberação
por meio de processos judiciais
dos recursos congelados nos bancos e deve possibilitar, no futuro,
a flexibilização das restrições para
os saques vigentes desde dezembro, chamadas de "corralito".
A eliminação gradual das restrições bancárias representa hoje a
principal exigência do FMI (Fundo Monetário Internacional) para
finalmente conceder uma nova
ajuda financeira à Argentina.
O decreto publicado ontem estabelece que os processos poderão continuar tramitando na Justiça, mas suspende a liberação dos
recursos por 120 dias úteis. Ou seja, os bancos poderão ignorar decisões judiciais favoráveis à devolução de recursos até janeiro.
Desde dezembro de 2001, cerca
de 50 mil processos judiciais foram responsáveis pela saída de 3,2
bilhões de pesos do "corralito".
Apenas em junho fugiram 1 bilhão de pesos. No segundo semestre, o Ministério da Economia esperava que mais 6 bilhões de pesos saíssem dos bancos.
Para o governo, o vazamento do
"corralito" comprometia a saúde
financeira dos bancos, que, em
meio a uma onda de saques que já
dura vários meses, não têm mais
condições de honrar os depósitos
dos correntistas sem ajuda do
Banco Central.
Além disso, o ministro Roberto
Lavagna (Economia) repetiu diversas vezes nos últimos dias que
seria possível liberar a maioria
dos recursos presos em contas
correntes e cadernetas de poupança apenas quando fosse resolvido o problema dos processos.
Agora, a expectativa é de que
haja realmente uma redução nas
restrições bancárias, em uma decisão que beneficiaria a todos os
correntistas e não apenas àqueles
que tivessem dinheiro para arcar
com custos judiciais.
A maneira como será feita a flexibilização do "corralito" ainda
será estudada nos próximos dias.
O presidente do Banco Central,
Aldo Pignanelli, acha que, sem
processos, seria possível liberar
imediatamente todos os recursos
congelados em contas à vista.
Já Lavagna defende a liberação
gradual, para não gerar corrida ao
dólar e hiperinflação.
Missão do FMI
Os quatro economistas "notáveis" enviados pelo FMI a Buenos
Aires vão divulgar apenas na próxima semana o relatório com as
medidas que deveriam ser tomadas pelo governo para resolver a
crise do sistema financeiro.
No entanto, já se sabe que os
conselhos que o relatório vai trazer não devem ser diferentes das
exigências que já vêm sendo impostas pelo próprio FMI.
A missão do Fundo chegou no
domingo à Argentina e encerrou
seus trabalhos ontem, depois de
uma reunião com Lavagna.
Texto Anterior: Habitação: Caixa relança financiamento para imóvel usado para classe média Próximo Texto: Missão do FMI fará relatório na próxima semana Índice
|