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São Paulo, sexta-feira, 25 de julho de 2003

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Volkswagen pede que sindicato seja "flexível"

DA REPORTAGEM LOCAL

A Volkswagen informou que vai cumprir os acordos que prevêem estabilidade no emprego aos trabalhadores excedentes de suas fábricas, mas quer apoio dos sindicatos dos metalúrgicos do ABC e de Taubaté, para investir R$ 300 milhões e viabilizar a criação da Autovisão. Sem esse apoio, os investimentos "correm o risco" de não sair, segundo informou o vice-presidente de Recursos Humanos da Volks, João Rached.
A nova empresa atuará realocando os 3.933 excedentes, concentrados no ABC e em Taubaté, com incentivos para que montem negócio próprio ou exerçam função em outras empresas do grupo. Na prática, a Volks não vai demitir, mas precisa que os sindicatos estimulem o projeto da Autovisão e façam com que os trabalhadores sejam transferidos por vontade própria.
Os acordos feitos com a montadora prevêem estabilidade para os metalúrgicos do ABC até novembro de 2006 e para os de Taubaté até fevereiro de 2004.
O vice-presidente de Recursos Humanos da companhia, João Rached, disse que quer apoio do sindicato para "flexibilizar a movimentação de pessoal" nas fábricas. "Não dá para constituir uma empresa e não poder contar com os funcionários [da Volkswagen] dentro dela."
Rached também afirmou que "existe o risco de perder a oportunidade [de criar a nova empresa]". "Não podemos perder isso, logo precisamos do apoio dos sindicatos", disse o executivo.
O apoio viria na explicação de como a empresa vai atuar e também para a busca de parcerias com organizações, prefeituras e governos. "Os sindicatos têm de entender profundamente o conceito do projeto Autovisão para poder orientar os trabalhadores", disse Rached.
Em reunião ontem entre representantes dos trabalhadores e da empresa, não houve consenso para resolver o impasse, que começou com o anúncio no último domingo de criação da Autovisão no Brasil. O projeto é inspirado na Autovisão da Alemanha, que atua em parceria com sindicatos, organizações e governos locais.
"Faremos os esforços que forem necessários para que a empresa mantenha os investimentos no Brasil. Mas queremos que sejam geradas vagas aos desempregados, desde que não tenhamos que romper os acordos de estabilidade", disse o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, José Lopez Feijóo. "Se a Volks quiser nos forçar a romper esse acordo, não haverá investimentos."
Feijóo disse ainda que, se a empresa quer viabilizar a nova empresa, primeiro deve fazer os investimentos, depois convidar os trabalhadores. "Ninguém vai sair para uma aventura."
A Autovisão deve ser formada a partir de agosto e inicialmente deve atuar com 150 a 200 funcionários. A Volks espera encerrar até o dia 15 de agosto as negociações com os sindicalistas. Nova reunião está marcada para a próxima quarta-feira, na unidade da Volks em Taubaté.
(CLAUDIA ROLLI)


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