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São Paulo, sexta-feira, 25 de julho de 2003

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VIZINHO EM CRISE

Presidente da Argentina diz a empresários em Nova York que contratos de concessão serão revisados

Kirchner confirma que irá rever privatização

ROBERTO DIAS
DE NOVA YORK

O presidente da Argentina, Néstor Kirchner, disse a empresários reunidos em Nova York que vai rever as privatizações de serviços públicos em seu país.
No último dia de sua visita aos EUA, ele participou de um almoço fechado com cerca de 30 convidados no Council of the Americas, um instituto nova-iorquino que promove debates políticos e empresariais sobre a região.
"O presidente Kirchner foi muito explícito sobre a necessidade de revisar os contratos de concessão", afirmou Alberto Fernandez, chefe de gabinete do governo argentino. Segundo ele, Kirchner deixou claro que não pretende reestatizar empresas. "O que está se fazendo é levar adiante um processo de revisão dos contratos de concessão dos serviços públicos, para que adiante o sistema funcione, para que as empresas ganhem, mas que também ganhem os usuários", disse Fernandez.
A intenção de revisar os contratos já fora comunicada, de maneira privada, pelo ministro das Relações Exteriores da Argentina, Rafael Bielsa, à sua colega da Espanha, Ana Palacio -grande parte das concessões argentinas está com investidores espanhóis.
O processo de privatização na Argentina ocorreu nos anos 90, durante o governo de Carlos Menem, que abandonou a disputa com Kirchner na última eleição. Os contratos foram feitos levando em conta a paridade, à época inscrita na Constituição, entre o dólar e o peso. Com as dúvidas sobre o futuro da economia argentina, muitas empresas deixaram de investir o que deveriam; com a desvalorização no início de 2002, os reajustes dos contratos geraram uma disputa que chegou à Justiça.
No encontro de ontem, a lista de convidados foi dominada por executivos dos setores industrial e de serviços, incluindo representantes de alguns dos principais investidores na Argentina: AES, BellSouth, Cargill, Colgate-Palmolive, ExxonMobil, General Motors e Schering-Plough.
Apenas três instituições financeiras figuravam na relação: Citigroup, FleetBoston e JP Morgan.
Segundo Fernandez, Kirchner "falou sobre a decisão de levar adiante uma verdadeira revolução que nos permita viver em um país normal". Isso, afirmou, é "viver em um país com regras claras, onde as regras sejam respeitadas".
O ministro da Economia, Roberto Lavagna, insistiu em demonstrar que o governo quer respeitar contratos. "Não há nada mais importante que o crescimento e a segurança jurídica."


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