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MERCADO FINANCEIRO
Durante evento da BM&F, economistas defendem importações que elevem valor das exportações
Comércio maior é chave para crescimento
MARIA CRISTINA FRIAS
DA REPORTAGEM LOCAL
"O que gera crescimento é aumento de comércio, e não aumento do saldo comercial."
A afirmação do ex-presidente
do Banco Central Affonso Celso
Pastore foi lembrada por diversos
economistas em palestras durante evento promovido pela BM&F
(Bolsa de Mercadorias e Futuros),
em Campos do Jordão (SP), na semana passada.
Para economistas presentes, o
Brasil precisa fazer outra abertura
para crescer.
Segundo Pastore, há quem pense no Brasil que exportar é bom e
importar é ruim.
Os casos da Embraer e da Nokia
foram citados por Pastore, José
Alexandre Scheinkman, professor da Universidade Princeton
(EUA), e Márcio Garcia, da PUC-RJ, em suas palestras.
Os economistas observaram
que as duas companhias, que não
fabricam todos os componentes
de seus produtos, exportam muito, mas também importam muito. Ambas têm vantagem comparativa e geram crescimento ao
criarem valor adicionado.
Se a Embraer fosse obrigada a
fabricar motor no Brasil para ter
saldo comercial, haveria perda de
crescimento econômico, com a
queda da competitividade e o corte de empregos, afirmou Pastore.
"Se a Nokia produzisse tudo na
Finlândia, seria a maior da Finlândia. Ao fazer a produção no
mundo, é a maior produtora
mundial de celulares", disseram.
Para esses economistas, lubrificam-se exportações, eliminando
barreiras. Proteger as importações equivaleria a um imposto sobre as exportações.
Ninguém ganha vantagem
comparativa com subsídio a setores, segundo Scheinkman.
"Quem ganhou vantagem comparativa em telefonia não foi o setor no país, mas a Nokia."
Embora pessimista em relação à
Europa, aos EUA e ao Japão,
Scheinkman disse que o Brasil
tem que ser não apenas agressivo
como sofisticado nas negociações
internacionais. Deu o exemplo da
"sofisticação dos mexicanos."
"Eles entenderam que as negociações não eram entre o México e
os EUA, mas entre interesses. A
fábrica de geladeiras nos EUA que
tem que comprar esse aço mais
caro é nossa aliada natural para
baixar tarifa sobre o aço."
No curto prazo, segundo Márcio Garcia, seria preciso aumentar
a ""exportabilidade", com a desoneração fiscal e a ampliação da liberdade comercial para haver
maior competitividade".
Câmbio
Albert Fishlow, da Universidade
Columbia (EUA), e Eduardo
Giannetti da Fonseca, professor
do Ibmec, discordam de uma intervenção mais contundente do
governo no câmbio.
"Houve um aumento de cerca
de 35%. Os importadores tiveram
dificuldade para pagar suas obrigações e as importações caíram
muito. Mas o câmbio está regressando. Eu o vejo em torno de R$
3,20", disse Fishlow.
Ele observou a queda da volatilidade cambial em relação a 2002.
"Isso se deve à redução do risco
Brasil. Então, não fico muito
preocupado com o câmbio."
Para Giannetti, "o país precisa
de um câmbio competitivo com o
qual se possa trabalhar num prazo mais longo. Só há apostadores
contra o real e ninguém disposto
a correr o risco de apostar em sua
valorização. Num regime de câmbio flutuante, há que existir apostas dos dois lados", afirmou.
"O simples fato de o câmbio ser
flutuante e ter volatilidade não é
necessariamente uma inibição ao
exportador. O problema é exatamente a falta de apostas", concordou Scheinkman.
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