São Paulo, quarta-feira, 25 de agosto de 2004

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

INDÚSTRIA

Vaz, apoiado pelo atual presidente, Horacio Piva, e Skaf travaram a campanha mais disputada e cara da entidade

Eleição hoje na Fiesp divide empresários

GUILHERME BARROS
EDITOR DO PAINEL S.A.

Chega ao final, hoje, a campanha mais disputada e mais cara da história da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo). A partir das 9h de hoje, a indústria paulista irá escolher quem irá assumir o lugar de Horacio Lafer Piva no comando da Fiesp e do Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo).
O que está em jogo não é só o comando da maior entidade empresarial do país, mas também a chave do cofre de um gigante com um orçamento superior a R$ 700 milhões ao ano. Se fosse uma empresa, a Fiesp/Ciesp estaria entre as 350 maiores do país.
Um dia antes das eleições, os dois candidatos garantem ter o número de votos suficientes para vencer tanto na Fiesp quanto no Ciesp. Claudio Vaz, 55, candidato da situação, diz "ter mais de 62 votos". Já Paulo Skaf, 49, da oposição, diz "ter mais de 70 votos".
O mínimo de votos para vencer na Fiesp é de 62 votos. Os dois também garantem a vitória no Ciesp. Não está afastada, no entanto, a hipótese de um vencer na Fiesp e outro no Ciesp, o que seria inédito na história das duas entidades. Vaz e Skaf não revelam os gastos na campanha, mas, de acordo como que a Folha apurou, as cifras devem ficar na casa de R$ 15 milhões a R$ 20 milhões, as duas campanhas somadas.
Na véspera das eleições, os dois candidatos aparentavam bastante tranqüilidade. Vaz cumpriu uma rotina normal da campanha. Concedeu entrevistas, telefonou para alguns eleitores e comeu uma salada no próprio escritório, um andar no prédio na avenida Paulista ao lado da Fiesp. "Estou como um zen budista, engarrafando tranqüilidade", afirmou.
Já Skaf também procurou manter o mesmo ritmo de campanha. Ele também deu entrevistas e despachou normalmente na Abit (Associação Brasileira da Indústria Têxtil), entidade que preside nos últimos seis anos. No almoço, no entanto, ele fez uma pausa para comer num restaurante próximo à sede da Abit, em Higienópolis, com a mulher, Luzia, e quatro dos seus cinco filhos. Um dos filhos, Antonie, 19, antecipou para ontem sua volta do Canadá, onde fazia um curso, para acompanhar as eleições. "Estou muito feliz com tudo até agora", diz Skaf.
Apesar desse clima "zen" da véspera, a campanha foi uma das mais acirradas da história da Fiesp. Durante os últimos seis meses, os dois candidatos trocaram várias acusações. Na semana passada, Vaz chegou a registrar na polícia um boletim de ocorrência acusando um dos membros da chapa de oposição de ter enviado e-mails difamatórios.
Skaf considerou a acusação um ato de desespero da chapa de Vaz. Segundo Skaf, não só ele não pode se responsabilizar por atos isolados de integrantes de sua chapa como também outros membros da sua própria chapa também receberam esses mesmos e-mails.
Para vencer as eleições, no entanto, os dois apostam todas as fichas nos apoios que receberam na campanha. São esses nomes em torno de cada uma das chapas que definem a estratégia que cada um traçou para comandar a Fiesp.

Apoios
Vaz representa a situação. Seu maior avalista é Horacio Lafer Piva, atual presidente da Fiesp. Piva procurou estar presente em quase todos os compromissos da campanha de Vaz. Foi Piva quem atraiu um número expressivo do PIB brasileiro para apoiar seu candidato.
Entre os principais nomes que estão ao lado de Vaz destacam-se, por exemplo, Antônio Ermírio de Moraes, Jorge Gerdau Johannpeter, José Mindlin, Ozires Silva, Arthur Quaresma e os ex-presidentes da Fiesp Mario Amato e Carlos Eduardo Moreira Ferreira. José Neto, sobrinho de Antônio Ermírio e filho de José Ermírio de Moraes -já morto-, faz parte da chapa de Vaz.
Já o principal trunfo de Skaf é ter ao seu lado nomes mais próximos do governo Lula. O maior patrocinador de Skaf é seu primeiro vice-presidente, o empresário Benjamin Steinbruch, presidente da CSN (Companhia Siderúrgica Nacional) e da Vicunha. Nos bastidores, Steinbruch foi quem articulou o apoio de nomes importantes para a campanha de Skaf. Entre eles, por exemplo, o senador Aloizio Mercadante (PT-SP), líder do governo no Senado. Outros nomes de peso ao lado de Skaf: Josué Gomes da Silva (Coteminas), filho do vice José Alencar, Ivo Rosset, Flávio Rocha, Paulo Setubal e José Ometto.
Animado e confiante na vitória amanhã, Steinbruch afirma que a principal proposta da chapa de Skaf é a de resgatar o poder de liderança da Fiesp na indústria. Segundo ele, nos últimos anos, a Febraban (Federação Brasileira de Bancos) foi quem passou a ocupar o poder de representatividade que a Fiesp teve no passado. Por isso, um dos principais objetivos de Skaf, caso vença as eleições, será o de reaproximar a Fiesp do governo. "Vou dar todo o apoio que Skaf precisar", diz o presidente da CSN.


Texto Anterior: Painel S.A.
Próximo Texto: Eleição na Fiesp: E-mail ofensivo agita campanha de Paulo Skaf
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.