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INDÚSTRIA
Vaz, apoiado pelo atual presidente, Horacio Piva, e Skaf travaram a campanha mais disputada e cara da entidade
Eleição hoje na Fiesp divide empresários
GUILHERME BARROS
EDITOR DO PAINEL S.A.
Chega ao final, hoje, a campanha mais disputada e mais cara da
história da Fiesp (Federação das
Indústrias do Estado de São Paulo). A partir das 9h de hoje, a indústria paulista irá escolher quem
irá assumir o lugar de Horacio Lafer Piva no comando da Fiesp e do
Ciesp (Centro das Indústrias do
Estado de São Paulo).
O que está em jogo não é só o
comando da maior entidade empresarial do país, mas também a
chave do cofre de um gigante com
um orçamento superior a R$ 700
milhões ao ano. Se fosse uma empresa, a Fiesp/Ciesp estaria entre
as 350 maiores do país.
Um dia antes das eleições, os
dois candidatos garantem ter o
número de votos suficientes para
vencer tanto na Fiesp quanto no
Ciesp. Claudio Vaz, 55, candidato
da situação, diz "ter mais de 62
votos". Já Paulo Skaf, 49, da oposição, diz "ter mais de 70 votos".
O mínimo de votos para vencer
na Fiesp é de 62 votos. Os dois
também garantem a vitória no
Ciesp. Não está afastada, no entanto, a hipótese de um vencer na
Fiesp e outro no Ciesp, o que seria
inédito na história das duas entidades. Vaz e Skaf não revelam os
gastos na campanha, mas, de
acordo como que a Folha apurou,
as cifras devem ficar na casa de R$
15 milhões a R$ 20 milhões, as
duas campanhas somadas.
Na véspera das eleições, os dois
candidatos aparentavam bastante
tranqüilidade. Vaz cumpriu uma
rotina normal da campanha.
Concedeu entrevistas, telefonou
para alguns eleitores e comeu
uma salada no próprio escritório,
um andar no prédio na avenida
Paulista ao lado da Fiesp. "Estou
como um zen budista, engarrafando tranqüilidade", afirmou.
Já Skaf também procurou manter o mesmo ritmo de campanha.
Ele também deu entrevistas e despachou normalmente na Abit
(Associação Brasileira da Indústria Têxtil), entidade que preside
nos últimos seis anos. No almoço,
no entanto, ele fez uma pausa para comer num restaurante próximo à sede da Abit, em Higienópolis, com a mulher, Luzia, e quatro
dos seus cinco filhos. Um dos filhos, Antonie, 19, antecipou para
ontem sua volta do Canadá, onde
fazia um curso, para acompanhar
as eleições. "Estou muito feliz
com tudo até agora", diz Skaf.
Apesar desse clima "zen" da
véspera, a campanha foi uma das
mais acirradas da história da
Fiesp. Durante os últimos seis
meses, os dois candidatos trocaram várias acusações. Na semana
passada, Vaz chegou a registrar
na polícia um boletim de ocorrência acusando um dos membros da
chapa de oposição de ter enviado
e-mails difamatórios.
Skaf considerou a acusação um
ato de desespero da chapa de Vaz.
Segundo Skaf, não só ele não pode
se responsabilizar por atos isolados de integrantes de sua chapa
como também outros membros
da sua própria chapa também receberam esses mesmos e-mails.
Para vencer as eleições, no entanto, os dois apostam todas as fichas nos apoios que receberam na
campanha. São esses nomes em
torno de cada uma das chapas que
definem a estratégia que cada um
traçou para comandar a Fiesp.
Apoios
Vaz representa a situação. Seu
maior avalista é Horacio Lafer Piva, atual presidente da Fiesp. Piva
procurou estar presente em quase
todos os compromissos da campanha de Vaz. Foi Piva quem
atraiu um número expressivo do
PIB brasileiro para apoiar seu
candidato.
Entre os principais nomes que
estão ao lado de Vaz destacam-se,
por exemplo, Antônio Ermírio de
Moraes, Jorge Gerdau Johannpeter, José Mindlin, Ozires Silva, Arthur Quaresma e os ex-presidentes da Fiesp Mario Amato e Carlos
Eduardo Moreira Ferreira. José
Neto, sobrinho de Antônio Ermírio e filho de José Ermírio de Moraes -já morto-, faz parte da
chapa de Vaz.
Já o principal trunfo de Skaf é
ter ao seu lado nomes mais próximos do governo Lula. O maior
patrocinador de Skaf é seu primeiro vice-presidente, o empresário Benjamin Steinbruch, presidente da CSN (Companhia Siderúrgica Nacional) e da Vicunha.
Nos bastidores, Steinbruch foi
quem articulou o apoio de nomes
importantes para a campanha de
Skaf. Entre eles, por exemplo, o
senador Aloizio Mercadante (PT-SP), líder do governo no Senado.
Outros nomes de peso ao lado de
Skaf: Josué Gomes da Silva (Coteminas), filho do vice José Alencar,
Ivo Rosset, Flávio Rocha, Paulo
Setubal e José Ometto.
Animado e confiante na vitória
amanhã, Steinbruch afirma que a
principal proposta da chapa de
Skaf é a de resgatar o poder de liderança da Fiesp na indústria. Segundo ele, nos últimos anos, a Febraban (Federação Brasileira de
Bancos) foi quem passou a ocupar o poder de representatividade
que a Fiesp teve no passado. Por
isso, um dos principais objetivos
de Skaf, caso vença as eleições, será o de reaproximar a Fiesp do governo. "Vou dar todo o apoio que
Skaf precisar", diz o presidente da
CSN.
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