São Paulo, quarta-feira, 25 de agosto de 2004

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Para analista, juro não sobe em 2004

DA REPORTAGEM LOCAL

O aumento da taxa de juros básica da economia, a Selic, neste ano, como chegou a ser cogitado pelo Banco Central, está sendo descartado por instituições como o banco JP Morgan, o Bradesco e a consultoria Global Invest.
Em boletim divulgado ontem aos clientes, o banco americano diz que os indicadores macroeconômicos que serão divulgados nesta semana reforçarão a visão positiva do banco sobre os fundamentos da economia brasileira.
"O grau atual de aperto da política monetária está adequado, a taxa de juro não deverá subir até o final do ano", diz Fábio Akira, economista-chefe do JP Morgan.
Segundo as projeções do banco, os dados das contas externas, que saem amanhã, vão mostrar um aumento do superávit da conta corrente, em 12 meses. Em julho o resultado foi equivalente a 1,5% do PIB (Produto Interno Bruto) e deverá aumentar para 1,6%. "Isso reforça os fundamentos", diz ele.
Outro indicador a ser divulgado nesta semana é o superávit primário, que sairá na sexta-feira. O JP Morgan projeta um superávit entre 4,5% e 4,6% do PIB, acima da meta de 4,25% do governo.
Também sairão os dados sobre a dívida pública. Segundo o banco, a relação dívida/PIB deverá ficar em 55,4%, abaixo dos 56% verificados em junho. Em dezembro, a dívida pública representava 58,8% do PIB.
"Esse é o principal indicador da vulnerabilidade externa do país", observa Akira. A melhora do quadro, segundo ele, deve-se ao câmbio mais forte e ao crescimento econômico.
Ontem, o IBGE divulgou o IPCA-15 referente ao mês de agosto, que registrou alta de preços de 0,79%, ante 0,93% em julho. Segundo Akira, esse resultado mostra que a economia está crescendo sem gerar inflação de demanda.
Para o Bradesco e a Global Invest, o resultado do IPCA-15 de agosto não altera o cenário de inflação no curto prazo, que é de queda. E reforça a expectativa de ambos com a manutenção da taxa de juros até o final do ano.
Segundo os economistas do Bradesco, os riscos de mudança nesse cenário estão no comportamento dos preços do petróleo e num possível descompasso entre a demanda e a oferta de produtos na economia.
O JP Morgan, entretanto, projeta uma queda nos preços médios do petróleo para os próximos meses. Os valores médios para o terceiro trimestre do ano ficariam em US$ 42,5 o barril, caindo para US$ 41 no quarto trimestre deste ano e no primeiro trimestre de 2005. Ontem o petróleo fechou cotado em US$ 45,21 em Nova York.
"Não vemos pressão inflacionária por aí; também não vemos risco de alta significativa dos juros americanos que poderiam conturbar o cenário interno", afirma Akira. (SANDRA BALBI)


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