|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
MERCADO FINANCEIRO
Analistas esperam por explicações do BC sobre alta de juros para ajustar posições; cenário externo segue tenso
Petróleo e ata do Copom centralizam atenções
DA REPORTAGEM LOCAL
A decisão do Copom (Comitê
de Política Monetária) de aumentar as taxas de juros além do esperado -apostava-se em alta de
0,25 ponto percentual, e não de
0,5- surpreendeu analistas, mas
não causou turbulência, já que a
maioria segue mais preocupada
com o cenário internacional.
A grande incógnita, no setor externo, continua sendo a cotação
do petróleo, que não pára de bater
recordes. Na sexta, ela chegou a
US$ 55. No mesmo dia, o diretor-gerente do FMI, Rodrigo Rato,
admitiu que a alta do produto
neste ano deve afetar o crescimento mundial em 2005. Foi o suficiente para derrubar os preços
das ações na Bolsa de Nova York.
No Brasil, o dia também foi de
ajuste, para baixo, na Bolsa, em
que a queda chegou a 1,4%. Preço
do petróleo em alta tem duas implicações graves para o Brasil. Primeiro, o crescimento menos robusto da economia mundial pode
trazer reflexos negativos para as
exportações brasileiras. Ninguém
espera que o volume exportado
caia, mas tampouco se acredita
que, com uma economia mundial
em desaceleração, elas possam
continuar subindo no ritmo atual.
A segunda implicação pode prejudicar ainda mais o crescimento
interno. A alta maior do que o esperado da taxa de juros foi interpretada pelo mercado como um
sinal de que o Copom já mira na
inflação do próximo ano, tentando evitar que o aquecimento interno e as pressões externas se
transformem em aceleração da
inflação. Se a cautela continuar e a
alta do petróleo também, é bem
provável que a política monetária
permaneça apertada -ou seja,
juros em alta ou estáveis por mais
tempo. Alta dos juros, com certo
exagero, pode ser traduzida como
queda no crescimento.
Ata do Copom
Apesar da surpresa provocada
pela decisão do Copom na semana passada, a maioria dos bancos
e consultorias apressaram-se em
dizer que a decisão estava correta.
Não houve turbulência no mercado de juros, que apenas se ajustaram ao novo nível da Selic -a taxa básica definida pelo Copom.
Nesta semana, as oscilações mais
fortes, se ocorrerem, serão na
quinta-feira, quando o BC divulgará a ata da reunião do Copom.
A ata esclarecerá os motivos da
decisão e é por meio dela que o
mercado avalia se está em sintonia com a avaliação da autoridade
monetária ou se são necessários
mais ajustes de posições.
Hoje, uma prévia do que pensam os analistas do mercado financeiro será divulgada também
pelo Banco Central. O relatório
Focus, liberado logo pela manhã,
traz as médias das expectativas do
mercado financeiro para uma série de indicadores -e elas já mostrarão o impacto da última decisão de política monetária.
Amanhã, o retrato do mercado
de crédito no mês passado poderá
mostrar o que tem acontecido
tanto com o volume de empréstimos como com as taxas cobradas
pelas instituições no mês passado.
A princípio, não deve haver queda, como mostrou avaliação da
consultoria Tendências publicada
pela Folha na semana passada. Os
dados fazem parte da Nota de Juros e Spread Bancário, também
divulgada pelo BC.
Na quinta-feira, além da ata do
Copom, ocorre também a reunião
do CMN (Conselho Monetário
Nacional) -órgão responsável
por medidas que, como o nível da
taxa de juros, também podem afetar o nível de atividade da economia. Não foram poucas as vezes,
por exemplo, em que o conselho
decidiu reduzir ou aumentar os
depósitos compulsórios, como
meio de compensar altas ou quedas menores do que o necessário
das taxas de juros. Na sexta-feira,
são divulgadas as contas do setor
público brasileiro.
Lá fora
Nos Estados Unidos, as atenções são todas para o petróleo.
Mais do que a inflação, o que
preocupa são os efeitos do preços
mais altos na confiança do consumidor, e portanto no consumo, e
no crescimento da economia.
Texto Anterior: Liderança do mês está ameaçada Próximo Texto: Indústria: Fiesp e Ciesp caminham para a separação Índice
|