São Paulo, segunda-feira, 25 de outubro de 2004

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CEF quer segurar recursos do FGTS

LUCIANO MARTINS COSTA
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Antes da criação das contas-investimento, os investidores eram clientes de uma instituição financeira. Agora, tornaram-se clientes do sistema financeiro. Esse raciocínio orienta a nova estratégia da Caixa Econômica Federal para aumentar sua competitividade.
Renato Borba, gerente nacional de captação da CEF, confirma que estão em gestação novos produtos destinados a reter investidores e alongar suas aplicações, mas não antecipa detalhes. Sabe-se, porém, que uma dessas alternativas será anunciada em janeiro e terá isenção total de Imposto de Renda sobre a rentabilidade.
A Caixa também prepara uma estratégia para se beneficiar do fato de ser a gestora dos recursos do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) e dos prêmios das loterias federais. O FGTS colocou no mercado, em 2003, um total líquido de R$ 25 bilhões, enquanto as loterias repassaram a apostadores R$ 1,015 bilhão de janeiro a setembro deste ano.
No caso das loterias federais, o que tem acontecido é a pulverização dos prêmios menores, de até R$ 1 milhão, com os ganhadores transferindo o valor para suas contas de primeiro relacionamento.
Para os prêmios maiores, a Caixa prepara uma cesta de aplicações e pode usar a mobilidade criada pela conta-investimento para convencer os novos milionários a manter ali mesmo seus valores até que estejam mais familiarizados com as possibilidades do mercado financeiro.

Megapoupanças
A tradicional caderneta de poupança, carro-chefe da Caixa Econômica Federal, também entra na nova estratégia da instituição.
Segundo Renato Borba, com a isenção total do Imposto de Renda sobre a rentabilidade e a devolução da CPMF incidente no saque, após 90 dias de aplicação, a poupança pode vir a se tornar mais competitiva com a nova tributação e a possível estabilidade da taxa de juros.
Detentora de 31% dos quase R$ 153 bilhões guardados em 25 milhões de contas-poupança, a CEF também cuida para evitar a migração em massa de poupadores para outras aplicações. Alguns clientes tradicionais, que mantêm valores de R$ 10 milhões ou mais em contas-poupança, são alvos potenciais de prospecção no mercado, por causa do esperado aumento de flexibilidade e transparência com as novas regras.
Mas, segundo Borba, eles deverão permanecer na poupança, até mesmo por hábitos conservadores. "Tem coisa que nunca muda, mas vamos nos prevenir", acrescenta. A Caixa Econômica Federal tem 2.099 agências e 31 milhões de clientes em todo o Brasil.


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