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MIGRAÇÃO
Analistas recomendam mudança imediata a quem tem aplicações que rendem pouco ou pagam taxas muito elevadas
Investidores perdem em "fundos micados"
DA REPORTAGEM LOCAL
A orientação geral dos analistas
de esperar até o ano que vem para
realocar suas aplicações não exclui mudanças pontuais. Se você
está em um fundo "micado"
-que registra rendimentos abaixo da média da categoria ou cobra
taxas de administração muito elevadas-, vale a pena migrar já,
mesmo pagando a CPMF exigida
para resgatar aplicações feitas até
o dia 30 de setembro.
Um levantamento feito pelo site
Fortuna com 40 fundos DI que
reúnem 1,127 milhão de cotistas
mostra que a grande maioria deles -926.104 pessoas- tem aplicações em fundos que cobram taxas entre 2,5% e 4,5% ao ano.
Esses investidores tiveram um
rendimento de 9% entre janeiro e
14 de outubro, quando poderiam
ganhar quase 12% se estivessem
pagando uma taxa de administração menor, de até 1,5% ao ano.
"Eles são fortes candidatos a mudar de aplicação e devem considerar que, mesmo pagando a CPMF
agora, terão a vantagem de poder
movimentar livremente o dinheiro daqui para a frente", observa o
analista Marcelo D'Agosto, diretor do site Fortuna.
No entanto, o volume de resgates nos fundos que têm as taxas
mais altas é baixo: na primeira
quinzena de outubro, o volume
de saques foi inferior a R$ 100 milhões (veja quadro acima).
Segundo Luiz Eduardo Mello,
diretor de investimentos da Fator
Corretora, a CPMF paga agora
para resgatar aplicações antigas
pode ser recuperada com o rendimento de quatro meses em um
fundo com taxa menos salgada e
rentabilidade maior.
"Mas é preciso olhar qual o risco
do outro produto, se é equivalente
ao da aplicação atual, e comparar
o rendimento mensal dos últimos
12 meses", lembra Reginaldo Carvalho, responsável pela conta-investimento do ABN Amro Real.
Por isso, analistas recomendam
a quem está em um fundo DI trocá-lo por outro da mesma categoria, inclusive aproveitando o momento de elevação da taxa de juros. "A partir do ano que vem,
com a mudança de cenário, o investidor deverá analisar todo seu
portfólio e ver se é o caso de realocar suas aplicações", diz Mello.
Será o momento, segundo ele,
de decidir se quer aplicar em um
fundo de curto ou de longo prazo,
se quer ir para CDBs ou comprar
títulos do governo federal no Tesouro Direto e analisar se o grau
de risco que está assumindo é
compatível com o retorno que
pretende obter com a aplicação.
Carência
Um fator inibidor da migração
de fundos perdedores, segundo
D'Agosto, é a carência dada pela
MP 206, uma das duas medidas
que estabeleceram a nova tributação das aplicações financeiras.
No futuro, ao resgatar os recursos que estavam aplicados até o
dia 30 de setembro, os investidores poderão computar os últimos
seis meses deste ano para calcular
a alíquota decrescente do Imposto de Renda que incidirá sobre os
ganhos de capital. "Se migrar agora, o investidor terá de abrir mão
dessa carência", alerta D'Agosto.
Entretanto, se o investidor tiver
um horizonte de longo prazo para
manter o dinheiro aplicado, valerá a pena migrar agora e buscar
uma aplicação mais rentável,
mesmo perdendo essa carência,
segundo ele. Nesse caso, é preciso
pedir o resgate da aplicação, pagar a CPMF e direcionar os recursos para a conta-investimento. A
partir dela, o investidor poderá fazer a nova alocação do dinheiro.
Os analistas, entretanto, dizem
que, uma vez feita a migração, o
investidor não deve ficar saltando
de galho em galho se houver oscilação no fundo que escolheu ou se
ele não se mostrar tão rentável como parecia. "A conta-investimento não deve ser usada para migração de curto prazo se a aplicação
não estiver rendendo como você
espera", diz Adolfo Daniel, diretor comercial do Bram (Bradesco
Asset Management).
Ele recomenda que o investidor
defina um prazo para manter a
aplicação, pois quando um gestor
compra um ativo para o fundo ele
também dá um prazo para obter o
retorno.
(SB)
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