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Após recorde, Vale prevê lucro menor no quarto trimestre
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
Um dia após surpreender o
mercado ao anunciar um lucro
recorde de US$ 12,4 bilhões no
terceiro trimestre, a Vale traçou ontem cenário sombrio para o fim do ano: resultados mais
modestos no último trimestre,
demanda mais fraca especialmente por causa da China e parada de produção em unidades.
Segundo o presidente da Vale, Roger Agnelli, a hora é de
"acalmar um pouco, colocar a
casa em ordem e se preparar
para 2009", depois dos resultados do terceiro trimestre, que
não se repetirão com a mesma
intensidade. "Teremos um
quatro trimestre que não deverá ser tão brilhante quanto foi o
terceiro", disse.
Agnelli afirmou que "a demanda certamente está mais
fraca" e que há "cortes de produção [de aço] em tudo quanto
é lado". "A Vale não está isolada
do contexto global. Isso poderá
ter impacto no volume vendido
no último trimestre do ano, até
porque não vamos vender a
qualquer preço."
Nessa fase de "arrumação",
diz, a Vale reduziu significativamente a produção de níquel
em duas unidades -uma na
China e outra na Indonésia. E
não descarta cortar a extração
de minérios em outros locais de
custos mais elevados.
Esse cenário menos amistoso, segundo Agnelli, foi detonado pelo "forte tranco" da economia da China, principal mercado da mineradora brasileira
-17% das vendas.
Segundo Agnelli, o crescimento chinês deve se desacelerar dos 12% ao ano para 7% a
9% em 2009. Para ele, alguns
setores serão ainda mais afetados, como o siderúrgico (principal comprador da Vale), que
anunciou cortes de produção.
No Brasil, diz, as grandes siderúrgicas ainda não reduziram a produção -a crise afetou
apenas as pequenas produtoras
de ferro-gusa de Minas Gerais,
Maranhão e Pará, também
clientes da Vale.
No caso chinês, afirma, existem "enormes estoques de minério de ferro que serão desovados com grande prejuízo." De
olho na demanda aquecida,
muitas empresas compraram
minério, que terão agora de
"vender a qualquer preço", segundo o executivo.
Agnelli disse que a Vale prefere, porém, deixar de vender
do que entregar seu minério
barato. "Mesmo que no curto
prazo o mercado se enfraqueça
um pouco, nós temos saúde, fôlego e músculos para poder
passar essa fase com muita
tranqüilidade e ficarmos mais
fortes no final dessa crise."
Investimentos
Para tocar o plano de investimento de US$ 14,2 bilhões, a
Vale tem disponível linhas de
crédito aprovadas de US$ 27 bilhões, além de US$ 15,3 bilhões
em recursos em caixa.
Tal situação, diz Agnelli, permite tocar projetos de expansão e, se necessário, financiar
até a compra de empresas.
"Aquisições são questão de
oportunidade. Não é a nossa
prioridade, mas a Vale está
pronta até para isso."
Entre os principais projetos
da companhia para 2009, Agnelli citou as minas de carão de
Moatize (Moçambique), de ferro de Serra Sul e a de cobre de
Salobo (ambas no Pará).
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