São Paulo, sábado, 25 de outubro de 2008

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Conselho entrega a Lula proposta de criação de fundo de R$ 10 bi para infra-estrutura

EDUARDO SCOLESE
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Em encontro reservado ontem no Palácio do Planalto, o Comitê Gestor do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, órgão consultivo da Presidência da República, apresentou ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva propostas para amenizar no país a atual crise internacional. Entre elas, a criação de um fundo de R$ 10 bilhões para injetar crédito em obras de infra-estrutura -valor praticamente igual à verba de R$ 10,6 bilhões destinada ao programa Bolsa Família.
Os integrantes do conselho também sugeriram ao presidente o uso mais forte de mecanismos oficiais para intervir no câmbio, como a injeção de recursos do Banco Central, e relataram o desejo de que a taxa básica de juros não seja elevada numa próxima reunião do Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central, marcada para os dias 28 e 29.
Entre outros integrantes do comitê, participaram do encontro o ex-governador Germano Rigotto (PMDB-RS), o empresário Antoninho Trevisan, o sindicalista José Feijó e o presidente da Abdib (Associação Brasileira da Infra-Estrutura e Indústrias de Base), Paulo Godoy. Segundo eles, ao ouvir as propostas, o presidente disse que os bancos estão reticentes para a liberação de crédito por causa do clima de incerteza da crise e que "o crédito é o oxigênio da economia que não pode faltar". Ainda de acordo com os participantes, Lula não comentou o pedido sobre a manutenção ou queda da taxa de juros e disse que o Banco do Brasil está disposto a atuar no financiamento de automóveis, em planos de até 36 parcelas.
Foi o presidente da Abdib que apresentou a Lula a sugestão de criar um fundo temporário, no valor de R$ 10 bilhões, "que pudesse apoiar os projetos de infra-estrutura que estão em andamento". O fundo seria gerido pelo BNDES e pela Caixa Econômica Federal, com recursos também de fundos de pensão e dos bancos.
"O que precisamos é restabelecer um crédito complementar que auxilie a estrutura de financiamento de longo prazo", disse Godoy. "É uma passagem que pode atenuar a crise de liquidez." Lula disse a eles que a proposta do fundo será analisada pela equipe econômica.
Sobre o câmbio, a idéia do conselho é que o governo mantenha o sistema flutuante, mas que as constantes oscilações da moeda norte-americana, que desestabilizam empresas, por exemplo, sejam evitadas.
"Mantendo a política de câmbio flutuante, mas com uma ação forte do governo para evitar que essa flutuação gere intranqüilidade. Garantir que não tenha a volatilidade que está tendo agora", disse Rigotto.


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