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Conselho entrega a Lula proposta de criação de fundo de R$ 10 bi para infra-estrutura
EDUARDO SCOLESE
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Em encontro reservado ontem no Palácio do Planalto, o
Comitê Gestor do Conselho de
Desenvolvimento Econômico e
Social, órgão consultivo da Presidência da República, apresentou ao presidente Luiz Inácio
Lula da Silva propostas para
amenizar no país a atual crise
internacional. Entre elas, a
criação de um fundo de R$ 10
bilhões para injetar crédito em
obras de infra-estrutura -valor
praticamente igual à verba de
R$ 10,6 bilhões destinada ao
programa Bolsa Família.
Os integrantes do conselho
também sugeriram ao presidente o uso mais forte de mecanismos oficiais para intervir no
câmbio, como a injeção de recursos do Banco Central, e relataram o desejo de que a taxa básica de juros não seja elevada
numa próxima reunião do Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central, marcada para os dias 28 e 29.
Entre outros integrantes do
comitê, participaram do encontro o ex-governador Germano Rigotto (PMDB-RS), o
empresário Antoninho Trevisan, o sindicalista José Feijó e o
presidente da Abdib (Associação Brasileira da Infra-Estrutura e Indústrias de Base), Paulo Godoy. Segundo eles, ao ouvir as propostas, o presidente
disse que os bancos estão reticentes para a liberação de crédito por causa do clima de incerteza da crise e que "o crédito
é o oxigênio da economia que
não pode faltar". Ainda de acordo com os participantes, Lula
não comentou o pedido sobre a
manutenção ou queda da taxa
de juros e disse que o Banco do
Brasil está disposto a atuar no
financiamento de automóveis,
em planos de até 36 parcelas.
Foi o presidente da Abdib
que apresentou a Lula a sugestão de criar um fundo temporário, no valor de R$ 10 bilhões,
"que pudesse apoiar os projetos
de infra-estrutura que estão em
andamento". O fundo seria gerido pelo BNDES e pela Caixa
Econômica Federal, com recursos também de fundos de
pensão e dos bancos.
"O que precisamos é restabelecer um crédito complementar que auxilie a estrutura de financiamento de longo prazo",
disse Godoy. "É uma passagem
que pode atenuar a crise de liquidez." Lula disse a eles que a
proposta do fundo será analisada pela equipe econômica.
Sobre o câmbio, a idéia do
conselho é que o governo mantenha o sistema flutuante, mas
que as constantes oscilações da
moeda norte-americana, que
desestabilizam empresas, por
exemplo, sejam evitadas.
"Mantendo a política de
câmbio flutuante, mas com
uma ação forte do governo para
evitar que essa flutuação gere
intranqüilidade. Garantir que
não tenha a volatilidade que está tendo agora", disse Rigotto.
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