São Paulo, sábado, 25 de outubro de 2008

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Europa e Ásia querem ação coordenada e novo papel para o FMI na ajuda a países

RAUL JUSTE LORES
DE PEQUIM

Líderes europeus e asiáticos pediram ontem uma resposta coordenada global à crise dos mercados financeiros e um papel crítico ao FMI para ajudar os países mais afetados.
Reunidos na bienal Cúpula Ásia-Europa, em Pequim, líderes de 43 países querem que sejam refeitas regras para supervisionar a economia global além de papel de liderança para instituições financeiras internacionais.
O presidente chinês, Hu Jintao, disse que a crise financeira global aumentou "as incertezas e os fatores para instabilidade no desenvolvimento econômico da China".
Para quem tem pedido um papel mais atuante da China no resgate dos mercados, Hu se desviou da pressão. "O crescimento forte da China já é uma grande contribuição à estabilidade financeira e ao desenvolvimento globais", discursou.
"A primeira coisa e o melhor que a China pode fazer é cuidar bem de seus próprios negócios", afirmou o líder chinês.
A China fez "esforços ativos no melhor de sua habilidade para reduzir a crise", afirmou Hu, dizendo que o governo expandirá vigorosamente a demanda doméstica.
A cúpula pretende criar consenso entre europeus e asiáticos em como responder à crise antes do encontro das 20 maiores economias em Washington, nos EUA.
Países como Hungria, Islândia, Paquistão e Ucrânia já pediram ajuda ao FMI para diminuir suas limitações de crédito.
O presidente francês, Nicolas Sarkozy, disse que quer aproveitar a cúpula para convencer os países asiáticos a apoiar um plano para redesenhar "o capitalismo internacional e criar um sistema global de regulamentação".
"É simples, nadamos juntos ou nos afundamos juntos", disse o presidente da Comissão Européia, o português José Manoel Barroso.
O primeiro-ministro japonês, Taro Aso, também apoiou maiores poderes para o FMI.

Fundo de proteção
Japão, China e Coréia do Sul e outros dez países da Associação de Nações do Sudeste Asiático (Asean) se comprometeram a criar um fundo de emergência de US$ 80 bilhões
As três maiores economias contribuirão com 80% do fundo, a ser lançado em junho.
Os outros integrantes da Asean são Vietnã, Tailândia, Filipinas, Indonésia, Cingapura, Mianmar, Camboja, Laos e Brunei.
O acordo permitiria que países tenham empréstimos quando sofram falta de crédito. A presidente filipina, Gloria Arroyo, disse que a China deveria ter papel preponderante na "proteção" dos países do Sudeste Asiático.
"A situação econômica do mundo é complicada", disse o presidente chinês. "Os mercados emergentes e os países desenvolvidos são confrontados com riscos financeiros, demanda externa em queda e inflação que cresce", afirmou o líder Hu Jintao.
O PIB chinês, o único de uma grande economia do mundo que vai crescer mais de 9% neste ano, deve ter aumento de menos de 8% em 2009. Será o pior índice em oito anos.


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