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São Paulo, terça-feira, 25 de novembro de 2003

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COMUNICAÇÃO

Presidente do banco diz que eventual ajuda a empresas do setor teria como objetivo "destravá-lo" para o crescimento

Setor de mídia foi à UTI do BNDES, diz Lessa

DA SUCURSAL DO RIO

O presidente do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), Carlos Lessa, disse ontem que a indústria de comunicação foi "toda para a UTI [Unidade de Tratamento Intensivo"" do banco estatal.
A declaração foi feita durante palestra, na Firjan (Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro), na qual ele expôs os planos do BNDES para 2004 e respondeu às críticas que tem recebido por supostamente estar transformando o BNDES em um "hospital" de empresas em dificuldades.
Ao dizer que há muitos setores da economia do país que precisam primeiro serem saneados para depois poderem aproveitar "o espetáculo do crescimento", Lessa usou a mídia como exemplo.
Segundo ele, "as empresas de comunicação no Brasil, em situações diferenciadas, estão, todas elas, sem condições de aproveitar o espetáculo do crescimento".
Para Lessa, são três as dificuldades do setor: dívidas em dólar, queda da receita publicitária devido à crise econômica e "frustração" com os investimentos na área das "tecnologias do futuro".
Lessa disse que o BNDES está avaliando a situação da mídia, mas que o objetivo de uma eventual ajuda não será o crescimento induzido do setor, mas sim seu "destravamento", para que possa voltar a expandir de forma sustentável.
Em outubro, dirigentes das três principais entidades empresariais da área de comunicação do país -Abert (Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão), ANJ (Associação Nacional de Jornais) e Aner (Associação Nacional de Editores de Revistas)- apresentaram ao BNDES estudos nos quais analisam a situação geral do setor e sugerem que ele tenha acesso a programas de apoio do banco oficial, como o de "equacionamento financeiro das empresas" e os financiamentos normais para investimentos.
Lessa disse que, como esses estudo são públicos, poderia comentá-los sem violar o segredo da operação. "Posso falar com muita tranquilidade, porque não é segredo bancário, porque suas lideranças [as da mídia" me procuraram, fizeram uma exposição pública", disse ele.
O presidente do BNDES afirmou ter usado o termo "hospital" em relação ao papel do banco justamente em alusão a ajustes como o que se estuda fazer com a mídia. E sugeriu que tem sido criticado justamente pela mídia pelo uso desse termo.
"É curioso que a indústria de comunicação veio toda para a UTI do BNDES, em bloco. Aliás, se apresentou toda no mesmo momento, e juntinha. Com a liderança da imprensa escrita, da imprensa televisiva, das revistas e também das rádios. Tudo, em bloco."
Lessa mencionou a importância da indústria de comunicação e acrescentou que, em 2004, o BNDES terá que fazer um programa para "importante segmentos industriais", entre eles o de comunicação.
"Se chamamos isso um ato de hospitalização ou não, é um problema de figura de linguagem. Como eu já apanhei muito por ter usado a palavra hospital, não uso mais. Na verdade, usei achando que era uma instituição necessária, não simpática, porém necessária. Aliás, o interessante é que a indústria de comunicação, toda, veio pedir hospitalização", afirmou ele.


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