|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Gasto dos EUA com pacotes chega a um terço do PIB
Total investido ou comprometido em operações de resgate bate em US$ 4,6 tri
Valor equivale a mais que o
dobro do que o país gastou
com a Segunda Guerra
Mundial e a quase a metade
da dívida pública americana
DE WASHINGTON
Hoje, o presidente eleito Barack Obama convoca nova entrevista coletiva para adiantar
as linhas gerais de seu orçamento para 2009/2010. O democrata tem razão em correr
com os cálculos. A continuar no
ritmo atual de gastos, o governo
Bush deixará pouca margem de
manobra para seu sucessor.
Segundo levantamento do site da emissora financeira de TV
paga CNBC, o total de dinheiro
público gasto ou comprometido até agora com as operações-resgate nos EUA bate os US$
4,6 trilhões, incluídos os US$
326 bilhões de ontem. O total é
exatamente um terço do PIB
americano (as riquezas produzidas pelo país num ano).
É mais do que o dobro do que
país gastou com a Segunda
Guerra Mundial (US$ 2 trilhões em dólares ajustados),
quase metade da dívida pública
norte-americana (US$ 10,6 trilhões), pouco menos de dez vezes o total gasto na Guerra do
Iraque até agora (US$ 600 bilhões). E deve vir mais por aí.
Ontem, Bush não descartou
novos resgates como o feito ao
Citigroup. Ontem, também,
Obama confirmou que sua primeira medida no poder, no dia
20 de janeiro, será assinar um
pacote de estímulo fiscal que os
líderes democratas no Congresso prometem mandar para
sua mesa já na posse.
O plano, que começou com
US$ 175 bilhões em medidas de
auxílio à classe média, extensão
de benefícios a desempregados
e ajuda a governos estaduais e
municipais, aumenta a cada
dia. Ontem, já era apontado por
senadores como de US$ 700 bilhões -seria a resposta populista, na mesma grandeza, ao
pacote aprovado a contragosto
pelos democratas para resgate
do setor financeiro
Nas circunstâncias atuais, o
gasto público não é necessariamente ruim. Historiadores como Ron Chernow indicam a
mão fechada do governo de
Herbert Hoover (1929-1933)
como um dos motivos que levaram à Depressão herdada por
seu sucessor, Franklin Delano
Roosevelt (1933-1945).
Em reunião de cem CEOs na
semana passada, os executivos
mais graduados das principais
empresas do país colocaram
um pacote de estímulo fiscal no
topo das prioridades de Obama.
Mesmo os outrora bastiões
do controle de gastos públicos,
como o Fundo Monetário Internacional (FMI), que passaram os anos 90 pregando a países da América Latina e da Ásia
o catecismo do orçamento
equilibrado e da responsabilidade fiscal, agora dizem que o
momento é de gastar.
Nos cálculos do diretor-gerente do Fundo, o francês Dominique Strauss-Kahn, o mundo deveria implantar um pacote de estímulo fiscal gigantesco
equivalente a 2% do PIB mundial. Considerando os números
do "World Factbook" da CIA, a
agência de inteligência norte-americana, o preço para sair do
buraco é perto de US$ 8 trilhões -ou cerca de 5,7 "Brasis".
(SÉRGIO DÁVILA)
LEIA MAIS em Mundo
Texto Anterior: Benjamin Steinbruch: O gosto do cliente Próximo Texto: Artigo: Nova crise escancara falha na fiscalização Índice
|