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País está entre os que mais dão incentivo a montadoras
Governo já gastou US$ 3,3 bi com redução de impostos, aponta OCDE
Entidade diz que programas estatais apenas antecipam compra futura de veículos e que fim de incentivos deve resultar em queda de vendas
DA REDAÇÃO
Antes mesmo do anúncio de
ontem, o Brasil já aparecia entre os países que mais concederam ajuda ao setor automotivo,
superando até mesmo os Estados Unidos (sem contar, porém, a ajuda de dezenas de bilhões de dólares do governo
americano a GM e Chrysler),
segundo levantamento da
OCDE (Organização para a
Cooperação e o Desenvolvimento Econômico).
Pelos cálculos do organismo
que reúne 30 das maiores economias globais, o desconto no
IPI (Imposto Sobre Produtos
Industrializados) de carros e
caminhões, além da redução de
impostos na produção e no financiamento de motos, teve
um custo para o governo brasileiro de US$ 3,3 bilhões.
Já os EUA, sede de algumas
das maiores montadoras do
planeta e -até o ano passado,
pelo menos- donos do maior
mercado mundial, usaram US$
3 bilhões no programa de troca
de carros antigos por outros
que consumissem menos combustível: o chamado "Dinheiro
por Sucata". No entanto, o cálculo não leva em conta os US$
50 bilhões concedidos para a
GM nem os US$ 7 bilhões para
a Chrysler -o governo dos
EUA é hoje importante acionista das duas montadoras.
Mesmo a China, que caminha para destronar os EUA do
posto de maior mercado global,
gastou menos em ajuda: foram
9 bilhões de yuan, ou cerca de
US$ 1,3 bilhão, sempre de acordo com a OCDE. Nos dez primeiros meses deste ano, foram
comercializados 10,9 milhões
de veículos na China, ante 8,6
milhões nos Estados Unidos.
Em termos nominais, os valores da ajuda brasileira só ficaram atrás dos programas dos
governos da Austrália, do Japão
e da Alemanha (o mais caro deles é o japonês, avaliado em
US$ 7,5 bilhões). Só que, especialmente nos dois primeiros
casos, o enfoque da ajuda foi na
produção de veículos menos
poluentes. Porém, a OCDE
alerta de que a maior parte dos
programas de troca de carros
não parece ser "instrumento
rentável" na redução dos gases
de efeito estufa.
A entidade afirma ainda que
o fim dos subsídios concedidos
pelos diversos governos para o
setor automotivo deve provocar uma queda nas vendas de
carros em vários desses países.
A explicação é que esses programas de ajuda apenas antecipam uma compra futura, estimulando um aumento nas vendas no curto prazo.
"Na medida em que esses
programas são temporários e
consistem, em sua maioria, na
antecipação de compras futuras, o crescimento nas vendas
deve ser revertido depois que
esses esquemas acabarem",
disse a OCDE em documento
publicado na semana passada.
(ÁLVARO FAGUNDES)
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