São Paulo, quarta-feira, 25 de novembro de 2009

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País está entre os que mais dão incentivo a montadoras

Governo já gastou US$ 3,3 bi com redução de impostos, aponta OCDE

Entidade diz que programas estatais apenas antecipam compra futura de veículos e que fim de incentivos deve resultar em queda de vendas

DA REDAÇÃO

Antes mesmo do anúncio de ontem, o Brasil já aparecia entre os países que mais concederam ajuda ao setor automotivo, superando até mesmo os Estados Unidos (sem contar, porém, a ajuda de dezenas de bilhões de dólares do governo americano a GM e Chrysler), segundo levantamento da OCDE (Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico).
Pelos cálculos do organismo que reúne 30 das maiores economias globais, o desconto no IPI (Imposto Sobre Produtos Industrializados) de carros e caminhões, além da redução de impostos na produção e no financiamento de motos, teve um custo para o governo brasileiro de US$ 3,3 bilhões.
Já os EUA, sede de algumas das maiores montadoras do planeta e -até o ano passado, pelo menos- donos do maior mercado mundial, usaram US$ 3 bilhões no programa de troca de carros antigos por outros que consumissem menos combustível: o chamado "Dinheiro por Sucata". No entanto, o cálculo não leva em conta os US$ 50 bilhões concedidos para a GM nem os US$ 7 bilhões para a Chrysler -o governo dos EUA é hoje importante acionista das duas montadoras.
Mesmo a China, que caminha para destronar os EUA do posto de maior mercado global, gastou menos em ajuda: foram 9 bilhões de yuan, ou cerca de US$ 1,3 bilhão, sempre de acordo com a OCDE. Nos dez primeiros meses deste ano, foram comercializados 10,9 milhões de veículos na China, ante 8,6 milhões nos Estados Unidos.
Em termos nominais, os valores da ajuda brasileira só ficaram atrás dos programas dos governos da Austrália, do Japão e da Alemanha (o mais caro deles é o japonês, avaliado em US$ 7,5 bilhões). Só que, especialmente nos dois primeiros casos, o enfoque da ajuda foi na produção de veículos menos poluentes. Porém, a OCDE alerta de que a maior parte dos programas de troca de carros não parece ser "instrumento rentável" na redução dos gases de efeito estufa.
A entidade afirma ainda que o fim dos subsídios concedidos pelos diversos governos para o setor automotivo deve provocar uma queda nas vendas de carros em vários desses países. A explicação é que esses programas de ajuda apenas antecipam uma compra futura, estimulando um aumento nas vendas no curto prazo.
"Na medida em que esses programas são temporários e consistem, em sua maioria, na antecipação de compras futuras, o crescimento nas vendas deve ser revertido depois que esses esquemas acabarem", disse a OCDE em documento publicado na semana passada.
(ÁLVARO FAGUNDES)


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