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NOVO ANO
Alta nas vendas em 2006 deve ser impulsionada por melhora na renda e no emprego, esperam vários setores
Empresas apostam na demanda interna
ADRIANA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Setores da economia que apanharam em 2005 com resultados
medíocres ou discretos acreditam
numa possibilidade de desempenho melhor no próximo ano. Ao
mesmo tempo, os que já tiveram
um bom ano crêem num repeteco. Baseiam-se nas perspectivas
de melhora na renda, no emprego
formal e na recuperação do dólar.
A Folha ouviu na última semana setores como siderurgia, alimentos, bens de capital, eletrônicos e automóveis. Há um fator em
comum entre os diferentes segmentos: a maioria deve ser favorecida, em boa parte, pela demanda interna, como as empresas de
siderurgia e automóveis -que
esperam uma menor velocidade
de crescimento nas exportações.
Há uma expectativa de desempenho mais tímido para as exportações em 2006, decorrente de fatores como elevação do dólar,
queda do preço das commodities,
demanda externa menor e barreiras sanitárias externas.
Para o setor siderúrgico, as empresas trabalham com estimativa
de alta de 8,5% no consumo aparente (demanda interna, incluindo importações), o que dá um volume próximo de 18,3 milhões de
toneladas de produtos no ano que
vem, informa o IBS (Instituto
Brasileiro de Siderurgia). Para a
produção, calcula-se uma alta de
4,1% para o próximo ano. Quanto
às exportações, a previsão é de 13
milhões de toneladas -uma alta
de 4% a 5% no volume embarcado sobre 2005.
A produção e as vendas de veículos continuarão a crescer em
2006. As projeções, no entanto,
são cautelosas em relação às exportações. A Anfavea (Associação
Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores) estima um
aumento de 7,1% nas vendas ao
mercado interno, atingindo 1,8
milhão de unidades, e de 4,5% na
exportação, que deve alcançar
2,55 milhões de unidades. Nas
máquinas agrícolas, a alta será de
16,4%, atingindo 27 mil unidades.
Já quanto à demanda externa, a
preocupação está na disputa pelo
mercado mundial, diz Rogério
Golfarb, presidente da Anfavea. O
executivo disse que existe uma capacidade ociosa na indústria
mundial e que isso tende a afetar
os ganhos do setor no Brasil porque há oferta superior à demanda.
Segundo cálculos da PriceWaterhouse, a indústria mundial tem
uma capacidade instalada de produção de 77 milhões de unidades.
A produção, no entanto, não tem
ultrapassado 60 milhões ao ano.
Para os fabricantes de máquinas
e equipamentos, houve um esfriamento na produção principalmente a partir do segundo semestre de 2005, com a queda do dólar,
e há riscos para 2006. As exportações cresceram 29,3% de janeiro a
outubro em relação a 2004, mas
vêm caindo mês a mês, diz Newton de Mello, presidente da Abimaq (Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos). "As estimativas apontam para um aumento de 19% de
faturamento e de 24% nas exportações até o final de 2005", diz.
Os segmentos fizeram projeções com base na estimativa de
variação cambial e na renda e expansão da economia.
Altamente dependente de crédito, o setor de eletroeletrônicos foi
o destaque de 2005 e deve manter
bons patamares de venda para
2006. Com foco nas vendas para o
mercado interno, o segmento registrou alta de quase 15% nas vendas neste ano e bateu o recorde de
televisores comercializados em
2005. Foram 9 milhões de unidades e é esperado um número próximo disso em 2006.
O momento de renovação da
frota antiga de TVs -a última
grande venda aconteceu há dez
anos- e a manutenção das linhas
de crédito em 24 parcelas com a
possibilidade de taxas juros mais
baixas devem aquecer o mercado
doméstico.
O principal empecilho para essa
expansão de setores voltados para
a demanda interna é o risco de
uma alta no calote, fruto da expansão das vendas parceladas em
2005. Além disso, um crescimento muito discreto na renda -até
setembro o rendimento real do
brasileiro cresceu cerca de 2%- e
um repique na taxa básica de juros, em ano eleitoral, também podem atrapalhar o sonho de crescimento desses segmentos.
O efeito mais nocivo de um
eventual tropeço na renda poderá
ser sentido nos alimentos. O consumidor usa ganhos reais de salário para reforçar a despensa de casa. A utilização do crediário, nesse
caso, é praticamente inexistente.
Por conta disso, para 2005, a
Abia (Associação Brasileira das
Indústrias da Alimentação) prevê
alta tímida, de 3,5% a 4%, nas
vendas reais. Na análise do próximo ano, estimam-se taxas próximas a isso -ou seja, a menor velocidade de crescimento entre os
setores analisados.
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