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Executivos de bancos com prejuízos bilionários marcam presença em Davos
MARIA CRISTINA FRIAS
ENVIADA ESPECIAL A DAVOS
Com a anunciada recessão
nos Estados Unidos batendo à
porta, as Bolsas despencando e
um grande banco francês que
passa por apuros por causa de
fraude bilionária, destaca-se na
estação de esqui suíça a presença de muitos dos presidentes
das principais instituições financeiras globais.
Enquanto os mercados financeiros globais embarcavam
numa montanha-russa nesta
semana, a Folha contou 11 executivos top, entre eles, os presidentes do Citigroup, Goldman
Sachs, JP Morgan Chase e
Morgan Stanley.
Muitos dos bancos representados no Fórum registraram
fortes perdas em seus balanços
recentes, como o Citigroup,
que perdeu quase US$ 10 bilhões no último trimestre. Especula-se em Davos que mais
prejuízos ainda podem ser
anunciados.
Como esses executivos ficam
nas montanhas nevadas enquanto seus acionistas e clientes se desesperam?
A explicação, segundo um
executivo de banco que não
quis se identificar, é que Davos
é uma vitrine especial. "É aqui
estão muitos dos clientes importantes dos bancos."
O presidente do francês Société Générale, que sofreu a
fraude de mais de US$ 7 bilhões, no entanto, não veio.
Pelos corredores do congresso, executivos do mercado atribuíram à perda do Société o
chacoalho dos mercados no
início da semana.
Não houve cancelamento de
nenhum grande executivo da
área de fundos de hedge, o que
poderia se esperar, segundo
um dos membros da organização do Fórum. Armínio Fraga,
ex-presidente do Banco Central brasileiro, que participaria
de um dos painéis, porém, cancelou sua presença.
Esvaziamento
O Fórum Econômico Mundial só acaba no domingo, mas o
clima de ontem em Davos, na
Suíça, já era de um certo esvaziamento precoce, diferentemente de anos anteriores.
Apesar de ainda haver muita
gente importante nos painéis e
nos corredores, os lugares nos
auditórios já não eram mais tão
disputados quanto foram desde
quarta-feira passada, quando
começou a reunião anual na estação de esqui suíça.
Uma hipótese é que, diante
de tanta incerteza, os gurus de
Davos cansaram-se de arriscar
previsões e de dizer que o melhor é esperar pelos próximos
meses e por novos resultados
do setor financeiro.
Para alguns participantes,
não foi fácil enfrentar debates e
platéias. Caso de Raymond
McDaniel Jr., presidente da
agência de classificação de risco norte-americana Moody's.
Ele chegou a ser cumprimentado, e aplaudido, por ter comparecido ao fogo cerrado de críticas sobre as agências que referendaram operações de altíssimo risco.
Embora não se possa definir
o tamanho do rombo, para muitos participantes do Fórum, especialmente aqueles do setor
produtivo, a crise não deverá
ser longa, embora intensa -como se viu nos últimos dias.
Muitos participantes do Fórum, ao que parece, nem quiseram esfriar a cabeça esquiando
pelas montanhas.
Em pelo menos dois hotéis
mais centrais, disputadíssimos
durante a semana do Fórum, já
se começam a encontrar vagas
que normalmente só surgiriam
no sábado.
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