São Paulo, sábado, 26 de janeiro de 2008

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Executivos de bancos com prejuízos bilionários marcam presença em Davos

MARIA CRISTINA FRIAS
ENVIADA ESPECIAL A DAVOS

Com a anunciada recessão nos Estados Unidos batendo à porta, as Bolsas despencando e um grande banco francês que passa por apuros por causa de fraude bilionária, destaca-se na estação de esqui suíça a presença de muitos dos presidentes das principais instituições financeiras globais.
Enquanto os mercados financeiros globais embarcavam numa montanha-russa nesta semana, a Folha contou 11 executivos top, entre eles, os presidentes do Citigroup, Goldman Sachs, JP Morgan Chase e Morgan Stanley.
Muitos dos bancos representados no Fórum registraram fortes perdas em seus balanços recentes, como o Citigroup, que perdeu quase US$ 10 bilhões no último trimestre. Especula-se em Davos que mais prejuízos ainda podem ser anunciados.
Como esses executivos ficam nas montanhas nevadas enquanto seus acionistas e clientes se desesperam?
A explicação, segundo um executivo de banco que não quis se identificar, é que Davos é uma vitrine especial. "É aqui estão muitos dos clientes importantes dos bancos."
O presidente do francês Société Générale, que sofreu a fraude de mais de US$ 7 bilhões, no entanto, não veio.
Pelos corredores do congresso, executivos do mercado atribuíram à perda do Société o chacoalho dos mercados no início da semana.
Não houve cancelamento de nenhum grande executivo da área de fundos de hedge, o que poderia se esperar, segundo um dos membros da organização do Fórum. Armínio Fraga, ex-presidente do Banco Central brasileiro, que participaria de um dos painéis, porém, cancelou sua presença.

Esvaziamento
O Fórum Econômico Mundial só acaba no domingo, mas o clima de ontem em Davos, na Suíça, já era de um certo esvaziamento precoce, diferentemente de anos anteriores.
Apesar de ainda haver muita gente importante nos painéis e nos corredores, os lugares nos auditórios já não eram mais tão disputados quanto foram desde quarta-feira passada, quando começou a reunião anual na estação de esqui suíça.
Uma hipótese é que, diante de tanta incerteza, os gurus de Davos cansaram-se de arriscar previsões e de dizer que o melhor é esperar pelos próximos meses e por novos resultados do setor financeiro.
Para alguns participantes, não foi fácil enfrentar debates e platéias. Caso de Raymond McDaniel Jr., presidente da agência de classificação de risco norte-americana Moody's. Ele chegou a ser cumprimentado, e aplaudido, por ter comparecido ao fogo cerrado de críticas sobre as agências que referendaram operações de altíssimo risco.
Embora não se possa definir o tamanho do rombo, para muitos participantes do Fórum, especialmente aqueles do setor produtivo, a crise não deverá ser longa, embora intensa -como se viu nos últimos dias.
Muitos participantes do Fórum, ao que parece, nem quiseram esfriar a cabeça esquiando pelas montanhas.
Em pelo menos dois hotéis mais centrais, disputadíssimos durante a semana do Fórum, já se começam a encontrar vagas que normalmente só surgiriam no sábado.


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