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GUERRA À VISTA
Embarques marítimos para o Japão já custam 55,5% mais e para a Europa, mais 50%; produtos ficam retidos
Conflito iminente eleva frete para exportação
GUILHERME BARROS
EDITOR DO PAINEL S.A.
A ameaça de guerra entre Estados Unidos e Iraque já começa a
prejudicar as exportações brasileiras. O preço do frete marítimo
deu um grande salto nas últimas
semanas e atrasou o embarque de
várias encomendas de commodities do Brasil.
Segundo a Folha apurou, há
cerca de um mês o frete marítimo
para o Japão custava US$ 9 por tonelada. Devido à ameaça de guerra, subiu para US$ 14 (mais
55,5%). Para a Europa, o frete pulou de US$ 6 para US$ 9 por tonelada (mais 50%).
O empresário Antônio Ermírio
de Moraes, presidente do grupo
Votorantim, afirmou que a CBA
(Companhia Brasileira de Alumínio) já deixou de exportar, nos últimos dias, US$ 10 milhões em
alumínio devido ao aumento do
frete. "Nossos clientes dizem que
não vão mais comprar os produtos com o atual preço do frete",
disse Ermírio.
A CBA tinha um embarque previsto de 8.000 toneladas de alumínio no último dia 21, pelo porto de
Santos, mas só foram embarcadas
2.000 toneladas. As 6.000 toneladas restantes estão nos armazéns
portuários.
Ermírio disse que os contratos
não chegaram a ser cancelados.
Os importadores apenas não contrataram os navios para embarcar
os produtos e a justificativa foi o
aumento do preço do frete. Nas
transações comerciais, esses custos são de responsabilidade dos
importadores.
De acordo com o que a Folha
apurou, são vários os motivos que
levaram ao aumento do preço do
frete. Em primeiro lugar, com a
ameaça de guerra, aumenta o preço dos seguros marítimos, o que
faz com que os fretes subam naturalmente. Na Guerra do Golfo
Pérsico, em 91, vários navios ficaram retidos na região do conflito.
Além disso, há uma procura
muito grande por parte dos Estados Unidos por navios para atender os cerca de 150 mil soldados
que estão no Golfo, o que também
ajuda a encarecer o preço dos fretes.
"O aumento do preço do frete
será inevitável", diz Fernando
Vianna, presidente da Codesp
(Companhia Docas do Estado de
São Paulo), que administra o porto de Santos.
De acordo com Vianna, em janeiro, os números registrados pelo porto ainda não mostram os reflexos dessa queda na exportação
que começa a ser sentida por algumas empresas por conta do aumento do preço do frete marítimo.
Com 3,6 milhões de toneladas
movimentadas pelo porto de Santos, janeiro registrou crescimento
de 6,61% em relação ao mesmo
mês do ano passado.
De acordo com José Manoel da
Silva, presidente da Transkem,
uma das maiores operadoras de
carga do porto de Santos, esse
movimento de queda no embarque começou a ocorrer somente
há duas semanas. Nesse período,
segundo ele, cerca de dez navios,
de diversas regiões do planeta,
deixaram de atracar em Santos.
Para alguns especialistas ouvidos pela Folha, o aumento no
preço do frete pode ser um dos
motivos para a queda na média
diária das exportações pela segunda semana consecutiva.
Segundo números divulgados
pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior na segunda-feira, a média
diária das exportações ficou em
US$ 239 milhões na semana passada, com redução de 5,7% em relação à semana anterior.
De acordo com o ministério, essa queda se concentrou em celulose, açúcar e alumínio. Mesmo
assim, no ano, o superávit da balança comercial já atingiu US$
2,079 bilhões.
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