São Paulo, quarta-feira, 26 de abril de 2006

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RECEITA ORTODOXA

Analistas descartam risco de revés na política econômica

Meirelles diz que meta de ajuste fiscal será cumprida

LEILA SUWWAN
DE NOVA YORK

Apesar das eleições e de sérias dúvidas sobre qual poderá ser o caminho para o crescimento aliado ao rigor fiscal, o Brasil ficou relativamente imune aos preocupantes sinais de populismo nos novos governos da América Latina, segundo análise de investidores estrangeiros ontem em Nova York na conferência anual da Fitch Ratings, uma das principais agências de risco do mundo.
Porém o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, que fez o principal discurso do dia, acabou questionado por Roger Scher, diretor da Fitch, sobre a redução de despesas do governo e as projeções otimistas de crescimento do país.
Evasivo, insistiu na tecla de que o governo pretende e irá cumprir a meta mínima de 4,25% de superávit primário (economia para o pagamento de juros), conforme reiterado pelo ministro Guido Mantega (Fazenda) nos últimos dias nos EUA. Do Orçamento, limitou-se a dizer que "há algum espaço" para manobra do governo. Lembrou que o cenário é muito mais favorável que o de 2002, na última corrida presidencial. Sobre o tema perene da independência do BC, disse que ela existe no nível "operacional".
A relativa tranqüilidade sobre o Brasil ficou evidente nas discussões sobre países vizinhos, como Bolívia e Peru, onde investidores temem um revés nas políticas econômicas, com chances de nacionalismo e centralização. Hoje, o Peru tem nota de risco da dívida soberana um degrau acima da do Brasil, mas há temores sobre Ollanta Humala, candidato favorito nas eleições do vizinho.
Há consenso de que esse risco não chega ao Brasil, considerado um "outro tipo de esquerda", mas há muito ceticismo sobre como empurrar um crescimento mais significante -Mantega falou de um ritmo anual de 5% nos próximos oito anos.
"Mudanças no governo não vão trazer mudanças radicais na economia. Minha preocupação é que não há crescimento", disse Jonathan Hausman, gesto do fundo de pensão Ontario Teachers. "Esse nível de 3% é desimportante. Não há como o país manter essa política fiscal, dentro das estruturas atuais, e promover o crescimento", completou.
Para Katherine Renfrew, diretora do Instituto TIAA-CREF, o Brasil consolidou uma imagem de busca por respeito internacional, inclusive no setor de governança.


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