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RECEITA ORTODOXA
Analistas descartam risco de revés na política econômica
Meirelles diz que meta de ajuste fiscal será cumprida
LEILA SUWWAN
DE NOVA YORK
Apesar das eleições e de sérias
dúvidas sobre qual poderá ser o
caminho para o crescimento aliado ao rigor fiscal, o Brasil ficou relativamente imune aos preocupantes sinais de populismo nos
novos governos da América Latina, segundo análise de investidores estrangeiros ontem em Nova
York na conferência anual da
Fitch Ratings, uma das principais
agências de risco do mundo.
Porém o presidente do Banco
Central, Henrique Meirelles, que
fez o principal discurso do dia,
acabou questionado por Roger
Scher, diretor da Fitch, sobre a redução de despesas do governo e
as projeções otimistas de crescimento do país.
Evasivo, insistiu na tecla de que
o governo pretende e irá cumprir
a meta mínima de 4,25% de superávit primário (economia para o
pagamento de juros), conforme
reiterado pelo ministro Guido
Mantega (Fazenda) nos últimos
dias nos EUA. Do Orçamento, limitou-se a dizer que "há algum
espaço" para manobra do governo. Lembrou que o cenário é muito mais favorável que o de 2002,
na última corrida presidencial.
Sobre o tema perene da independência do BC, disse que ela existe
no nível "operacional".
A relativa tranqüilidade sobre o
Brasil ficou evidente nas discussões sobre países vizinhos, como
Bolívia e Peru, onde investidores
temem um revés nas políticas
econômicas, com chances de nacionalismo e centralização. Hoje,
o Peru tem nota de risco da dívida
soberana um degrau acima da do
Brasil, mas há temores sobre
Ollanta Humala, candidato favorito nas eleições do vizinho.
Há consenso de que esse risco
não chega ao Brasil, considerado
um "outro tipo de esquerda", mas
há muito ceticismo sobre como
empurrar um crescimento mais
significante -Mantega falou de
um ritmo anual de 5% nos próximos oito anos.
"Mudanças no governo não vão
trazer mudanças radicais na economia. Minha preocupação é que
não há crescimento", disse Jonathan Hausman, gesto do fundo de
pensão Ontario Teachers. "Esse
nível de 3% é desimportante. Não
há como o país manter essa política fiscal, dentro das estruturas
atuais, e promover o crescimento", completou.
Para Katherine Renfrew, diretora do Instituto TIAA-CREF, o
Brasil consolidou uma imagem de
busca por respeito internacional,
inclusive no setor de governança.
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