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LUÍS NASSIF
O SUS e o elogio fatal
O sus (Sistema Único de
Saúde) é uma conquista
nacional que está sendo vítima
da má gestão e do discurso
triunfalista de que o sistema está em perfeito estado de saúde,
como alardeou recentemente o
presidente Luiz Inácio Lula da
Silva.
Médico, com ampla militância no SUS, o mineiro Marx Golgher tem uma visão pessimista
do momento.
1) Há uma carência básica da
Assistência Básica Ambulatorial (PAB), instaurada no SUS
pelo ministro gaúcho Carlos Albuquerque, de gestão fundamental e pouco reconhecida. O
PAB estabelecia parâmetros mínimos de atendimento médico,
com o Ministério da Saúde pagando duas consultas/habitante/ano por município nos ambulatórios, parâmetro mínimo estabelecido pela OMS. Essa seria
a porta de entrada efetiva no
SUS, condição essencial para assegurar o bom funcionamento
de qualquer sistema de saúde do
planeta.
2) Apesar de pactuado e pago
pelo Ministério da Saúde, mais
de 80% dos municípios jamais
chegaram perto desse mínimo.
Como cerca de 20% das consultas médicas têm caráter de urgência e emergência, é licito
concluir que, apenas em Belo
Horizonte (área de atuação de
Golgher), cerca de 200 mil habitantes tiveram seus males piorados ou morreram.
3) Outro problema é o programa do médico de família, cuja
eficiência é polêmica, dado o fato de que o sistema domiciliar limita o trabalho dos médicos a
poucas famílias ou dá margem
a fantásticas maracutaias.
4) Na falta de atendimento
primário, o SUS transfere a porta de entrada do sistema para o
atendimento secundário nos
hospitais, muito mais caros. Daí
o porquê dos elevadíssimos custos do SUS, com gastos cada vez
mais elevados, a sustentar um
serviço cada vez mais precário.
5) Uma pneumonia, atendida
rapidamente num razoável sistema ambulatorial, com radiografia para o imediato diagnóstico e remédios fornecidos na
hora, iria custar aos cofres públicos cerca de R$ 50. No hospital, o custo salta para mais de
R$ 250.
6) Em 1995, o Ministério da
Saúde fazia cálculos de que
eram necessários cerca de R$ 15
bilhões -o dobro do ano anterior- para dar plena assistência médica no SUS. Hoje em dia,
há queixas de que os mais de R$
40 bilhões do orçamento da pasta são insuficientes. Ou seja,
houve um aumento real de recursos destinados à Saúde, sem
que tenha havido melhoria no
atendimento.
7) Na época em que foi ministro, José Serra publicou artigo
consistente, reforçando a conclusão de vários especialistas, de
que a "situação é atípica". Ou
seja, não há controle dos gastos,
da qualidade de serviço, embora se encha as burras do Ministério da Saúde de bilhões e bilhões de reais. De cada R$ 1 que
entra na pasta, só R$ 0,40 chega
à linha de atendimento, constata Golgher.
Devastação
Pessoas que conhecem a região
garantem que o presidente da
Bolívia, Evo Morales, pode ser
um desvairado em muitos temas, mas tem razão em sua reação contra a siderúrgica de Eike
Batista. A região tem ilhas de
ecossistemas. A proposta de Eike
era a de construir uma siderúrgica em uma das ilhas, destruindo a floresta para fazer carvão.
Uma atitude dessa jamais seria
tolerada no Brasil. A observação
é de quem tem consciência ecológica e negócios na região.
E-mail - Luisnassif@uol.com.br
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