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CRISE NO AR
Liminar favorece empresa de leasing, credora de R$ 400 mil; companhia deve devolver oito Boeings até maio
Justiça manda a Varig devolver turbina
JANAÍNA LEITE
MAELI PRADO
DA REPORTAGEM LOCAL
A Justiça do Rio concedeu, na
quarta-feira passada, uma liminar
a uma empresa de leasing determinando que a Varig devolva
uma turbina. Cabe recurso da decisão. A sentença foi assinada pelo
juiz Luiz Fernando de Andrade
Pinto, do Tribunal de Justiça do
Rio de Janeiro, a favor da empresa
G.A. Telesis Turbine.
Segundo o advogado da G.A.,
Luis Carlos Pascual, a decisão pode abrir um precedente para os
demais arrendadores. A Varig tinha cerca de R$ 400 mil em atraso
com a G.A. Até o final da tarde de
ontem, Pascual não havia sido informado de nenhum recurso da
empresa. O cumprimento da decisão, diz ele, é imediato.
Segundo a assessoria de imprensa da companhia, até o final
de maio a Varig devolverá oito
Boeings-737/500 da sua frota,
aviões que atualmente estão em
manutenção para serem devolvidos. A companhia aérea, que já
chegou a ter dez desses modelos
(oriundos das companhias Nordeste e Rio Sul), manterá apenas
um em operação, de acordo com
a assessoria de imprensa.
Esses oito aviões, de 120 lugares,
estavam em operação até o início
deste mês, em rotas mais curtas.
"A empresa elevou as freqüências
nas rotas mais longas. Dessa forma, tem um aproveitamento melhor dos aviões", diz Paulo Sampaio, consultor aeronáutico.
De acordo com a companhia aérea, as devoluções desses oito
aviões estavam previstas nas negociações com os arrendadores e
fazem parte do plano de readequação de frota da Varig.
Outro avião da companhia está
fora de operação. Na semana passada, um Boeing-777 sofreu um
problema mecânico e teve de
pousar em Las Palmas, arquipélago na costa da África. Um avião
foi enviado para recolher os passageiros. Segundo a Varig, a VEM
está realizando manutenção nesse
avião, que deve voltar a voar no
próximo domingo.
Nos primeiros 20 dias deste
mês, de acordo com Sampaio, a
Varig reduziu a oferta em 24% em
relação ao mesmo período do ano
passado. A demanda da empresa,
na mesma comparação, caiu 20%.
A situação financeira da companhia é complicada e, segundo a
juíza Márcia Cunha, da 2ª Vara
Empresarial do Rio de Janeiro,
que cuida do processo de recuperação, uma das razões pelas quais
a Varig está se mantendo é que está descontando recebíveis de cartão de crédito.
"Ela também melhorou um
pouco sua posição de caixa. Mas
recebíveis acabam. Ela precisa encontrar rapidamente uma definição para sua situação", afirmou.
Audiência
Em audiência marcada para
amanhã na Corte de Falências de
Nova York, a Varig irá apresentar
argumentos para o juiz Robert
Drain sobre o andamento do plano de recuperação da empresa e
tentar evitar que três das empresas arrendadoras busquem retomar suas aeronaves por falta de
pagamento.
As empresas que buscam algum
tipo de medida na corte americana são a Wells Fargo, a ILFC e a
Willis Lease Finance Corporation.
A defesa da Varig não pretende
pedir ao tribunal um mecanismo
formal de proteção específico para os aviões, mas quer manter o
juiz na linha de permitir que a empresa, em situação delicada, prossiga seu trajeto.
Colaborou Leila Suwwan, de Nova York
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