São Paulo, quarta-feira, 26 de abril de 2006

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CRISE NO AR

Liminar favorece empresa de leasing, credora de R$ 400 mil; companhia deve devolver oito Boeings até maio

Justiça manda a Varig devolver turbina

JANAÍNA LEITE
MAELI PRADO
DA REPORTAGEM LOCAL

A Justiça do Rio concedeu, na quarta-feira passada, uma liminar a uma empresa de leasing determinando que a Varig devolva uma turbina. Cabe recurso da decisão. A sentença foi assinada pelo juiz Luiz Fernando de Andrade Pinto, do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, a favor da empresa G.A. Telesis Turbine.
Segundo o advogado da G.A., Luis Carlos Pascual, a decisão pode abrir um precedente para os demais arrendadores. A Varig tinha cerca de R$ 400 mil em atraso com a G.A. Até o final da tarde de ontem, Pascual não havia sido informado de nenhum recurso da empresa. O cumprimento da decisão, diz ele, é imediato.
Segundo a assessoria de imprensa da companhia, até o final de maio a Varig devolverá oito Boeings-737/500 da sua frota, aviões que atualmente estão em manutenção para serem devolvidos. A companhia aérea, que já chegou a ter dez desses modelos (oriundos das companhias Nordeste e Rio Sul), manterá apenas um em operação, de acordo com a assessoria de imprensa.
Esses oito aviões, de 120 lugares, estavam em operação até o início deste mês, em rotas mais curtas. "A empresa elevou as freqüências nas rotas mais longas. Dessa forma, tem um aproveitamento melhor dos aviões", diz Paulo Sampaio, consultor aeronáutico.
De acordo com a companhia aérea, as devoluções desses oito aviões estavam previstas nas negociações com os arrendadores e fazem parte do plano de readequação de frota da Varig.
Outro avião da companhia está fora de operação. Na semana passada, um Boeing-777 sofreu um problema mecânico e teve de pousar em Las Palmas, arquipélago na costa da África. Um avião foi enviado para recolher os passageiros. Segundo a Varig, a VEM está realizando manutenção nesse avião, que deve voltar a voar no próximo domingo.
Nos primeiros 20 dias deste mês, de acordo com Sampaio, a Varig reduziu a oferta em 24% em relação ao mesmo período do ano passado. A demanda da empresa, na mesma comparação, caiu 20%.
A situação financeira da companhia é complicada e, segundo a juíza Márcia Cunha, da 2ª Vara Empresarial do Rio de Janeiro, que cuida do processo de recuperação, uma das razões pelas quais a Varig está se mantendo é que está descontando recebíveis de cartão de crédito.
"Ela também melhorou um pouco sua posição de caixa. Mas recebíveis acabam. Ela precisa encontrar rapidamente uma definição para sua situação", afirmou.

Audiência
Em audiência marcada para amanhã na Corte de Falências de Nova York, a Varig irá apresentar argumentos para o juiz Robert Drain sobre o andamento do plano de recuperação da empresa e tentar evitar que três das empresas arrendadoras busquem retomar suas aeronaves por falta de pagamento.
As empresas que buscam algum tipo de medida na corte americana são a Wells Fargo, a ILFC e a Willis Lease Finance Corporation. A defesa da Varig não pretende pedir ao tribunal um mecanismo formal de proteção específico para os aviões, mas quer manter o juiz na linha de permitir que a empresa, em situação delicada, prossiga seu trajeto.


Colaborou Leila Suwwan, de Nova York

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