São Paulo, quarta-feira, 26 de abril de 2006

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Trabalhadores avaliam nova proposta

JANAINA LAGE
DA SUCURSAL DO RIO

Os sindicatos de trabalhadores da Varig vão decidir até o fim desta semana se encaminham a proposta de compra da companhia apresentada pelo consultor Jayme Toscano, de US$ 1,9 bilhão, à Justiça. Ele se reuniu ontem com os sindicatos, que ainda não chegaram a um consenso sobre a viabilidade do negócio, mas avaliam que ele apresenta boas condições para os credores.
A proposta da Varig Log, que será oficialmente avaliada na próxima assembléia, marcada para o dia 2, foi novamente apresentada aos credores. Segundo pessoas que participaram da reunião, a reação entre a maioria dos presentes foi de descontentamento. Em clima tenso, uma empresa de leasing chegou a discutir com o executivo Lap Chan, do fundo de investimento norte-americano Matlin Patterson.
"Não mudou nada. Os US$ 50 milhões não pagam nem o FGTS", afirmou a presidente do Sindicato dos Aeroviários, Selma Balbino, em referência ao valor da oferta destinado ao pagamento das demissões dos funcionários. O valor total da proposta da Varig Log é de US$ 400 milhões e prevê a manutenção de metade dos empregos. Ela divide a Varig em duas companhias, uma nova, com os ativos operacionais, e uma empresa velha, com dívidas.
Na saída do encontro, Chan evitou comentar as chances reais de aprovação da proposta e se limitou a afirmar: "Isso não é uma loteria". Ele lamentou a ausência de representantes da BR e da Infraero no encontro. Segundo ele, a proposta da Varig Log é abrangente e envolve várias partes.
Um dos credores privados, que não quis se identificar, comparou a Varig a um paciente na UTI. Segundo ele, ninguém quer dar remédio ou desligar os aparelhos. Para a Varig Log, no entanto, a reunião correu como o previsto e continua com a expectativa de que a proposta seja aprovada pelos credores.
A especulação em torno do futuro da companhia fez os papéis da Varig registrarem novamente alta. As ações fecharam ontem a R$ 1,14, com alta de 12,87%.
O consultor Jayme Toscano se recusou a apresentar a origem dos recursos. Segundo ele, a condição para que a proposta seja aceita inclui a assinatura de um termo de confidencialidade. Ele espera que os sindicatos apresentem a proposta à Justiça para que ela seja posteriormente analisada pelos credores. Ele afirma ser dono da empresa Coas Consultores Associados e ter condições de honrar a oferta. "Tenho uma proposta, recursos com origem, com banco de primeira linha e as minhas condições de negociação", disse.

Proposta boa
"A proposta me parece boa no que se refere ao fundo de pensão, aos salários, aos trabalhadores e à Varig", afirmou a presidente do Sindicato Nacional dos Aeronautas, Graziela Baggio. De acordo com Baggio, não cabe ao sindicato avaliar a viabilidade de propostas, e sim à Justiça. Para ela, a gravidade da situação da empresa pode ter levado a uma análise apressada das propostas.


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