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Infraero já vê "beira do precipício"
HUMBERTO MEDINA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Credoras da Varig, as estatais
BR Distribuidora e Infraero negaram ontem em audiência pública
no Senado a possibilidade de dar
carência à empresa na cobrança
de dívidas. "Estamos chegando à
beira do precipício. O que foi possível, nós fizemos", disse o presidente da Infraero, tenente-brigadeiro José Carlos Pereira. "Nós
não vamos violar a lei", afirmou.
Já a BR Distribuidora, subsidiária da Petrobras e principal fornecedora de combustível à Varig,
alegou que não pode dar mais
prazo porque poderia ser acusada
de gestão temerária. "É um grau
de exposição ao risco extremamente elevado para que a companhia possa aceitar sem que esteja
lastreada em algum tipo de garantia", disse Pedro Caldas Pereira,
gerente-executivo de produtos de
aviação da BR Distribuidora.
"A gente entende que esse esforço dos credores é necessário, mas,
por outro lado, os administradores da companhia são fiscalizados
pelo TCU, e a eventual exposição
a esse risco financeiro pode levá-los a responder por gestão temerária", disse Pereira.
Em 2001 a Varig financiou dívida de R$ 240 milhões com a BR.
No programa de recuperação judicial, estão sendo financiados
outros R$ 57 milhões. Hoje, a Varig paga antecipadamente à BR
para ter combustível.
Com a Infraero, a dívida total da
Varig é de cerca de R$ 515 milhões, e R$ 133 milhões podem começar a ser exigidos a qualquer
momento, pois já foi publicada
anteontem (leia texto ao lado), no
"Diário Oficial" da Justiça, a decisão do TRF da 2ª Região (Rio e Espírito Santo), embora o presidente da estatal não tivesse manifestado conhecimento da decisão no
depoimento.
Em março, o TRF cassou liminar de agosto que permitia à Varig não pagar tarifas aeroportuárias. Agora que essa decisão foi
publicada, a Infraero pode exigir
o pagamento diário dessas tarifas
(R$ 900 mil por dia) e do passivo
acumulado na vigência da liminar
(R$ 133 milhões).
"Como presidente da empresa,
gostaria que [a publicação da decisão] fosse o mais rápido possível. Como cidadão brasileiro e
amante da Varig, gostaria que isso
demorasse muito", disse o presidente da Infraero.
Marcelo Gomes, gerente-executivo da consultoria Alvarez &
Marçal, responsável pelo plano de
recuperação da Varig, disse que a
empresa pode parar por falta de
capital de giro.
Gomes estava se referindo ao
pedido de empréstimo de US$ 100
milhões ao BNDES para que a
empresa pudesse sobreviver à
baixa temporada. "Não estamos
pedindo almoço grátis para o
BNDES. Estamos pedindo uma linha de financiamento", disse.
Outra saída levantada durante a
audiência pública foi a possibilidade de os Estados reconhecerem
uma dívida de cerca de R$ 1,2 bilhão por cobrança indevida de
ICMS. Ao ser reconhecida, essa
dívida poderia servir para capitalizar a Varig.
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