São Paulo, sexta-feira, 26 de maio de 2006

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Mercado se acalma, Bolsa sobe e dólar cai

Após disparar na véspera, moeda recua 4,42%, maior baixa desde 2002; Bovespa avança 4,96%, recorde em dois anos

Dados econômicos dos EUA e aperto fiscal histórico animam investidor; ações, no entanto, ainda acumulam perdas de 10% desde o dia 10

FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

O mercado brasileiro respirou ontem. A divulgação de dados econômicos externos e internos ajudou a afastar as nuvens que andam sacudindo o mercado. O dólar devolveu a valorização de quarta e caiu 4,42% -desde 2002 a moeda não recuava tanto em um dia-, para fechar a R$ 2,294.
A Bovespa seguiu de perto a recuperação do mercado acionário nas principais praças internacionais e registrou ontem sua maior alta em dois anos (4,96%). Mas, desde o dia 10, quando a atual turbulência começou, a Bovespa tem perdas acumuladas de 10%.
Na quarta-feira, o dólar disparou 4,71% e foi a R$ 2,40.
Apesar do dia positivo de ontem, analistas afirmam que o momento é de cautela e que novas turbulências podem perturbar o mercado financeiro no curto prazo.
O motivo central do nervosismo dos investidores são as dúvidas em relação ao futuro da política monetária dos Estados Unidos. Teme-se que os juros americanos subam mais do que o anteriormente esperado. Pelo menos até a próxima reunião do Fed (o banco central dos EUA), daqui a cerca de um mês, os mercados tendem a reagir a cada indicador econômico americano que sair.
Ontem, nos EUA, foram divulgados números do PIB (Produto Interno Bruto) do primeiro trimestre, que foram bem recebidos, ajudando na melhora do mercado global.

Alta
Na Europa, a Bolsa de Frankfurt subiu 2,13%; em Paris, a alta foi de 1,63%; Londres subiu 1,62%. Em Nova York, o Dow Jones ganhou 0,84%, e a Nasdaq, 1,34%.
Com investidores voltando a comprar títulos da dívida do Brasil, o risco-país recuou. No fim do dia, o indicador marcava 270 pontos, em baixa de 6,5%. O Global 40, o mais negociado título brasileiro no exterior, subiu 0,86%.
No Brasil, o resultado do superávit primário (economia para pagamento de juros da dívida) do setor público consolidado de abril, o melhor da história, foi bem recebido.
Na análise de Jason Vieira, da consultoria GRC Visão, "o conjunto de dados da economia americana levou o mercado financeiro hoje [ontem] a uma recuperação de parte das perdas dos últimos dias. Aliado a isso, os dados de superávit primário e de desemprego no Brasil melhoraram o cenário local. Apesar do bom momento, ainda existe muito a corrigir, e a volatilidade continua".
A atuação do Tesouro Nacional, que anunciou na quarta-feira que recompraria títulos públicos atrelados à inflação, foi encarada como importante para acalmar um pouco os investidores e, conseqüentemente, ajudar a frear a escalada do dólar e dos juros futuros. Segundo operadores do mercado, investidores estrangeiros estavam tendo dificuldades para negociar os papéis.

Ações
Os tombos recentes sofridos pela Bolsa paulista acabaram por baratear o preço de ações de diferentes setores.
Nenhuma das 55 ações que formam o Ibovespa (principal índice do mercado acionário doméstico) caiu ontem.
No topo das valorizações do pregão, ficaram Banco do Brasil ON (15,41%), Cesp PN (13,15%) e CCR Rodovias ON (10,18%).
O pregão de ontem movimentou R$ 2,8 bilhões, dentro da média diária de negócios do ano. Operadores disseram que estrangeiros também compraram ações. Mas nada indica que voltaram para ficar.
Neste mês, até o dia 23, os estrangeiros já venderam R$ 20,3 bilhões em ações. As compras feitas por esse segmento de investidores no período somaram R$ 19,2 bilhões.
No mês, a Bolsa caminha para ser a pior opção de investimento, com queda de 6,92%. No ano, a Bovespa ainda está positiva, com valorização acumulada de 12,29%.


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