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Mercado se acalma, Bolsa sobe e dólar cai
Após disparar na véspera, moeda recua 4,42%, maior baixa desde 2002; Bovespa avança 4,96%, recorde em dois anos
Dados econômicos dos EUA
e aperto fiscal histórico
animam investidor; ações,
no entanto, ainda acumulam
perdas de 10% desde o dia 10
FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
O mercado brasileiro respirou ontem. A divulgação de dados econômicos externos e internos ajudou a afastar as nuvens que andam sacudindo o
mercado. O dólar devolveu a
valorização de quarta e caiu
4,42% -desde 2002 a moeda
não recuava tanto em um dia-,
para fechar a R$ 2,294.
A Bovespa seguiu de perto a
recuperação do mercado acionário nas principais praças internacionais e registrou ontem
sua maior alta em dois anos
(4,96%). Mas, desde o dia 10,
quando a atual turbulência começou, a Bovespa tem perdas
acumuladas de 10%.
Na quarta-feira, o dólar disparou 4,71% e foi a R$ 2,40.
Apesar do dia positivo de ontem, analistas afirmam que o
momento é de cautela e que novas turbulências podem perturbar o mercado financeiro no
curto prazo.
O motivo central do nervosismo dos investidores são as
dúvidas em relação ao futuro da
política monetária dos Estados
Unidos. Teme-se que os juros
americanos subam mais do que
o anteriormente esperado. Pelo
menos até a próxima reunião
do Fed (o banco central dos
EUA), daqui a cerca de um mês,
os mercados tendem a reagir a
cada indicador econômico
americano que sair.
Ontem, nos EUA, foram divulgados números do PIB (Produto Interno Bruto) do primeiro trimestre, que foram bem recebidos, ajudando na melhora
do mercado global.
Alta
Na Europa, a Bolsa de Frankfurt subiu 2,13%; em Paris, a alta foi de 1,63%; Londres subiu
1,62%. Em Nova York, o Dow
Jones ganhou 0,84%, e a Nasdaq, 1,34%.
Com investidores voltando a
comprar títulos da dívida do
Brasil, o risco-país recuou. No
fim do dia, o indicador marcava
270 pontos, em baixa de 6,5%.
O Global 40, o mais negociado
título brasileiro no exterior, subiu 0,86%.
No Brasil, o resultado do superávit primário (economia para pagamento de juros da dívida) do setor público consolidado de abril, o melhor da história, foi bem recebido.
Na análise de Jason Vieira, da
consultoria GRC Visão, "o conjunto de dados da economia
americana levou o mercado financeiro hoje [ontem] a uma
recuperação de parte das perdas dos últimos dias. Aliado a
isso, os dados de superávit primário e de desemprego no Brasil melhoraram o cenário local.
Apesar do bom momento, ainda existe muito a corrigir, e a
volatilidade continua".
A atuação do Tesouro Nacional, que anunciou na quarta-feira que recompraria títulos
públicos atrelados à inflação,
foi encarada como importante
para acalmar um pouco os investidores e, conseqüentemente, ajudar a frear a escalada do
dólar e dos juros futuros. Segundo operadores do mercado,
investidores estrangeiros estavam tendo dificuldades para
negociar os papéis.
Ações
Os tombos recentes sofridos
pela Bolsa paulista acabaram
por baratear o preço de ações
de diferentes setores.
Nenhuma das 55 ações que
formam o Ibovespa (principal
índice do mercado acionário
doméstico) caiu ontem.
No topo das valorizações do
pregão, ficaram Banco do Brasil ON (15,41%), Cesp PN
(13,15%) e CCR Rodovias ON
(10,18%).
O pregão de ontem movimentou R$ 2,8 bilhões, dentro
da média diária de negócios do
ano. Operadores disseram que
estrangeiros também compraram ações. Mas nada indica que
voltaram para ficar.
Neste mês, até o dia 23, os estrangeiros já venderam R$ 20,3
bilhões em ações. As compras
feitas por esse segmento de investidores no período somaram R$ 19,2 bilhões.
No mês, a Bolsa caminha para ser a pior opção de investimento, com queda de 6,92%.
No ano, a Bovespa ainda está
positiva, com valorização acumulada de 12,29%.
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