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Conselho aprova retomada da construção de Angra 3
Só falta o aval de Lula, que já disse ser a favor da nova usina nuclear do país
Governo diz que poderá
rever contratos já existentes
para a construção da usina
e que decidirá pelo processo
que for menos custoso
HUMBERTO MEDINA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A construção da usina nuclear de Angra 3 será retomada
pelo governo. O CNPE (Conselho Nacional de Política Energética) aprovou ontem a continuação das obras, paradas desde 1986. A usina, no entanto,
ainda não tem licenciamento
ambiental prévio, precondição
para começar a ser construída.
O processo está sendo feito pelo Ibama desde outubro.
O CNPE é um órgão de aconselhamento da Presidência da
República e sua decisão precisa
ser validada pelo presidente
Luiz Inácio Lula da Silva, que já
anunciou publicamente que
pretende construir Angra 3.
A votação no CNPE revelou
ampla maioria a favor da usina
- 9 a 1. O voto contrário foi do
Ministério do Meio Ambiente.
Votaram a favor os ministérios
da Casa Civil, de Minas e Energia, da Ciência e Tecnologia, da
Fazenda, do Planejamento, do
Desenvolvimento, da Agricultura e da Integração Nacional,
além do representante dos Estados (cadeira ocupada atualmente pela Secretaria de Energia de São Paulo).
Segundo o ministério de Minas e Energia, o Meio Ambiente queria uma discussão mais
ampla sobre a retomada do
programa nuclear.
A estimativa do governo é
que as obras comecem ainda
neste ano e durem cerca de cinco anos e meio. Nesse cenário,
Angra 3 começaria a gerar
energia em 2013. O gasto projetado com a obra é de R$ 7,2 bilhões e a usina teria capacidade
de 1.350 MW (megawatts). A
tarifa está estimada em R$ 140
por MWh (megawatt hora),
mas o Ministério de Minas e
Energia fará um novo estudo e
espera uma redução, por conta
da melhora de cenário de risco-país e da redução dos juros.
"Hoje a usina nuclear de Angra 3 é a alternativa de menor
custo e de melhores condições
inclusive ambientais, uma vez
que uma usina nuclear não tem
emissão de gás carbônico", disse Nelson Hubner, ministro interino de Minas e Energia.
A decisão do CNPE foi criticada pelo Greenpeace como
um retrocesso: "A decisão final
é do presidente da República.
Se for pela construção, será um
retrocesso. O mundo está abandonando a energia nuclear",
disse Guilherme Leonardi.
O Ministério de Minas e
Energia afirmou que serão feitos novos estudos para determinar exatamente o custo de
construção da usina, a tarifa da
energia que será gerada e a forma como ela será comercializada no mercado.
Será feito outro estudo sobre
os contratos que existem hoje
para a construção da usina. O
governo ainda não sabe se dará
continuidade a contratos antigos ou se fará nova licitação.
"Será feito o que for menos custoso", disse Hubner.
A Abdib (Associação Brasileira da Infra-estrutura e Indústrias de Base) informou que
considera "extremamente positiva" a decisão do CNPE sobre
a usina de Angra 3. De acordo
com Paulo Godoy, presidente
da Abdib, além da segurança
para o abastecimento elétrico,
a construção da usina, com potência de 1.350 MW (megawatts) de energia firme, injetará mais de R$ 3 bilhões de encomendas entre os fornecedores
de bens e serviços.
Colaborou a Folha Online
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