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Crédito cresce, e juro é o menor desde 2000
Taxa média de juros em abril fica em 38%, a menor da série do BC; queda maior foi na pessoa física, de 49,9% para 49,1%
Já o "spread" bancário fica praticamente estável no mês e não acompanha o recuo da taxa Selic iniciado em setembro de 2005
NEY HAYASHI DA CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Os juros cobrados nos empréstimos bancários atingiram
o nível mais baixo em sete anos,
segundo pesquisa feita pelo
Banco Central. Em abril, a taxa
média cobrada nos financiamentos a empresas e a pessoas
físicas chegou a 38,1% ao ano, a
menor já registrada desde
2000, quando o BC começou a
fazer a medição.
A queda foi maior para as
pessoas físicas. Nesse caso, os
juros médios praticados pelos
bancos caiu de 49,9% ao ano
para 49,1% entre março e abril.
Para pessoas jurídicas, quase
não houve mudanças, com a taxa passando de 25,4% para
25,3%.
Por outro lado, o chamado
"spread" bancário, que é uma
das medidas da rentabilidade
dos bancos nas operações de
crédito, ficou praticamente estável. Também entre março e
abril, esse "spread" médio passou de 26,5 pontos percentuais
para 26,4 pontos.
Isso significa que, em abril, a
taxa de 38,1% ao ano cobrada
nos empréstimos, 26,4 pontos
percentuais se referiam ao
"spread", nome dado à parcela
da receita dos juros que é usada
para cobrir os gastos dos bancos com impostos, funcionários e manutenção de agências,
entre outros. Também é do
"spread" que sai parte do lucro
das instituições financeiras.
Crédito
A Febraban (Federação Brasileira dos Bancos) destacou
em nota o aumento no volume
de crédito disponível no país
como um dos principais dados
da pesquisa feita pelo BC.
Em abril, os empréstimos
oferecidos pelas instituições financeiras somavam R$ 777,3
bilhões, ou 32% do PIB, contra
31,4% em março.
Na comparação com o PIB, o
volume de crédito atingiu o nível mais alto desde 1995, embora ainda esteja abaixo da média
internacional. Mesmo em países emergentes, essa relação
costuma ser superior a 60%.
Para a Febraban, "o cenário
macroeconômico estável, a redução da taxa básica de juros e a
perspectiva de maior crescimento econômico neste e no
próximo ano devem continuar
contribuindo para o aumento
do volume de crédito com taxas
menores de empréstimos".
O chefe do Departamento
Econômico do BC, Altamir Lopes, admite que o "spread" ainda é alto, mas diz também que
"a tendência é de continuidade
de queda". Responsável pela
pesquisa, Lopes ressalta que o
"spread" está no nível mais baixo desde 2001 e que a queda
acumulada desde setembro de
2005 é de 2,9 pontos.
Foi em setembro de 2005
que o BC começou a reduzir a
taxa Selic, de 19,75% ao ano para 12,5% em abril- neste mês,
houve nova queda para 12%.
Para a economista Ana Carla
Abrão Costa, da Tendências
Consultoria, uma redução mais
forte do "spread" depende de
novas medidas que poderiam
ser adotadas pelo governo, como a redução do compulsório
-parcela dos depósitos bancários que é retido pelo BC- e da
carga tributária que incide sobre as operações de crédito.
Além disso, ela defende a
criação do chamado "cadastro
positivo", que listaria pessoas
que pagam suas dívidas em dia
e que poderiam, por isso, ser
premiada por juros menores
-o assunto está sendo analisado no Congresso. "O "spread"
cai pouco porque não há novos
avanços, e os bancos não vão assumir riscos que coloquem em
jogo a sua solvência. O mercado
funciona assim", afirma ela.
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