São Paulo, terça-feira, 26 de junho de 2007

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Crédito cresce, e juro é o menor desde 2000

Taxa média de juros em abril fica em 38%, a menor da série do BC; queda maior foi na pessoa física, de 49,9% para 49,1%

Já o "spread" bancário fica praticamente estável no mês e não acompanha o recuo da taxa Selic iniciado em setembro de 2005

NEY HAYASHI DA CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Os juros cobrados nos empréstimos bancários atingiram o nível mais baixo em sete anos, segundo pesquisa feita pelo Banco Central. Em abril, a taxa média cobrada nos financiamentos a empresas e a pessoas físicas chegou a 38,1% ao ano, a menor já registrada desde 2000, quando o BC começou a fazer a medição.
A queda foi maior para as pessoas físicas. Nesse caso, os juros médios praticados pelos bancos caiu de 49,9% ao ano para 49,1% entre março e abril. Para pessoas jurídicas, quase não houve mudanças, com a taxa passando de 25,4% para 25,3%.
Por outro lado, o chamado "spread" bancário, que é uma das medidas da rentabilidade dos bancos nas operações de crédito, ficou praticamente estável. Também entre março e abril, esse "spread" médio passou de 26,5 pontos percentuais para 26,4 pontos.
Isso significa que, em abril, a taxa de 38,1% ao ano cobrada nos empréstimos, 26,4 pontos percentuais se referiam ao "spread", nome dado à parcela da receita dos juros que é usada para cobrir os gastos dos bancos com impostos, funcionários e manutenção de agências, entre outros. Também é do "spread" que sai parte do lucro das instituições financeiras.

Crédito
A Febraban (Federação Brasileira dos Bancos) destacou em nota o aumento no volume de crédito disponível no país como um dos principais dados da pesquisa feita pelo BC.
Em abril, os empréstimos oferecidos pelas instituições financeiras somavam R$ 777,3 bilhões, ou 32% do PIB, contra 31,4% em março.
Na comparação com o PIB, o volume de crédito atingiu o nível mais alto desde 1995, embora ainda esteja abaixo da média internacional. Mesmo em países emergentes, essa relação costuma ser superior a 60%.
Para a Febraban, "o cenário macroeconômico estável, a redução da taxa básica de juros e a perspectiva de maior crescimento econômico neste e no próximo ano devem continuar contribuindo para o aumento do volume de crédito com taxas menores de empréstimos".
O chefe do Departamento Econômico do BC, Altamir Lopes, admite que o "spread" ainda é alto, mas diz também que "a tendência é de continuidade de queda". Responsável pela pesquisa, Lopes ressalta que o "spread" está no nível mais baixo desde 2001 e que a queda acumulada desde setembro de 2005 é de 2,9 pontos.
Foi em setembro de 2005 que o BC começou a reduzir a taxa Selic, de 19,75% ao ano para 12,5% em abril- neste mês, houve nova queda para 12%.
Para a economista Ana Carla Abrão Costa, da Tendências Consultoria, uma redução mais forte do "spread" depende de novas medidas que poderiam ser adotadas pelo governo, como a redução do compulsório -parcela dos depósitos bancários que é retido pelo BC- e da carga tributária que incide sobre as operações de crédito.
Além disso, ela defende a criação do chamado "cadastro positivo", que listaria pessoas que pagam suas dívidas em dia e que poderiam, por isso, ser premiada por juros menores -o assunto está sendo analisado no Congresso. "O "spread" cai pouco porque não há novos avanços, e os bancos não vão assumir riscos que coloquem em jogo a sua solvência. O mercado funciona assim", afirma ela.


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