São Paulo, sexta-feira, 26 de junho de 2009

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Revisão final aponta queda de 5,5% no PIB dos EUA no 1º tri

Queda em investimentos e recuo na construção de imóveis pesam nos dados da economia americana

FERNANDO CANZIAN
DE NOVA YORK

Empurrado para baixo por uma forte queda nos investimentos produtivos e na construção de novos imóveis comerciais e habitacionais, o PIB dos EUA encolheu 5,5% no primeiro trimestre.
Os dados se referem à revisão final do indicador. A queda foi menor que a estimada há quase um mês, de 5,7%. Mas os componentes do PIB mostraram-se, no conjunto, um pouco piores do que o previsto antes.
Os investimentos do setor privado, essenciais para o crescimento de longo prazo, caíram 37,3% no período, bem mais do que a queda de 21,7% no último trimestre de 2008.
Já os investimentos em imóveis residenciais recuaram 38,8% -de outubro a dezembro houve queda de 22,8%.
No último trimestre de 2008, a queda do PIB havia sido maior do que os 5,5% de agora, de 6,3%. O que explica a melhora, apesar da piora nas taxas de investimento, é o aumento do consumo. Ele representa 70% do PIB norte-americano.
No trimestre terminado em março, o consumo avançou 1,4%, depois de ter recuado 4,3% de outubro a dezembro. A grande dúvida daqui em diante é se esse nível de consumo vai se sustentar, levando as empresas a voltar a investir na produção e na atividade imobiliária.
Caso os investimentos não aumentem, a recuperação do consumo pode se tornar insustentável, especialmente em um quadro de aumento do desemprego e de esforço dos norte-americanos, hoje endividados em níveis recordes, para ampliar seu nível de poupança.
Todo o esforço do Fed (o banco Central dos EUA) ao ter injetado a partir de 2008 mais de US$ 1 trilhão em créditos na economia (a consumidores, empresas, bancos e imobiliários) é uma tentativa de sustentar o aumento do consumo e, com isso, incentivar investimentos. O lado negativo é que levará a mais endividamento.
O PIB mostrou também que houve um aumento moderado na lucratividade das empresas, de US$ 48 bilhões no caso das do setor produtivo (ante recuo de US$ 250 bilhões no último trimestre de 2008) e de US$ 113,7 bilhões no setor financeiro (queda de US$ 178,7 bilhões). A lucratividade maior, porém, foi obtida com cortes de custos e demissões.
Outras estatísticas anunciadas ontem pelo Departamento do Trabalho jogaram um pouco mais de água fria no otimismo com um recuperação mais firme no segundo semestre.
Houve mais 15 mil pedidos de seguro-desemprego, elevando o total para 627 mil na semana passada. O número veio bem acima do esperado e deve confirmar, nos próximos meses, a previsão do nível de desemprego nos EUA acima dos 10%.


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