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Nova política depende do avanço das exportações
GUSTAVO PATÚ
da Sucursal de Brasília
O Banco Central administra a taxa de câmbio hoje com duas finalidades básicas: elevar as exportações e manter a inflação baixa.
Para elevar as exportações é preciso que os produtos brasileiros
sejam mais baratos em dólar, o
que pode ser conseguido com a
desvalorização do real em relação
à moeda norte-americana.
Mas, para controlar a inflação, é
preciso que os produtos importados sejam baratos em moeda nacional, e isso pede uma valorização
do real em relação ao dólar.
Diante disso, o BC vem desvalorizando o real para estimular as exportações -mas lentamente, para
não trazer a inflação de volta.
Nas últimas semanas, um novo
diagnóstico vem ganhando força
no governo: as exportações podem
continuar crescendo da forma desejada sem necessidade de tanta
ajuda da política cambial.
Se for verdade, o Banco Central
pode passar a desvalorizar o real
ainda mais lentamente, o que traria benefícios às pessoas e às empresas. Permite, por exemplo,
uma queda maior dos juros. A desvalorização cambial está longe de
ser um remédio indolor.
Mas reduzir a desvalorização
cambial também não é uma alternativa isenta de riscos. O primeiro
e mais óbvio é que o país pode demorar mais para equilibrar sua balança comercial e reduzir sua dependência de capital externo.
A credibilidade da nova política
também seria uma incógnita. Afinal, a maioria dos investidores e
especialistas acredita que o país
precisa mudar sua taxa de câmbio.
Se o mercado entender que o governo está adiando um ajuste fundamental -em razão, talvez, das
conveniências políticas- e assumindo um risco excessivo, sairá
capital externo do país.
Esse seria o pior dos cenários:
não se pode perder as reservas em
dólar necessárias para as importações e os pagamentos da dívida externa. Isso significaria a volta da
inflação (a cotação do dólar subiria rapidamente), acompanhada
de profunda recessão (retração
dos investimentos).
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