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CONTAS EXTERNAS
País recebeu US$ 1,6 bi em julho, segundo o Banco Central
Investimento estrangeiro é o maior desde novembro
NEY HAYASHI DA CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Impulsionados pelos recursos
aplicados por empresas multinacionais no setor elétrico, os investimentos estrangeiros diretos recebidos pelo Brasil somaram US$
1,6 bilhão no mês passado, mais
que o dobro dos US$ 737 milhões
que ingressaram em junho. Desde
novembro de 2003 não se registrava uma entrada de capital externo tão elevada, segundo dados
do Banco Central.
Mesmo com o resultado de julho, os números acumulados no
ano ainda estão um pouco distantes do previsto. Pelas projeções do
BC, o país deve receber US$ 12 bilhões em investimentos neste ano
-acima das previsões de analistas do setor privado, que têm ficado em torno de US$ 10 bilhões.
Entre janeiro e julho, o ingresso
foi de US$ 5,644 bilhões -pouco
superior aos US$ 4,747 bilhões do
mesmo período de 2003. Para que
a estimativa oficial para este ano
se cumpra, portanto, o Brasil precisaria receber US$ 1,1 bilhão por
mês até o final do ano. Neste mês,
de acordo com dados parciais fechados ontem, os investimentos
somavam US$ 550 milhões, devendo subir para US$ 700 milhões
até o próximo dia 31.
Empréstimos baixos
Contrastando com a ligeira recuperação dos investimentos, o
fluxo de empréstimos externos
para as empresas instaladas no
país permanece baixo. No mês
passado, o setor privado refinanciou apenas 26% do US$ 1,768 bilhão em parcelas da dívida que
venceu no período.
Quando a dívida não é renovada, as empresas precisam enviar
dólares para o exterior para quitar
seus compromissos. Entre janeiro
e julho, os vencimentos somaram
US$ 7,887 bilhões, mas somente
US$ 5,121 bilhões -ou 68%- foram refinanciados.
O chefe do Departamento Econômico do BC, Altamir Lopes, diz
que a queda na rolagem da dívida
externa reflete uma decisão tomada pelas próprias empresas, que
estariam preferindo não contrair
empréstimos no exterior para fazê-lo no Brasil. "As empresas estão bem capitalizadas e já conseguem condições melhores de financiamento no mercado doméstico", afirma.
Sobre os investimentos, Lopes
diz que a tendência é que, de agora em diante, as empresas estrangeiras retomem os investimentos
no Brasil. "Agora já passou aquele
momento de volatilidade externa,
que reduziu bastante o fluxo de
capital para países emergentes."
Incertezas
No primeiro semestre, segundo
Lopes, as incertezas em relação ao
rumo dos juros praticados nos Estados Unidos trouxeram muita
instabilidade aos mercados internacionais, o que deixou os investidores estrangeiros mais cautelosos. Desde o começo do ano, o Federal Reserve (o banco central dos
EUA) elevou os juros em duas
ocasiões: a taxa, que estava em 1%
ao ano, agora está em 1,5%.
No mês passado, segundo o BC,
o setor de eletricidade, gás e água
quente foi o que mais recebeu investimentos estrangeiros: foram
US$ 412 milhões, o equivalente a
25,8% do total de capital externo
recebido pelo Brasil no período.
Em junho, o mesmo setor havia
recebido apenas US$ 17 milhões
em investimentos.
A área de metalurgia e o comércio foram os outros dois segmentos que mais receberam investimentos no mês passado: US$ 254
milhões e US$ 154 milhões, respectivamente. As empresas que
mais aplicaram recursos no Brasil, por sua vez, foram aquelas sediadas nos Estados Unidos (US$
478 milhões em julho), nas Ilhas
Cayman (US$ 487 milhões) e na
Holanda (US$ 235 milhões).
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