São Paulo, quinta-feira, 26 de agosto de 2004

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CONTAS EXTERNAS

País recebeu US$ 1,6 bi em julho, segundo o Banco Central

Investimento estrangeiro é o maior desde novembro

NEY HAYASHI DA CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Impulsionados pelos recursos aplicados por empresas multinacionais no setor elétrico, os investimentos estrangeiros diretos recebidos pelo Brasil somaram US$ 1,6 bilhão no mês passado, mais que o dobro dos US$ 737 milhões que ingressaram em junho. Desde novembro de 2003 não se registrava uma entrada de capital externo tão elevada, segundo dados do Banco Central.
Mesmo com o resultado de julho, os números acumulados no ano ainda estão um pouco distantes do previsto. Pelas projeções do BC, o país deve receber US$ 12 bilhões em investimentos neste ano -acima das previsões de analistas do setor privado, que têm ficado em torno de US$ 10 bilhões.
Entre janeiro e julho, o ingresso foi de US$ 5,644 bilhões -pouco superior aos US$ 4,747 bilhões do mesmo período de 2003. Para que a estimativa oficial para este ano se cumpra, portanto, o Brasil precisaria receber US$ 1,1 bilhão por mês até o final do ano. Neste mês, de acordo com dados parciais fechados ontem, os investimentos somavam US$ 550 milhões, devendo subir para US$ 700 milhões até o próximo dia 31.

Empréstimos baixos
Contrastando com a ligeira recuperação dos investimentos, o fluxo de empréstimos externos para as empresas instaladas no país permanece baixo. No mês passado, o setor privado refinanciou apenas 26% do US$ 1,768 bilhão em parcelas da dívida que venceu no período.
Quando a dívida não é renovada, as empresas precisam enviar dólares para o exterior para quitar seus compromissos. Entre janeiro e julho, os vencimentos somaram US$ 7,887 bilhões, mas somente US$ 5,121 bilhões -ou 68%- foram refinanciados.
O chefe do Departamento Econômico do BC, Altamir Lopes, diz que a queda na rolagem da dívida externa reflete uma decisão tomada pelas próprias empresas, que estariam preferindo não contrair empréstimos no exterior para fazê-lo no Brasil. "As empresas estão bem capitalizadas e já conseguem condições melhores de financiamento no mercado doméstico", afirma.
Sobre os investimentos, Lopes diz que a tendência é que, de agora em diante, as empresas estrangeiras retomem os investimentos no Brasil. "Agora já passou aquele momento de volatilidade externa, que reduziu bastante o fluxo de capital para países emergentes."

Incertezas
No primeiro semestre, segundo Lopes, as incertezas em relação ao rumo dos juros praticados nos Estados Unidos trouxeram muita instabilidade aos mercados internacionais, o que deixou os investidores estrangeiros mais cautelosos. Desde o começo do ano, o Federal Reserve (o banco central dos EUA) elevou os juros em duas ocasiões: a taxa, que estava em 1% ao ano, agora está em 1,5%.
No mês passado, segundo o BC, o setor de eletricidade, gás e água quente foi o que mais recebeu investimentos estrangeiros: foram US$ 412 milhões, o equivalente a 25,8% do total de capital externo recebido pelo Brasil no período. Em junho, o mesmo setor havia recebido apenas US$ 17 milhões em investimentos.
A área de metalurgia e o comércio foram os outros dois segmentos que mais receberam investimentos no mês passado: US$ 254 milhões e US$ 154 milhões, respectivamente. As empresas que mais aplicaram recursos no Brasil, por sua vez, foram aquelas sediadas nos Estados Unidos (US$ 478 milhões em julho), nas Ilhas Cayman (US$ 487 milhões) e na Holanda (US$ 235 milhões).


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