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Sob Lula, BNDES liberou R$ 5,8 bi para montadoras
Volkswagen, que ameaça fechar unidade em São Bernardo, recebeu 28% do valor
Sindicalistas se reúnem hoje para discutir impasse;
estudo calcula em R$ 4,8 bi impacto econômico com
fechamento de fábrica
DA SUCURSAL DO RIO
DA REPORTAGEM LOCAL
O BNDES (Banco Nacional
de Desenvolvimento Econômico e Social) já liberou R$ 5,853
bilhões para as montadoras de
2003 até junho deste ano. O valor foi destinado para GM, Fiat,
DaimlerChrysler, Ford, Renault, Toyota, Volkswagen e
Volvo, segundo dados do banco.
A Volkswagen, que ameaça
fechar a fábrica de São Bernardo (se não for negociado acordo
para demitir parte de seus 12,4
mil funcionários), recebeu R$
1,656 bilhão neste período, o
que representa 28,3% do total.
Os números de desembolsos
do banco mostram a predileção
do país pelo transporte rodoviário. De 2003 para cá, o banco
liberou R$ 600 milhões em financiamentos para projetos de
metrô -valor 89,75% menor
do que o liberado para montadoras. Vale destacar que a comparação não pode ser feita de
forma direta. Projetos de montadoras são iniciativas de empresas privadas, e a maioria dos
projetos de financiamento para
o metrô envolve questões como
endividamento do setor público, inadimplência dos Estados,
entre outros.
A polêmica sobre a concessão
de recursos para montadoras
chegou ao conselho de administração do BNDES. O ministro Luiz Marinho (Trabalho)
convocou Demian Fiocca, presidente do banco, para uma
reunião em Brasília na segunda
para discutir o financiamento
para a VW. Chegou a afirmar
que o banco não pode dar dinheiro para fechar fábrica.
Fiocca já havia afirmado que
o empréstimo não tem relação
com o realinhamento estratégico anunciado pela companhia
e que o banco não criou uma
iniciativa para punir as montadoras. No mês passado, o
BNDES lançou uma linha de
exportações que confere custo
mais baixo à montadora que
mantiver ou ampliar o número
de empregados.
Desde 2000, a Volkswagen já
recebeu R$ 2,590 bilhões. A
montadora aguarda ainda a
aprovação de um financiamento de R$ 497,1 milhões. Os recursos correspondem a 54%
dos investimentos totais, de R$
920,9 milhões, que serão destinados à expansão da produção
de veículos Fox e CrossFox, para atualização dos designs de
modelos e para melhorias no
processo produtivo das unidades industriais de Anchieta,
Taubaté e São Carlos.
Segundo dados do BNDES,
ao longo da década de 1990, as
montadoras investiram cerca
de US$ 16,5 bilhões, que permitiram aumento da capacidade
produtiva instalada, estimada
em 3,2 milhões de unidades por
ano. Em 2005, a produção somou 2,3 milhões de unidades,
um crescimento de 10,5% em
relação a 2004. Apesar das
queixas sobre o comportamento do câmbio, o desempenho foi
motivado por um aumento de
25% das exportações e de 5% da
demanda interna.
Impacto
O fechamento da fábrica da
Volks pode resultar em uma
perda anual de R$ 4,8 bilhões
para a economia, segundo estudo coordenado pelo Dieese a
pedido do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC (CUT).
Para chegar ao cálculo, o
Dieese considerou 12 mil empregos diretos (com salários
médios de R$ 3.605) e 94,6 mil
indiretos (média salarial de R$
1.430). O estudo considerou
que existem oito trabalhadores
indiretos para cada direto. A estimativa foi feita a partir de cálculos do consultor André Beer,
especializado no setor automotivo. Para ele, a cada emprego
direto gerado pela VW em São
Bernardo, outros cinco a oito
indiretos são criados.
Considerando que a fábrica
não fechasse as portas, mas demitisse 3.672 empregados, como anunciou e maio, o estudo
estima que a perda anual para a
economia seria de R$ 1,4 bilhão
(considerando salários e benefícios). Hoje, os sindicalistas fazem plenária para discutir os
rumos do impasse. Desde quarta, VW e sindicato discutem um
acordo. Até ontem, não haviam
chegado a um consenso.
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