São Paulo, quarta-feira, 26 de agosto de 2009

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Lula diz que forçou BB a buscar liderança

Presidente afirma que "fez questão" de que banco adquirisse instituições menores e ultrapassasse novamente Itaú Unibanco

Petista disse que não errou quando afirmou no ano passado que a crise global chegaria ao Brasil como uma "marolinha"

PEDRO DIAS LEITE
DA REPORTAGEM LOCAL

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu ontem em São Paulo que os bancos públicos foram fundamentais para superar a crise financeira global e afirmou que "fez questão" que o Banco do Brasil comprasse uma série de outras instituições menores para "voltar a ser o maior banco deste país".
Segundo o presidente, "os bancos públicos, que quase foram extintos em um passado muito próximo, lideraram a retomada do crescimento, colocando crédito".
O Banco do Brasil reconquistou há duas semanas o posto de maior banco em ativos do Brasil e da América Latina, nove meses após ter perdido a liderança para o Itaú Unibanco. A atuação agressiva do BB na concessão de crédito durante a crise foi fundamental para ele ter recuperado a liderança do ranking bancário, objetivo cobrado por Lula após a perda do posto. Enquanto os bancos privados foram mais cautelosos após o congelamento global do crédito, o BB acelerou a liberação de empréstimos.

"Fofão" e os meninos
Lula disse que o governo tem "semancol" para não querer ser o administrador do banco, "mas ser o regulador desse banco e ser o que dá a orientação política, porque, às vezes, quando os meninos pegam um cargo lá, eles se esquecem de quem nomeou eles". Em abril, o governo demitiu Antonio Francisco de Lima Neto da presidência do Banco do Brasil, insatisfeito com os "spreads" cobrados pela instituição.
O presidente comparou a temporada de aquisições do BB a um time que busca jogadores para certas posições. "Fui conversar com o presidente do Banco do Brasil e ele falou: "Mas nós não temos expertise em carro usado". Eu falei: então compra um banco que tenha. Não tem, vamos comprar. O Corinthians não está sem centroavante? Compra um. Comprou o Fofão, mas o Fofão cismou de fazer lipo, pô", disse, em referência a Ronaldo.

Marolinha
O presidente reclamou que ninguém nunca lhe pediu desculpas por ter "tirado sarro" de sua frase sobre o "espetáculo do crescimento" e deixou claro que considera que não errou quando disse que a crise internacional chegaria ao Brasil como uma "marolinha": "O Brasil estava preparado".
"Eu me lembro que quando falei as palavras "espetáculo do crescimento" fui tripudiado por um ano. Não teve presidente que tivesse mais charge tirando sarro do que tiraram de mim. E o que aconteceu em 2004 na economia? Crescemos 5,8%, e ninguém me pediu desculpas. Também não quero mais."
Em discurso para lideranças da região do ABC, afirmou que falou aquilo porque tinha sido informado de que "estávamos em um ritmo de crescimento que iria surpreender todo e qualquer brasileiro em 2004".
"E foi exatamente o que aconteceu. E, quando nós dizíamos da marolinha, não era que a gente não tinha o tamanho da crise. É importante saber que nós tivemos duas crises: uma crise que era do "subprime", antes da quebra do Lehman Brothers, e outra crise depois da quebra do Lehman Brothers. São dois momentos importantes desta crise. [Para] qualquer um dos dois, o Brasil estava preparado", afirmou Lula.
O Brasil entrou em recessão técnica no início do ano, após dois trimestres de PIB negativo -a queda de outubro a dezembro de 2008 foi a segunda pior entre as 15 maiores economias globais. Desde outubro, 196 mil vagas foram eliminadas.
Lula afirmou que "vamos terminar este ano crescendo e no ano que vem nós vamos crescer beem, vamos crescer beeeem".


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