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Lula diz que forçou BB a buscar liderança
Presidente afirma que "fez questão" de que banco adquirisse instituições menores e ultrapassasse novamente Itaú Unibanco
Petista disse que não
errou quando afirmou no ano passado que a crise global chegaria ao Brasil como uma "marolinha"
PEDRO DIAS LEITE
DA REPORTAGEM LOCAL
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu ontem em
São Paulo que os bancos públicos foram fundamentais para
superar a crise financeira global e afirmou que "fez questão"
que o Banco do Brasil comprasse uma série de outras instituições menores para "voltar a ser
o maior banco deste país".
Segundo o presidente, "os
bancos públicos, que quase foram extintos em um passado
muito próximo, lideraram a retomada do crescimento, colocando crédito".
O Banco do Brasil reconquistou há duas semanas o posto de
maior banco em ativos do Brasil e da América Latina, nove
meses após ter perdido a liderança para o Itaú Unibanco. A
atuação agressiva do BB na
concessão de crédito durante a
crise foi fundamental para ele
ter recuperado a liderança do
ranking bancário, objetivo cobrado por Lula após a perda do
posto. Enquanto os bancos privados foram mais cautelosos
após o congelamento global do
crédito, o BB acelerou a liberação de empréstimos.
"Fofão" e os meninos
Lula disse que o governo tem
"semancol" para não querer ser
o administrador do banco,
"mas ser o regulador desse banco e ser o que dá a orientação
política, porque, às vezes, quando os meninos pegam um cargo
lá, eles se esquecem de quem
nomeou eles". Em abril, o governo demitiu Antonio Francisco de Lima Neto da presidência do Banco do Brasil, insatisfeito com os "spreads" cobrados pela instituição.
O presidente comparou a
temporada de aquisições do BB
a um time que busca jogadores
para certas posições. "Fui conversar com o presidente do
Banco do Brasil e ele falou:
"Mas nós não temos expertise
em carro usado". Eu falei: então
compra um banco que tenha.
Não tem, vamos comprar. O
Corinthians não está sem centroavante? Compra um. Comprou o Fofão, mas o Fofão cismou de fazer lipo, pô", disse,
em referência a Ronaldo.
Marolinha
O presidente reclamou que
ninguém nunca lhe pediu desculpas por ter "tirado sarro" de
sua frase sobre o "espetáculo do
crescimento" e deixou claro
que considera que não errou
quando disse que a crise internacional chegaria ao Brasil como uma "marolinha": "O Brasil
estava preparado".
"Eu me lembro que quando
falei as palavras "espetáculo do
crescimento" fui tripudiado por
um ano. Não teve presidente
que tivesse mais charge tirando
sarro do que tiraram de mim. E
o que aconteceu em 2004 na
economia? Crescemos 5,8%, e
ninguém me pediu desculpas.
Também não quero mais."
Em discurso para lideranças
da região do ABC, afirmou que
falou aquilo porque tinha sido
informado de que "estávamos
em um ritmo de crescimento
que iria surpreender todo e
qualquer brasileiro em 2004".
"E foi exatamente o que
aconteceu. E, quando nós dizíamos da marolinha, não era que
a gente não tinha o tamanho da
crise. É importante saber que
nós tivemos duas crises: uma
crise que era do "subprime", antes da quebra do Lehman Brothers, e outra crise depois da
quebra do Lehman Brothers.
São dois momentos importantes desta crise. [Para] qualquer
um dos dois, o Brasil estava
preparado", afirmou Lula.
O Brasil entrou em recessão
técnica no início do ano, após
dois trimestres de PIB negativo
-a queda de outubro a dezembro de 2008 foi a segunda pior
entre as 15 maiores economias
globais. Desde outubro, 196 mil
vagas foram eliminadas.
Lula afirmou que "vamos terminar este ano crescendo e no
ano que vem nós vamos crescer
beem, vamos crescer beeeem".
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