São Paulo, sexta-feira, 26 de setembro de 2008

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Setor de bens de capital inicia desaceleração

AGNALDO BRITO
DA REPORTAGEM LOCAL

As vendas da indústria brasileira de máquinas e equipamentos iniciaram uma desaceleração que pode se intensificar nos próximos meses conforme o rumo da política monetária brasileira e o resultado do megapacote de salvamento do setor financeiro norte-americano. O alerta foi feito ontem pelo presidente da Abimaq (Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos), Luiz Aubert Neto.
A perda de fôlego da indústria nacional de bens de capital ocorre devido a problemas tradicionais como câmbio e importações chinesas, mas agora também devido a retração na oferta de crédito.
A Abimaq disse ontem que o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) criou um problema ao setor depois de retardar o repasse de recursos devido ao esgotamento do orçamento. "O atraso na liberação dos recursos do BNDES é de 60 a 90 dias, situação que cria um problema enorme para o setor", afirma.
Do montante de R$ 85 bilhões -valor que o banco pretende emprestar neste ano-, R$ 18 bilhões serão liberados para a compra de máquinas e equipamentos. O banco disse, por intermédio da assessoria de comunicação, que o problema já foi resolvido e não há mais atrasos nos repasses.
A Abimaq afirma que o bom resultado da indústria entre janeiro e agosto é bom, mas sustenta a tendência de declínio. As vendas de máquinas para o mercado interno aumentaram 39,2% no período de janeiro a agosto deste ano em relação ao mesmo intervalo de 2007, com cifra de R$ 37,5 bilhões. Aubert avisa que esse bom resultado esconde um fator: a base a partir da qual se compara era baixa. "A tendência a partir de agora é uma desaceleração", diz. O crescimento anualizado (fechado em agosto) foi de 21%, mas a previsão é a de que o ano encerre ao ritmo de 15%. Não é ruim, afirma Aubert, mas, para 2009 (ante as condições de câmbio, aumento das importações, queda de exportações e o freio no crédito), a expectativa é de crescimento mais modesto: 9%.
A participação das exportações no faturamento do setor tem caído. O déficit comercial da balança de bens de capital no acumulado de oito meses resume bem o processo de inversão. De janeiro a agosto de 2007, o saldo estava negativo em US$ 3,2 bilhões. Neste ano (mesmo período), o déficit alcançou os US$ 7 bilhões, aceleração de 116% entre os períodos. "Veja, em 2006, o déficit era zero. Em 2007, foi de US$ 4,7 bilhões. E neste ano, poderá alcançar os US$ 12 bilhões, número revisado", diz Aubert.


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