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Setor de bens de capital inicia desaceleração
AGNALDO BRITO
DA REPORTAGEM LOCAL
As vendas da indústria brasileira de máquinas e equipamentos iniciaram uma desaceleração que pode se intensificar
nos próximos meses conforme
o rumo da política monetária
brasileira e o resultado do megapacote de salvamento do setor financeiro norte-americano. O alerta foi feito ontem pelo
presidente da Abimaq (Associação Brasileira da Indústria
de Máquinas e Equipamentos),
Luiz Aubert Neto.
A perda de fôlego da indústria nacional de bens de capital
ocorre devido a problemas tradicionais como câmbio e importações chinesas, mas agora
também devido a retração na
oferta de crédito.
A Abimaq disse ontem que o
BNDES (Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e
Social) criou um problema ao
setor depois de retardar o repasse de recursos devido ao esgotamento do orçamento. "O
atraso na liberação dos recursos do BNDES é de 60 a 90 dias,
situação que cria um problema
enorme para o setor", afirma.
Do montante de R$ 85 bilhões -valor que o banco pretende emprestar neste ano-,
R$ 18 bilhões serão liberados
para a compra de máquinas e
equipamentos. O banco disse,
por intermédio da assessoria de
comunicação, que o problema
já foi resolvido e não há mais
atrasos nos repasses.
A Abimaq afirma que o bom
resultado da indústria entre janeiro e agosto é bom, mas sustenta a tendência de declínio.
As vendas de máquinas para o
mercado interno aumentaram
39,2% no período de janeiro a
agosto deste ano em relação ao
mesmo intervalo de 2007, com
cifra de R$ 37,5 bilhões. Aubert
avisa que esse bom resultado
esconde um fator: a base a partir da qual se compara era baixa. "A tendência a partir de agora é uma desaceleração", diz. O
crescimento anualizado (fechado em agosto) foi de 21%,
mas a previsão é a de que o ano
encerre ao ritmo de 15%. Não é
ruim, afirma Aubert, mas, para
2009 (ante as condições de
câmbio, aumento das importações, queda de exportações e o
freio no crédito), a expectativa
é de crescimento mais modesto: 9%.
A participação das exportações no faturamento do setor
tem caído. O déficit comercial
da balança de bens de capital no
acumulado de oito meses resume bem o processo de inversão.
De janeiro a agosto de 2007, o
saldo estava negativo em US$
3,2 bilhões. Neste ano (mesmo
período), o déficit alcançou os
US$ 7 bilhões, aceleração de
116% entre os períodos. "Veja,
em 2006, o déficit era zero. Em
2007, foi de US$ 4,7 bilhões. E
neste ano, poderá alcançar os
US$ 12 bilhões, número revisado", diz Aubert.
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