São Paulo, sexta-feira, 26 de outubro de 2001

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Só por telefone ministro fala com o FMI

MARCIO AITH
DE WASHINGTON

Assim que chegou ontem a Buenos Aires de uma viagem desastrada aos EUA, o superministro da Economia da Argentina, Domingo Cavallo, fez o que não conseguira de seu quarto de hotel em Nova York: pediu ao FMI mais dinheiro e boa vontade.
Numa conversa telefônica tensa com técnicos do Fundo, Cavallo fez quatro pedidos: recursos novos; antecipação para novembro da parcela de dezembro do atual programa de ajuste (US$ 1,26 bilhão); perdão para um possível "desvio" de seu plano de déficit zero no terceiro trimestre; e ajuda para a Argentina obter garantias adicionais do BID e do Bird para uma nova troca de títulos.
Em resposta, o Fundo limitou-se a prometer o envio rápido de uma missão para a Argentina a fim de concluir a quinta revisão do programa de ajuste. Essa missão poderá sair de Washington ainda hoje. Quanto aos outros pedidos, Cavallo recebeu um balde de água fria. Sentiu a mesma resistência que observara na quarta-feira, quando os mesmos técnicos do Fundo telefonaram a Nova York sugerindo a ele que não viajasse a Washington porque ouviria um "não" do Fundo.
No entanto o envio rápido de uma missão à Argentina deixou aberta a possibilidade de o Fundo antecipar o desembolso da parcela de dezembro do acordo.
O telefonema de ontem de Cavallo ao FMI foi o último ato de uma viagem aos EUA iniciada com ares de mistério e encerrada de forma cômica. Na prática, Cavallo usou o telefone de seu quarto de hotel em NY para telefonar para a Argentina; e, na sua volta a Buenos Aires, usou o telefone para contatar-se com os EUA.
Cavallo partiu na segunda-feira à noite para os EUA para reunir-se com funcionários do Tesouro, do FMI e com bancos.
Argumentando que fez sua parte ao conter despesas na Argentina, o superministro queria mais dinheiro da comunidade internacional para pagar títulos que vencem em dezembro. Seu problema é que, na visão do Tesouro e do FMI, a Argentina ainda não fez sua parte porque o governo ainda não conseguiu fechar um acordo de redistribuição de receitas com as Províncias.


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