|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
COMBUSTÍVEIS
Produção manteve-se estável; produto puxou índice de inflação
Entressafra eleva preços do álcool
JOSÉ SERGIO OSSE
JOSÉ ALAN DIAS
DA REPORTAGEM LOCAL
A elevação dos preços do álcool
nas últimas semanas -só nos últimos sete dias, o combustível subiu 5,55% em média nos postos
de São Paulo- se deve, segundo a
especialistas, ao período de entressafra da cana-de-açúcar.
Os produtores não reduziram a
fabricação do álcool -o que elevaria o preço do combustível-,
mesmo com a possibilidade de
ganhar mais fabricando açúcar.
Míriam Bacchi, pesquisadora
do Cepea (Centro de Estudos
Avançados em Economia Aplicada) da Esalq/USP, diz que, caso o
objetivo dos produtores fosse ganhar mais fabricando açúcar em
vez de álcool, já teriam deixado de
produzir o combustível há muito
tempo. No ano, o açúcar remunerou o produtor, em média, 16%
mais do que o álcool anidro (utilizado na mistura com a gasolina) e
32% mais que o hidratado (usado
nos carros a álcool).
"A colheita de cana deste ano foi
8% maior que a de 2001 e suficiente para atender a um aumento na
demanda externa por açúcar", diz
a pesquisadora.
Para Míriam, a produção de álcool está sendo mantida para preservar a confiança no programa
do carro a álcool, apesar do retorno maior do açúcar.
Foi por motivo semelhante que
o Proálcool (programa de incentivo federal à compra de carros a álcool) acabou. No início da década
de 1990, a produção de álcool foi
praticamente paralisada em busca de melhores ganhos com a exportação de açúcar.
Ainda assim, depois de três meses em que a paridade com a gasolina se manteve em baixa, os preços do álcool voltaram a ser pressionados no mês de outubro. O
IPCA-15 (um dos índices prévios
de inflação medidos pelo IBGE)
registrou reajuste de 9,17% nos
preços do álcool.
Em janeiro deste ano, o preço
nominal da gasolina para o consumidor, segundo o Cepea, era de
R$ 0,872, o que representava 56%
do preço do litro da gasolina (R$
1,55 à época).
Em agosto, no auge da colheita,
a paridade caiu para 43%. Por
conta dos aumentos em outubro,
o litro do álcool custa hoje o equivalente a 52% do litro da gasolina
(a média de preços em São Paulo é
de R$ 0,913 para o álcool e de R$
1,73 para a gasolina).
Para o diretor de relações institucionais da Anfavea (Associação
Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores), Ademar
Cantero, as vendas de carros a álcool não serão afetadas pelo aumento no preço do combustível.
"Além dos incentivos fiscais ao
carro a álcool, o preço do combustível na bomba ainda é muito
bom e, enquanto estiver assim,
vai elevar as vendas de carros movidos a álcool", diz ele.
Texto Anterior: Maior aumento de luz do ano irá para o RS Próximo Texto: Informática: Empresas subfaturam importação Índice
|