São Paulo, sexta-feira, 26 de outubro de 2007

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Níquel e câmbio afetam o resultado da Vale no 3º tri

Queda no preço e dólar desvalorizado levaram empresa a ter lucro 20% menor que no 2º tri

Ganho líquido de R$ 4,7 bi, porém, é 17% superior ao do 3º trimestre de 2006; no ano, lucro da Vale aumentou 55% e soma R$ 15,6 bilhões

JANAINA LAGE
DA SUCURSAL DO RIO

A desvalorização do dólar (em relação ao real e ao dólar canadense) e a queda nos preços do níquel afetaram negativamente o resultado da Vale do Rio Doce no terceiro trimestre. De julho a setembro, a companhia lucrou R$ 4,7 bilhões, um resultado 20,3% menor do que o do segundo trimestre. Em relação ao terceiro trimestre de 2006, houve alta de 17,3%.
Nos primeiros nove meses do ano, o resultado da companhia soma R$ 15,6 bilhões, o que significa uma alta de 55%.
A contribuição da Vale Inco (operação no Canadá) foi de apenas R$ 2,352 bilhões no ano, refletindo o efeito negativo da queda do preço do níquel e a variação cambial ante o dólar canadense das diversas moedas dos países em que atua. Os dados do terceiro trimestre de 2006 e dos nove meses de 2006 não incluíam a Inco.
De acordo com dados da Economática, o resultado no ano corresponde ao quarto maior lucro de uma empresa brasileira de capital aberto até o terceiro trimestre nos últimos 20 anos. Os três primeiros lugares são lucros da Petrobras. Na última quarta-feira, o valor de mercado da Vale era de R$ 271,8 bilhões, e o da Petrobras, de R$ 320,4 bilhões.
Analistas já previam um resultado mais fraco da Vale no terceiro trimestre. "Os preços do níquel praticados no segundo trimestre foram atípicos, e a manutenção naquele patamar não deveria ocorrer", afirma Rodrigo Ferraz, do Brascan.
Depois de alcançar preço recorde de US$ 54.200 por tonelada em maio, o preço do níquel recuou para cerca de US$ 32.000 por tonelada em outubro. As vendas de níquel da Vale no trimestre geraram receita de R$ 3,772 bilhões, um desempenho 40,5% inferior ao do segundo trimestre.
Na avaliação de Roger Downey, do Credit Suisse, os fatores cruciais no curto prazo para a companhia são as negociações para o reajuste do preço do minério de ferro e a incorporação dos planos de crescimento orgânico da companhia.
A Vale registrou recorde de vendas de minério de ferro e pelotas, com 76,958 milhões de toneladas. O resultado é 5,8% superior ao antigo recorde da empresa, do terceiro trimestre do ano passado, de 72,730 milhões de toneladas. A empresa chegou a adquirir 1,955 milhão de toneladas de minério de ferro de outras mineradoras para complementar sua produção e atender aos clientes.
Apesar do aumento do volume embarcado, a receita do segmento de minério de ferro, pelotas, manganês e ferro ligas, de R$ 7,827 bilhões, teve queda de 1,3% em relação ao terceiro trimestre de 2006 em razão da contabilização do reajuste retroativo de preços de minério.
A receita bruta somou R$ 16 bilhões no terceiro trimestre, a mais alta para o período. A geração de caixa, medida pelo lucro antes de despesas financeiras, impostos e depreciação, somou R$ 8 bilhões, com alta de 35,7% em relação a igual período do ano passado. No ano, a geração de caixa cresceu 83,7% e somou R$ 14,87 bilhões.
A dívida total ficou em US$ 18,3 bilhões, contra US$ 19,1 bilhões no final do segundo trimestre. No ano, a Vale já investiu US$ 4,4 bilhões.
"Continuamos confiantes no crescimento sólido e contínuo da economia global, esperando, entretanto, que se processe em ritmo mais moderado que o verificado nos últimos três anos", informa a empresa.
Os preços do minério de ferro continuam aquecidos. Segundo a Vale, no mercado à vista na China, os preços alcançaram o nível de US$ 180 por tonelada, um aumento superior a 100% em relação a igual período de 2006.


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