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Aperto fiscal deve superar a meta após arrecadação recorde
JULIANA ROCHA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A crise financeira internacional ainda não atingiu o caixa do
governo federal. De janeiro a
outubro, o superávit primário
(economia feita pelo governo
antes de pagar os juros da dívida) foi recorde, graças à maior
arrecadação já registrada.
No acumulado até outubro, o
esforço fiscal do governo central (Tesouro, Previdência e
Banco Central) foi de R$ 95,5
bilhões. O valor corresponde a
4,03% do PIB. Só no mês passado, a economia foi de R$ 14,65
bilhões, também recorde para
os meses de outubro.
Com esse resultado, o governo já cumpriu não só a meta de
superávit primário do ano, de
R$ 63,4 bilhões, como também
reservou R$ 14,2 bilhões para o
Fundo Soberano do Brasil, cuja
criação ainda não foi aprovada
pelo Congresso.
Diante do resultado acima da
meta, o secretário do Tesouro,
Arno Augustin, lembrou que,
nos dois últimos meses do ano,
os gastos do governo costumam subir.
O superávit primário de
2008 pode ser, portanto, menor do que o acumulado até outubro. Augustin admite, porém,
que o governo adotou a estratégia de uma política "anticíclica", para ter dinheiro em períodos de turbulência.
Mesmo com a reserva adicional do fundo soberano, Augustin disse que podem ser feitos
cortes no Orçamento no primeiro trimestre de 2009, como
os do início deste ano após o
fim da CPMF. "Será difícil [fazer cortes], mas é possível."
Carlos Thadeu de Freitas Filho, economista-chefe da SLW
Asset Management, disse que
espera um superávit primário
maior do que a meta deste ano,
mesmo com o esperado aumento de gastos neste mês e
em dezembro.
Aumento de despesas
Freitas Filho ressalta que o
resultado recorde deste ano foi
possível por causa do aumento
de receita de 18%, para R$ 592
bilhões, puxada pela lucratividade maior das empresas. "Os
gastos estão crescendo acima
do PIB, o que não é desejável."
As despesas do governo tiveram aumento de 11%, enquanto
o PIB cresceu 6% no primeiro
semestre.
Os gastos do governo neste
ano somam R$ 229,6 bilhões.
Desses, R$ 20 bilhões foram
para investimentos, o que representa 41% a mais do que o
executado no ano passado.
A maior despesa do governo
federal é com a previdência social, de R$ 160,5 bilhões, seguida da folha de pagamento dos
servidores públicos.
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