São Paulo, quarta-feira, 26 de novembro de 2008

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Aperto fiscal deve superar a meta após arrecadação recorde

JULIANA ROCHA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A crise financeira internacional ainda não atingiu o caixa do governo federal. De janeiro a outubro, o superávit primário (economia feita pelo governo antes de pagar os juros da dívida) foi recorde, graças à maior arrecadação já registrada.
No acumulado até outubro, o esforço fiscal do governo central (Tesouro, Previdência e Banco Central) foi de R$ 95,5 bilhões. O valor corresponde a 4,03% do PIB. Só no mês passado, a economia foi de R$ 14,65 bilhões, também recorde para os meses de outubro.
Com esse resultado, o governo já cumpriu não só a meta de superávit primário do ano, de R$ 63,4 bilhões, como também reservou R$ 14,2 bilhões para o Fundo Soberano do Brasil, cuja criação ainda não foi aprovada pelo Congresso.
Diante do resultado acima da meta, o secretário do Tesouro, Arno Augustin, lembrou que, nos dois últimos meses do ano, os gastos do governo costumam subir.
O superávit primário de 2008 pode ser, portanto, menor do que o acumulado até outubro. Augustin admite, porém, que o governo adotou a estratégia de uma política "anticíclica", para ter dinheiro em períodos de turbulência.
Mesmo com a reserva adicional do fundo soberano, Augustin disse que podem ser feitos cortes no Orçamento no primeiro trimestre de 2009, como os do início deste ano após o fim da CPMF. "Será difícil [fazer cortes], mas é possível."
Carlos Thadeu de Freitas Filho, economista-chefe da SLW Asset Management, disse que espera um superávit primário maior do que a meta deste ano, mesmo com o esperado aumento de gastos neste mês e em dezembro.

Aumento de despesas
Freitas Filho ressalta que o resultado recorde deste ano foi possível por causa do aumento de receita de 18%, para R$ 592 bilhões, puxada pela lucratividade maior das empresas. "Os gastos estão crescendo acima do PIB, o que não é desejável."
As despesas do governo tiveram aumento de 11%, enquanto o PIB cresceu 6% no primeiro semestre.
Os gastos do governo neste ano somam R$ 229,6 bilhões. Desses, R$ 20 bilhões foram para investimentos, o que representa 41% a mais do que o executado no ano passado.
A maior despesa do governo federal é com a previdência social, de R$ 160,5 bilhões, seguida da folha de pagamento dos servidores públicos.


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