São Paulo, domingo, 27 de janeiro de 2008

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CRISE NOS MERCADOS

Empresas mantêm planos de investimento

Turbulência financeira e risco de recessão nos EUA ainda não afetam expectativa de crescimento do mercado interno

Sondagem realizada pela Fiesp entre 36 empresas de 9 setores no período da crise revela que expectativas para 2008 não mudaram

DA REPORTAGEM LOCAL

A turbulência que tomou conta dos mercados financeiros ainda não produziu mudanças significativas no planejamento das companhias brasileiras. Mas mantém os empresários atentos aos seus desdobramentos e ao risco de uma recessão se instalar nos EUA.
Para executivos e analistas ouvidos pela Folha, a aposta em 2008 é que o mercado interno continuará como o carro-chefe do crescimento. A expectativa é que os fundamentos mais sólidos da economia também protejam o país contra um eventual aprofundamento da crise, impedindo, por exemplo, variações abruptas no câmbio e na inflação.
Segundo essas análises, o risco de uma eventual recessão nos EUA também estaria atenuado pelos fortes lucros obtidos pelas empresas norte-americanas nos últimos anos e pelo vigoroso crescimento da economia global. O mundo viveu até 2007 o melhor período econômico em mais de 30 anos.
"Nada afetou ainda o mundo real da economia não-financeira. Não devemos precipitar qualquer conclusão negativa", afirma Paulo Skaf, presidente da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo).
Para Armando Monteiro Neto, presidente da CNI (Confederação Nacional da Indústria), os planos de investimento em execução devem ser preservados. "Quem investe olha para um horizonte mais amplo, e a aposta em 2008 é o mercado interno", afirma.
Consulta feita pela Fiesp entre os dias 15 e 22 deste mês entre 36 grandes empresas de nove setores mostra que os planos para produção, investimentos e emprego neste ano não se alteraram por conta da crise nas Bolsas internacionais ou em razão do temor de uma recessão nos EUA.
Em janeiro, as vendas do comércio paulista também mantiveram o mesmo ritmo de dezembro passado. No setor de automóveis, termômetro da atividade em várias áreas, as vendas no mercado interno na primeira quinzena do mês subiram 35,5% na comparação com igual período de 2007.
Paulo Godoy, presidente da Abdib, associação que reúne a indústria de infra-estrutura do país, diz que os empresários estão "acompanhando com atenção" o que está acontecendo no mercado de ações. "Somos no momento observadores. Por enquanto, nada mudou nos planos de investimento", diz.
Os setores exportadores, porém, são os que mais temem uma eventual recessão nos EUA. Na área petroquímica, a previsão de desaceleração econômica na maior economia do mundo e na Ásia pode diminuir as exportações em cerca de 15%, segundo previsão de José Ricardo Roriz Coelho, presidente da Nova Petroquímica.
Para Tim Wolfe, presidente para as Américas da Novell, apesar dos EUA, a previsão de crescimento nas vendas no Brasil é de 20% em 2008.


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