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CRISE NOS MERCADOS
Empresas mantêm planos de investimento
Turbulência financeira e risco de recessão nos EUA ainda não afetam expectativa de crescimento do mercado interno
Sondagem realizada pela
Fiesp entre 36 empresas de
9 setores no período da crise
revela que expectativas
para 2008 não mudaram
DA REPORTAGEM LOCAL
A turbulência que tomou
conta dos mercados financeiros ainda não produziu mudanças significativas no planejamento das companhias brasileiras. Mas mantém os empresários atentos aos seus desdobramentos e ao risco de uma
recessão se instalar nos EUA.
Para executivos e analistas
ouvidos pela Folha, a aposta
em 2008 é que o mercado interno continuará como o carro-chefe do crescimento. A expectativa é que os fundamentos mais sólidos da economia também protejam o país contra um
eventual aprofundamento da
crise, impedindo, por exemplo,
variações abruptas no câmbio e
na inflação.
Segundo essas análises, o risco de uma eventual recessão
nos EUA também estaria atenuado pelos fortes lucros obtidos pelas empresas norte-americanas nos últimos anos e pelo vigoroso crescimento da economia global. O mundo viveu
até 2007 o melhor período econômico em mais de 30 anos.
"Nada afetou ainda o mundo
real da economia não-financeira. Não devemos precipitar
qualquer conclusão negativa",
afirma Paulo Skaf, presidente
da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo).
Para Armando Monteiro Neto, presidente da CNI (Confederação Nacional da Indústria), os planos de investimento em execução devem ser preservados. "Quem investe olha
para um horizonte mais amplo,
e a aposta em 2008 é o mercado interno", afirma.
Consulta feita pela Fiesp entre os dias 15 e 22 deste mês entre 36 grandes empresas de nove setores mostra que os planos para produção, investimentos e emprego neste ano
não se alteraram por conta da
crise nas Bolsas internacionais
ou em razão do temor de uma
recessão nos EUA.
Em janeiro, as vendas do comércio paulista também mantiveram o mesmo ritmo de dezembro passado. No setor de automóveis, termômetro da
atividade em várias áreas, as
vendas no mercado interno na
primeira quinzena do mês subiram 35,5% na comparação
com igual período de 2007.
Paulo Godoy, presidente da
Abdib, associação que reúne a
indústria de infra-estrutura do
país, diz que os empresários estão "acompanhando com atenção" o que está acontecendo no
mercado de ações. "Somos no
momento observadores. Por
enquanto, nada mudou nos
planos de investimento", diz.
Os setores exportadores, porém, são os que mais temem
uma eventual recessão nos
EUA. Na área petroquímica, a
previsão de desaceleração econômica na maior economia do
mundo e na Ásia pode diminuir
as exportações em cerca de
15%, segundo previsão de José
Ricardo Roriz Coelho, presidente da Nova Petroquímica.
Para Tim Wolfe, presidente
para as Américas da Novell,
apesar dos EUA, a previsão de
crescimento nas vendas no
Brasil é de 20% em 2008.
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