São Paulo, domingo, 27 de janeiro de 2008

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Desaceleração nos Estados Unidos já começa a afetar exportações da Ásia

KEITH BRADSHER
DO "NEW YORK TIMES"

Os exportadores asiáticos já estão sentindo os efeitos da desaceleração econômica dos EUA -efeitos que podem ser ampliados pelo dólar enfraquecido, a volatilidade dos mercados mundiais e o receio de que mais empréstimos impagáveis prejudiquem os cofres das empresas americanas.
Em lugar de aguardar que a situação se agrave, empresas asiáticas diversas -abrangendo desde o setor de vestimentas chinês até a indústria japonesa de manufatura de equipamentos- estão modificando a maneira como operam. O enfraquecimento da demanda americana é inequívoco. Os pedidos americanos de tratores pequenos recebidos pela Kubota Corporation, de Osaka, caíram 5% no ano passado, e a previsão é que diminuam ainda mais neste ano.
Os pedidos vindos dos EUA vêm diminuindo há um ano na Top Form, a empresa de Hong Kong que é a maior fabricante mundial de sutiãs. E os pedidos dos Estados Unidos recebidos pela Aigret Industries, fabricante de sistemas telefônicos multilinhas e máquinas de fax sediada em Xiamen, China, caíram 30% no quarto trimestre de 2007, comparados à situação de um ano antes. Essa queda na demanda vem gerando um quadro de profundo desânimo em alguns setores industriais asiáticos. A Evergreen Knitting Company, de Ningbo, China, viu seus pedidos de camisetas e moletons para os EUA descreverem uma queda abrupta de 20% durante este inverno, no hemisfério Norte. A empresa prevê que fábricas chinesas concorrentes fechem suas portas.
"Estamos prevendo que 10% a 20% das fábricas de malhas serão obrigadas a fechar neste ano", disse o gerente de vendas da Evergreen, Sean Zhu.
Em resposta à desaceleração da demanda, algumas empresas estão adotando soluções que vão afetar sua produção. É o caso da Aigret Industries, que prolongou para 20 dias, em lugar dos dez habituais, as férias anuais do Ano Novo chinês.
Outras companhias investem o desenvolvimento de novos modelos. É o caso da Xigo Electric Company, de Zhongshan, China, que produz aparelhos de TV e ar-condicionado. "Nós realmente sentimos o impacto da desaceleração dos EUA no segundo semestre de 2007", disse um dos gerentes de vendas da Xigo, Stan He. "Os pedidos caíram em média entre 10% e 20% em relação ao mesmo período do ano anterior."
Os exportadores asiáticos estão no centro da discussão travada nos mercados financeiros sobre a extensão em que a Ásia já se dissociou dos EUA e será ou não capaz de apresentar crescimento forte, mesmo que a economia americana sofra desaceleração significativa.


Tradução de CLARA ALLAIN


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