|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Desaceleração nos Estados Unidos já começa a afetar exportações da Ásia
KEITH BRADSHER
DO "NEW YORK TIMES"
Os exportadores asiáticos já
estão sentindo os efeitos da desaceleração econômica dos
EUA -efeitos que podem ser
ampliados pelo dólar enfraquecido, a volatilidade dos mercados mundiais e o receio de que
mais empréstimos impagáveis
prejudiquem os cofres das empresas americanas.
Em lugar de aguardar que a
situação se agrave, empresas
asiáticas diversas -abrangendo desde o setor de vestimentas
chinês até a indústria japonesa
de manufatura de equipamentos- estão modificando a maneira como operam.
O enfraquecimento da demanda americana é inequívoco. Os pedidos americanos de
tratores pequenos recebidos
pela Kubota Corporation, de
Osaka, caíram 5% no ano passado, e a previsão é que diminuam ainda mais neste ano.
Os pedidos vindos dos EUA
vêm diminuindo há um ano na
Top Form, a empresa de Hong
Kong que é a maior fabricante
mundial de sutiãs. E os pedidos
dos Estados Unidos recebidos
pela Aigret Industries, fabricante de sistemas telefônicos
multilinhas e máquinas de fax
sediada em Xiamen, China, caíram 30% no quarto trimestre
de 2007, comparados à situação de um ano antes.
Essa queda na demanda vem
gerando um quadro de profundo desânimo em alguns setores
industriais asiáticos. A Evergreen Knitting Company, de
Ningbo, China, viu seus pedidos de camisetas e moletons
para os EUA descreverem uma
queda abrupta de 20% durante
este inverno, no hemisfério
Norte. A empresa prevê que fábricas chinesas concorrentes
fechem suas portas.
"Estamos prevendo que 10%
a 20% das fábricas de malhas
serão obrigadas a fechar neste
ano", disse o gerente de vendas
da Evergreen, Sean Zhu.
Em resposta à desaceleração
da demanda, algumas empresas estão adotando soluções
que vão afetar sua produção. É
o caso da Aigret Industries, que
prolongou para 20 dias, em lugar dos dez habituais, as férias
anuais do Ano Novo chinês.
Outras companhias investem o desenvolvimento de novos modelos. É o caso da Xigo
Electric Company, de Zhongshan, China, que produz aparelhos de TV e ar-condicionado.
"Nós realmente sentimos o
impacto da desaceleração dos
EUA no segundo semestre de
2007", disse um dos gerentes
de vendas da Xigo, Stan He. "Os
pedidos caíram em média entre
10% e 20% em relação ao mesmo período do ano anterior."
Os exportadores asiáticos estão no centro da discussão travada nos mercados financeiros
sobre a extensão em que a Ásia
já se dissociou dos EUA e será
ou não capaz de apresentar
crescimento forte, mesmo que
a economia americana sofra
desaceleração significativa.
Tradução de CLARA ALLAIN
Texto Anterior: Entrevista 2: País não está imune, avisa Strauss-Kahn Próximo Texto: Acusado de fraude de US$ 7,2 bi é detido Índice
|