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Governo fecha 2008 com aperto fiscal de 4% do PIB
Economia do setor público para pagamento de juros da dívida superou meta de 3,8% do PIB
Mesmo com um aumento dos investimentos, governo gastou menos que o previsto; meta para 2009 pode ficar em 3,3% do PIB
LEANDRA PERES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Mesmo depois de transferir
R$ 14,2 bilhões para o Fundo
Soberano do Brasil e de comemorar aumentos no investimento público, o governo terminou 2008 com um superávit
primário acima da meta. Para
2009, no entanto, o governo já
discute reduzir o alvo de 3,8%
para até 3,3% do PIB (Produto
Interno Bruto).
A Folha apurou que a economia feita por Estados, municípios, estatais e governo federal
para pagar os juros da dívida, o
chamado superávit primário,
ficou em 4% do PIB (soma de
riquezas produzidas pelo país)
no ano passado. O objetivo do
governo era economizar 3,8%
do PIB em 2008.
A discussão que vem sendo
feita nos bastidores prevê uma
queda do superávit em 2009
para acomodar um nível maior
de investimentos públicos. As
projeções feitas no início do
ano mostram que, se o crescimento da economia brasileira
ficar abaixo de 3,5%, o superávit primário também cairá para
3,5% do PIB com as despesas já
projetadas.
A saída que está sendo considerada é utilizar a autorização
da LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias) que permite ao
governo deduzir até 0,5 ponto
percentual da meta anual de
superávit com investimentos
prioritários.
Esse mecanismo nunca foi
utilizado pelo governo desde
que foi criado, em 2005. A primeira vez seria neste ano. Há
discussões na área técnica sobre a necessidade de se anunciar a redução na meta já no começo do ano, quando o governo refizer as projeções de arrecadação e despesas.
A outra alternativa é esperar
para saber como se comportará
a arrecadação ao longo do ano e
só reduzir o superávit se essa
for a alternativa para viabilizar
o investimento. Os defensores
dessa saída explicam que a dificuldade que o governo tem para gastar pode acabar produzindo um resultado melhor que
os 3,3% do PIB, como ocorreu
no ano passado.
O governo já vinha trabalhando com um resultado acima da meta em 2008. Em palestra feita no início de janeiro,
o secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Nelson Barbosa, projetou
um superávit de 4% no ano
passado. O impacto será uma
redução na dívida pública de
42% do PIB para 36,6% do PIB,
segundo a apresentação.
Utilizando as projeções de
crescimento, inflação e juros
do mercado financeiro para
2009, Barbosa calculou o primário deste ano em 3,3% do
PIB e a dívida do setor público
equivalente a 34,8% do PIB.
Até o mês de novembro do
ano passado, o superávit acumulado pelo setor público era
de 5,08% do PIB.
A queda de mais de um ponto
percentual num único mês é
explicada pela concentração de
despesas típicas do fim do ano,
como o pagamento do 13º salário dos servidores públicos.
Arrecadação
O resultado do ano passado
espelha uma arrecadação recorde. Mesmo depois de perder
a CPMF, que deveria render R$
40 bilhões ao longo de 2008, o
governo federal ainda registrava um crescimento de 9,16% na
arrecadação até novembro, já
descontado o efeito da inflação.
O total arrecadado totalizava
R$ 633,4 bilhões, segundo dados da Receita Federal.
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