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Indústria de SP perde em dezembro 130 mil vagas
Mês tem pior saldo desde 1994; Estado fecha com retração no emprego em 2008
Todos os setores tiveram saldo negativo no número de vagas no mês passado; crise é mais rápida e violenta do que se previa, diz Fiesp
VERENA FORNETTI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
O recorde de cortes de postos
de trabalho nos três últimos
meses do ano passado fez com
que a indústria paulista fechasse 2008 com mais demissões do
que contratações. No ano, o Estado perdeu 7.000 vagas, ante
106 mil geradas em 2007. Segundo a Fiesp (Federação das
Indústrias do Estado de São
Paulo), em dezembro houve
saldo negativo de 130 mil vagas,
o pior resultado desde 1994.
A última vez que a indústria
de São Paulo registrou saldo
anual negativo na criação de vagas foi em dezembro de 2006,
quando quase igualou as demissões e as contratações. Naquele mês, o índice foi de -0,1%.
A partir de então, houve recuperação do nível de emprego,
com cerca de 8.000 vagas geradas ao mês, em média, de novembro de 2007 a setembro de
2008. Sem contar os dois últimos meses do ano, quando há
cortes de empregos por conta
do fim da safra da cana-de-açúcar, a média mensal de criação
de vagas foi de aproximadamente 18,5 mil no período.
Desde outubro do ano passado, no entanto, com o recrudescimento da crise, a indústria de
São Paulo perdeu 174 mil vagas.
Paulo Francini, diretor do Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos da Fiesp,
destacou que o Estado nunca
havia registrado desaceleração
tão violenta e abrangente no nível de emprego. Em dezembro,
todos os 21 setores da indústria
paulista tiveram saldo negativo
na criação de empregos.
Em todo o ano, mais da metade dos setores perdeu vagas,
com destaque para calçados,
artigos de couro e viagem, com
queda anual de 18,4%. No último mês do ano, os setores que
mais eliminaram postos de trabalho foram alimentos e bebidas, coque, refino de petróleo,
combustíveis nucleares e álcool e máquinas de escritório e
equipamentos de informática,
todos com quedas superiores a
20% no nível de emprego.
"Nunca tivemos dúvidas de
que a crise chegaria ao Brasil,
mas ela é maior do que se esperava. Em três meses, perdemos
um número de empregos que
superou tudo o que havíamos
ganho em 2008", disse ele.
Segundo Francini, o nível de
emprego caiu mais que o esperado. A projeção da Fiesp era
que 2008 registrasse avanço de
2% na criação de empregos.
"Nossas expectativas foram
frustradas. Uma característica
da crise em que estamos envolvidos é a extrema velocidade
com que provoca mudanças."
Francini diz que, se os empresários têm dúvidas sobre o
futuro, evitam cortar empregos, que geram custos de rescisão de contratos, perda de pessoal treinado e ônus social.
"Se o emprego está caindo
prematuramente, é porque o
empresário não tem dúvidas de
que o futuro vai ser pior que o
presente", afirma o diretor da
Fiesp.
O indicador Sensor, que monitora as perspectivas das empresas paulistas, justifica a percepção de Francini. O índice
mostrou que os empresários
estão pessimistas na primeira
quinzena de janeiro em relação
ao mercado, às vendas, ao estoque, ao emprego e ao investimento. Em todos esses itens, o
Sensor detectou índices menores que 50, número que revela
neutralidade nas expectativas.
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