São Paulo, terça-feira, 27 de janeiro de 2009

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Sem conseguir ser atendido em posto lotado no Rio, desempregado se desespera

DENISE MENCHEN
DA SUCURSAL DO RIO

Quando Walmir Mota, 38, chegou ao Centro de Trabalho e Renda Professor Paulo Freire, no centro do Rio, por volta das 15h de ontem, o número de desempregados que esperava na fila em frente ao prédio já era superior ao que o posto previa ser possível atender até a hora do fechamento, às 16h30. Orientado a retornar no dia seguinte, ele não escondeu a frustração.
"Não tenho nem dinheiro para voltar para casa. Quando estava saindo, minha mulher falou que precisava comprar fralda para minha filha e dei o que tinha para ela. Até consegui dois reais depois, mas a fome apertou e tive de comprar algo para comer", diz o morador da comunidade Vila Kennedy, na zona oeste do Rio, que atribui à crise internacional a demissão do último emprego, na semana passada, menos de três meses após ter sido contratado.
"Falaram que não estava entrando dinheiro suficiente e que iam ter que fazer uma redução no número de funcionários. Dos 15 do meu setor, só ficaram 7", diz Mota, que trabalhava como repositor na loja da Wal-Mart em Campinho e ganhava R$ 471 por mês.
Dentro do posto, outro Walmir, de sobrenome Souza Queiroz, também lamentava os efeitos da crise sobre o mercado. Depois de 11 meses trabalhando no porto do Rio como conferente de cargas da Lumina Terminais de Carga e Logística, o morador de Belford Roxo, na Baixada Fluminense, perdeu em novembro o emprego que lhe garantia R$ 900 mensais e era a única fonte de sustento da família, formada pela mulher e uma filha de três anos.
Dos patrões, Queiroz diz ter ouvido que o corte foi motivado pela desaceleração do comércio global. "Além de mim, mandaram mais umas dez pessoas embora, de várias funções", diz. "Agora estou procurando outra vaga, mas está muito difícil."
A avaliação era compartilhada pelo atendente que orientava as pessoas que procuravam o posto, onde é possível requerer o seguro-desemprego e buscar recolocação no mercado. "A fila antes ia até o meio do quarteirão. Agora, já está dobrando a esquina", disse. "Para ser atendido, tem que chegar cedo", afirmou, repetindo a frase que já se tornou seu bordão.


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