São Paulo, domingo, 27 de fevereiro de 2000


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MUNDO VIRTUAL

Empresas devem buscar novas fontes de receita

Apenas publicidade não garante retorno na Internet, diz mercado

MARCELO BILLI
da Reportagem Local

Negócios na Internet não sobrevivem apenas com publicidade. Os provedores precisarão encontrar novas fontes de receita para se tornarem viáveis economicamente e passarem a obter lucro.
Especialistas, publicitários e mesmo quem investe nos negócios virtuais concordam: os investimentos em publicidade vão crescer muito, mas não o bastante para garantir receita suficiente para todos.
A Forrester Research, empresa norte-americana especializada em pesquisas na rede, estima que, em 2001, os gastos em publicidade na Internet cheguem a US$ 145 milhões no Brasil. O crescimento é vertiginoso: em 1998 esses gastos foram de US$ 15 milhões.
No entanto, mesmo que a estimativa se concretize, aquele montante só é pouco maior que os investimentos de US$ 120 milhões dos grupos Opportunity e Garantia no iG, um dos primeiros provedores de acesso gratuito. Hoje existem mais oito provedores que oferecem o acesso grátis.
Por enquanto, as verbas destinadas à Internet representam cerca de 1% do total investido em publicidade no Brasil.
O número de empresas que brigam por esse pequeno bolo é grande. A AMI (Associação de Mídia Interativa), entidade que congrega empresas do setor, surgiu em 1996 com sete associados. Hoje, são 43 e a previsão é que cheguem a 100 até o final do ano.
Para Antonio Rosa Neto, presidente da AMI, o acesso gratuito obriga os sites a buscar recursos. Mas ele concorda que só verbas de publicidade não garantem a rentabilidade dos negócios.
Aleksander Mandic, do iG, admite que não é a publicidade que sustentará o novo negócio. Ele aposta no comércio eletrônico como grande fonte de receita.
Ainda assim, Mandic não acredita que haverá espaço para todos. "Somente quem tem capital para suportar um período razoável de prejuízos fica", avalia.
Pyr Marcondes, diretor-geral da Starmedia no Brasil, também concorda que apenas algumas empresas resistirão. "Permanecerá apenas quem tiver uma boa base de capital", afirma.
A disputa promete ser quente. Os dois maiores provedores do país, o Universo Online (UOL) e o Terra/ZAZ, também já lançaram seus serviços de acesso gratuito. O UOL já anunciou ter mais de 830 mil usuários cadastrados.
O único consenso a respeito do que será o mercado de Internet no Brasil nos próximos anos é o de que as empresas passarão por uma forte seleção natural.
Luis Grottera, da agência de publicidade Grottera.com, acredita que haverá concentração. Na sua avaliação, a Internet seguirá os passos de veículos como a TV.
"Haverá veículos que concentrarão a maior parte dos anúncios, como acontece hoje com as redes de TV e com alguns jornais e revistas", afirma.
Ele cita o exemplo dos Estados Unidos, onde os cinco maiores sites ficam com 90% das verbas de publicidade.



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