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DIPLOMACIA
Brasil quer
diálogo para
"relançar"
Mercosul
ANDRÉ SOLIANI
da Sucursal de Brasília
Uma ampla rodada de negociações com a Argentina, no lugar de
discussões dos temas divergentes
em separado, é a fórmula em estudo pelo governo brasileiro para
o relançamento do Mercosul, que
fechou o ano passado com as relações praticamente congeladas.
A idéia está em negociação, mas
o cenário desanuviado da economia e as mudanças políticas na
Argentina, com a troca do presidente Carlos Menem por Fernando de la Rúa, apontam para esse
caminho.
"Essa é uma das idéias. Nós estamos preparados para fazer um
esforço de relançamento do Mercosul e de levar adiante a integração", disse o embaixador brasileiro na Argentina, Sebastião do Rego Barros.
Segundo Rego Barros, a partir
do próximo mês os dois países
devem começar a discutir como
dirimir as divergências acentuadas na crise econômica do ano
passado. Por enquanto, os esforços estão concentrados no acordo
automotivo.
Cenário mudou
A nova forma de negociar está
associada a uma mudança do governo com relação à Argentina,
que se traduz numa predisposição a ser mais flexível com as reivindicações do parceiro. Duas novidades no cenário colaboram para a distensão do Brasil no trato
com a Argentina:
1) com a falência da Rodada do
Milênio, na OMC (Organização
Mundial do Comércio), em Seattle (EUA), o Brasil precisa fortalecer seus laços diplomáticos com
os vizinhos para tentar fazer valer
seu ponto de vista na ordenação
do comércio internacional diante
do interesse de outros blocos;
2) a saída de Carlos Menem da
Presidência argentina e a ascensão de Fernando de la Rúa significaram uma mudança de postura
do vizinho brasileiro com relação
à importância estratégica da integração com o Brasil. Menem era
defensor das "relações carnais"
com os EUA. De la Rúa põe mais
ênfase na vinculação com o Brasil.
"Generosidade"
A primeira ponta visível, na
vontade de ser mais flexível com a
Argentina, partiu do presidente
FHC, há menos de um mês, durante o Fórum Econômico Mundial, em Davos. Na ocasião, FHC
disse que queria "generosidade"
no trato com a Argentina.
As declarações de FHC sinalizaram uma mudança na postura
dos diplomatas envolvidos na integração com a Argentina.
No ano passado, a diplomacia
se esforçava para mostrar que a
desvalorização do real não teve
maiores repercussões na economia argentina.
A Argentina só conseguiu levar
o Brasil para a mesa de negociação depois de editar uma medida
que permitia a adoção de retaliações comerciais.
O Itamaraty foi para a mesa,
derrubou a medida e não fez concessões ao parceiro.
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