São Paulo, domingo, 27 de fevereiro de 2000


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DIPLOMACIA

Brasil quer diálogo para "relançar" Mercosul


ANDRÉ SOLIANI
da Sucursal de Brasília

Uma ampla rodada de negociações com a Argentina, no lugar de discussões dos temas divergentes em separado, é a fórmula em estudo pelo governo brasileiro para o relançamento do Mercosul, que fechou o ano passado com as relações praticamente congeladas.
A idéia está em negociação, mas o cenário desanuviado da economia e as mudanças políticas na Argentina, com a troca do presidente Carlos Menem por Fernando de la Rúa, apontam para esse caminho.
"Essa é uma das idéias. Nós estamos preparados para fazer um esforço de relançamento do Mercosul e de levar adiante a integração", disse o embaixador brasileiro na Argentina, Sebastião do Rego Barros.
Segundo Rego Barros, a partir do próximo mês os dois países devem começar a discutir como dirimir as divergências acentuadas na crise econômica do ano passado. Por enquanto, os esforços estão concentrados no acordo automotivo.

Cenário mudou
A nova forma de negociar está associada a uma mudança do governo com relação à Argentina, que se traduz numa predisposição a ser mais flexível com as reivindicações do parceiro. Duas novidades no cenário colaboram para a distensão do Brasil no trato com a Argentina:
1) com a falência da Rodada do Milênio, na OMC (Organização Mundial do Comércio), em Seattle (EUA), o Brasil precisa fortalecer seus laços diplomáticos com os vizinhos para tentar fazer valer seu ponto de vista na ordenação do comércio internacional diante do interesse de outros blocos;
2) a saída de Carlos Menem da Presidência argentina e a ascensão de Fernando de la Rúa significaram uma mudança de postura do vizinho brasileiro com relação à importância estratégica da integração com o Brasil. Menem era defensor das "relações carnais" com os EUA. De la Rúa põe mais ênfase na vinculação com o Brasil.

"Generosidade"
A primeira ponta visível, na vontade de ser mais flexível com a Argentina, partiu do presidente FHC, há menos de um mês, durante o Fórum Econômico Mundial, em Davos. Na ocasião, FHC disse que queria "generosidade" no trato com a Argentina.
As declarações de FHC sinalizaram uma mudança na postura dos diplomatas envolvidos na integração com a Argentina.
No ano passado, a diplomacia se esforçava para mostrar que a desvalorização do real não teve maiores repercussões na economia argentina.
A Argentina só conseguiu levar o Brasil para a mesa de negociação depois de editar uma medida que permitia a adoção de retaliações comerciais.
O Itamaraty foi para a mesa, derrubou a medida e não fez concessões ao parceiro.


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