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MERCADO
Desvalorização das ações da empresa de Internet e da parceira Time Warner deixa acionistas intrigados
AOL encolhe na Bolsa após megafusão
MARCIO AITH
de Washington
Desde que a AOL (American
Online) e a Time Warner juntaram-se no que era a maior fusão
do mundo dos negócios ao ser
anunciada, em 10 de janeiro passado, os valores de mercado das
duas companhias flutuaram tanto
que os investidores começaram a
refletir se a lógica da operação, baseada na imagem do pequeno
peixe comendo o tubarão, fazia
ou não sentido.
No dia do anúncio, o negócio,
medido pelo preço das ações no
mercado, valia US$ 160 bilhões.
Pouco tempo depois, ainda na euforia criada pelo maior conglomerado de mídia do mundo, o valor da fusão chegou a US$ 190 bilhões.
Parecia uma tendência sem volta, até que vários fatores, incluindo preocupações de investidores
com a viabilização prática da fusão de um ícone da nova tecnologia com uma empresa tradicional,
fizeram o seu valor despencar,
chegando a US$ 119 bilhões no começo de fevereiro. Hoje, está em
torno de US$ 140 bilhões.
A simples desvalorização das
ações não indica que as duas
companhias perderam dinheiro
nem que a fusão, ainda não formalizada, foi um mau negócio.
Tanto que, na última semana, a
Merril Lynch e o Credit Suisse
First Boston aconselharam seus
clientes a comprar os títulos da
AOL, considerando-os baixos demais para as características da
empresa e para seu potencial de
crescimento.
O problema real é que as ações
da AOL e as da Time variam de
forma diferente e, se não tiram o
mérito da fusão, fazem os investidores pensarem. O motivo é simples. Embora a AOL faturasse
US$ 22 bilhões a menos que a Time, foi ela e não a gigante da mídia a líder no negócio.
A tradicional Time Warner,
com dívidas crescentes e sem
perspectivas de expansão, aceitou
submeter-se ao comando da AOL
porque apostou na percepção do
mercado de que, por princípio, as
companhias de Internet valem
mais que as tradicionais porque
têm maior potencial de crescimento. A Time Warner seria uma
empresa "pesada". A AOL, versátil e moderna, teria um crescimento certo. É por isso que valeria mais.
Quase 50 dias depois, essa lógica, que já não era muito apreciada
pelos economistas tradicionais,
que viam uma "bolha" no boom
das empresas de Internet, passou
a ser questionada com mais força.
Do dia 10 de janeiro até a última
sexta-feira, as ações da AOL caíram 19,2%. As da Time Warner
também caíram, mas numa proporção menor.
Normalmente, as ações de uma
companhia que adquire outra numa fusão tendem a cair, enquanto
as da empresa incorporada fazem
o sentido inverso. Mas, devido às
circunstâncias inovadoras do negócio, até um comportamento
previsível envolve fatores novos.
O primeiro, levantado pelos investidores da Time Warner, é se,
daqui a um ano, eles irão se arrepender da proporção da troca de
ações que aceitaram em janeiro
com base numa percepção que
contraria indicadores tradicionais como faturamento e ativos.
Já os investidores da AOL, embora percam dinheiro quando
suas ações se desvalorizam, ficam
felizes com o fato de a companhia
ter negociado a fusão quando
seus títulos estavam valendo
mais.
A troca das ações entre AOL e
Time Warner ainda não foi feita,
aguardando autorização de órgãos reguladores, mas a proporção já foi definida. Portanto, cada
vez que as ações da AOL se desvalorizam, seus investidores ficam
com a sensação de que pagaram
menos pela Time Warner.
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