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São Paulo, quinta-feira, 27 de fevereiro de 2003

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TRABALHO

Queda em dezembro sobre novembro foi a terceira redução seguida

Renda cai 5,1% em um mês, diz IBGE

PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO

A disparada da inflação nos últimos meses de 2002 corroeu os ganhos dos trabalhadores. Em dezembro, o rendimento médio real, já descontada a inflação, caiu 5,1% em relação a novembro, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
É a terceira redução seguida nesse tipo de comparação, segundo os dados da nova PME (Pesquisa Mensal de Emprego). O percentual é referente ao que o IBGE classifica como rendimento habitualmente recebido -ou seja, considera só o salário e, por isso, não sofre influência sazonal.
Pelos dados da PME feita com a antiga metodologia, a renda em 2002 sofreu retração de 3,8% até novembro. Como a pesquisa "velha" foi interrompida em dezembro, não há dados sobre os rendimentos naquele mês. O IBGE não divulgou também a comparação com dezembro de 2001, segundo a nova metodologia, por problemas com a coleta de dados.
Desde 1998 o rendimento não cresce no país. No Plano Real, porém, acumulava ganho de 14% até 2001. Essa alta ficou concentrada nos primeiros anos do governo FHC. De 1994 a 1997, houve crescimento de 20%, enquanto de 1998 a 2001 a renda caiu 11%, segundo dados do IBGE.
Especialistas são unânimes em afirmar que, em dezembro, a causa da redução do rendimento foi a inflação. "O fator mais importante para a queda foi a aceleração da inflação, que corroeu o salário real", disse o economista Luiz Afonso Lima, do BBV.
"É lógico que a inflação, que subiu em dezembro, contribuiu para um rendimento menor", afirmou Lauro Ramos, economista do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada).
Shyrlene Ramos de Souza, economista do IBGE, cita outro motivo para a retração: a perda do poder de barganha do trabalhador na hora de pedir reajuste.

Desemprego
Ontem, o IBGE também divulgou a taxa de desemprego em janeiro, que ficou praticamente estável no primeiro mês do governo Lula. A taxa atingiu 11,2% em janeiro, contra 11,1% do mesmo mês de 2002, segundo o IBGE.
Houve crescimento da taxa, porém, na comparação com dezembro de 2002, quando o desemprego foi de 10,5%. Na média de 2002, de acordo com a nova pesquisa do IBGE, a taxa foi de 11,7% (7,1% pela antiga metodologia).


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