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TRABALHO
Queda em dezembro sobre novembro foi a terceira redução seguida
Renda cai 5,1% em um mês, diz IBGE
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
A disparada da inflação nos últimos meses de 2002 corroeu os ganhos dos trabalhadores. Em dezembro, o rendimento médio
real, já descontada a inflação, caiu
5,1% em relação a novembro, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
É a terceira redução seguida
nesse tipo de comparação, segundo os dados da nova PME (Pesquisa Mensal de Emprego). O
percentual é referente ao que o IBGE classifica como rendimento
habitualmente recebido -ou seja, considera só o salário e, por isso, não sofre influência sazonal.
Pelos dados da PME feita com a
antiga metodologia, a renda em
2002 sofreu retração de 3,8% até
novembro. Como a pesquisa "velha" foi interrompida em dezembro, não há dados sobre os rendimentos naquele mês. O IBGE não
divulgou também a comparação
com dezembro de 2001, segundo
a nova metodologia, por problemas com a coleta de dados.
Desde 1998 o rendimento não
cresce no país. No Plano Real, porém, acumulava ganho de 14% até
2001. Essa alta ficou concentrada
nos primeiros anos do governo
FHC. De 1994 a 1997, houve crescimento de 20%, enquanto de
1998 a 2001 a renda caiu 11%, segundo dados do IBGE.
Especialistas são unânimes em
afirmar que, em dezembro, a causa da redução do rendimento foi a
inflação. "O fator mais importante para a queda foi a aceleração da
inflação, que corroeu o salário
real", disse o economista Luiz
Afonso Lima, do BBV.
"É lógico que a inflação, que subiu em dezembro, contribuiu para um rendimento menor", afirmou Lauro Ramos, economista
do Ipea (Instituto de Pesquisa
Econômica Aplicada).
Shyrlene Ramos de Souza, economista do IBGE, cita outro motivo para a retração: a perda do poder de barganha do trabalhador
na hora de pedir reajuste.
Desemprego
Ontem, o IBGE também divulgou a taxa de desemprego em janeiro, que ficou praticamente estável no primeiro mês do governo
Lula. A taxa atingiu 11,2% em janeiro, contra 11,1% do mesmo
mês de 2002, segundo o IBGE.
Houve crescimento da taxa, porém, na comparação com dezembro de 2002, quando o desemprego foi de 10,5%. Na média de 2002,
de acordo com a nova pesquisa do
IBGE, a taxa foi de 11,7% (7,1% pela antiga metodologia).
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