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Nova Bolsa deve ser líder entre emergentes
Favorecida pela demanda global por commodities e com tecnologia avançada, Bolsa brasileira é a 3ª em valor de mercado
Para analistas, companhia que surge da fusão de Bovespa e BM&F buscará comprar Cetip e Bolsas latino-americanas
DENYSE GODOY
TONI SCIARRETTA
DA REPORTAGEM LOCAL
Em um futuro próximo, restarão poucas Bolsas no mundo.
Ao final do processo de fusões e
aquisições em escala global, os
negócios com ações, mercadorias e derivativos se darão em
Bolsas gigantes, que oferecem
uma ampla gama de produtos e
abrangem extensas regiões. Segundo especialistas, entre os
países emergentes, a líder será
a Nova Bolsa -produto da fusão das brasileiras Bovespa
(Bolsa de Valores de São Paulo)
e BM&F (Bolsa de Mercadorias
e Futuros).
Na Bovespa, a maior parte
das empresas listadas é ligada
ao setor de matérias-primas,
enquanto na BM&F se destacam os contratos agrícolas. A
demanda pelos produtos tem
aumentado exponencialmente.
"O "boom" das commodities
lhe dá uma imensa vantagem",
explica Andre Cappon, presidente da consultoria norte-americana CBM Group, que
acompanhou de perto diversas
operações recentes de integração entre Bolsas.
"A fusão fortalece as Bolsas
que chamarão a atenção dos investidores globais", diz Eduardo da Rocha Azevedo, ex-presidente da Bovespa e fundador da
BM&F. "A integração é uma
aventura que vai dar certo. Acaba com dogmas e rivalidades."
Em valor de mercado, a Nova
Bolsa já ultrapassou a Bolsa de
Hong Kong (US$ 19,9 bilhões
contra US$ 17,5 bilhões), está
em terceiro lugar entre as
maiores do planeta e é a segunda no continente americano. "A
Nova Bolsa é uma das mais modernas que existem, em termos
tecnológicos", destaca Cappon.
Consolidada a fusão, a Nova
Bolsa deve se voltar para a compra do último mercado de capitais brasileiro em que pouco
atua: o de renda fixa. Para isso,
a opção natural será adquirir a
Cetip, o sistema eletrônico de
venda de papéis privados, títulos securitizados e de alguns
públicos, como moedas de privatização.
O problema é que a Cetip ainda é mutualizada e sem fins lucrativos, como as duas Bolsas
antes da abertura de capital. A
Cetip convocou seus "sócios" a
discutir a desmutualização em
assembléia marcada para 25 de
abril. Procurada, a Cetip não
quis comentar o assunto.
"A Cetip complementa os negócios das duas Bolsas. A integração faz todo o sentido", diz o
economista Ricardo Humberto
Rocha, do Ibmec-SP.
Paralelamente, a Nova Bolsa
deverá tentar expandir seus negócios com ações, commodities
e derivativos para a América
Latina, centro geográfico de liquidez mais próximo. Depois,
poderia partir para absorver
mercados menores e de pouca
liquidez, como as Bolsas de
Buenos Aires, Lima, Bogotá e
Santiago. O consultor Larry
Tabb, presidente da consultoria Tabb Group, acha que ainda
é cedo para a Nova Bolsa olhar
ao redor em busca de oportunidades de compra. "Antes de
aquisições, ela deve fazer alianças estratégicas com as vizinhas", diz.
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