São Paulo, quinta-feira, 27 de março de 2008

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Nova Bolsa deve ser líder entre emergentes

Favorecida pela demanda global por commodities e com tecnologia avançada, Bolsa brasileira é a 3ª em valor de mercado

Para analistas, companhia que surge da fusão de Bovespa e BM&F buscará comprar Cetip e Bolsas latino-americanas

DENYSE GODOY
TONI SCIARRETTA
DA REPORTAGEM LOCAL

Em um futuro próximo, restarão poucas Bolsas no mundo. Ao final do processo de fusões e aquisições em escala global, os negócios com ações, mercadorias e derivativos se darão em Bolsas gigantes, que oferecem uma ampla gama de produtos e abrangem extensas regiões. Segundo especialistas, entre os países emergentes, a líder será a Nova Bolsa -produto da fusão das brasileiras Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo) e BM&F (Bolsa de Mercadorias e Futuros).
Na Bovespa, a maior parte das empresas listadas é ligada ao setor de matérias-primas, enquanto na BM&F se destacam os contratos agrícolas. A demanda pelos produtos tem aumentado exponencialmente.
"O "boom" das commodities lhe dá uma imensa vantagem", explica Andre Cappon, presidente da consultoria norte-americana CBM Group, que acompanhou de perto diversas operações recentes de integração entre Bolsas.
"A fusão fortalece as Bolsas que chamarão a atenção dos investidores globais", diz Eduardo da Rocha Azevedo, ex-presidente da Bovespa e fundador da BM&F. "A integração é uma aventura que vai dar certo. Acaba com dogmas e rivalidades."
Em valor de mercado, a Nova Bolsa já ultrapassou a Bolsa de Hong Kong (US$ 19,9 bilhões contra US$ 17,5 bilhões), está em terceiro lugar entre as maiores do planeta e é a segunda no continente americano. "A Nova Bolsa é uma das mais modernas que existem, em termos tecnológicos", destaca Cappon.
Consolidada a fusão, a Nova Bolsa deve se voltar para a compra do último mercado de capitais brasileiro em que pouco atua: o de renda fixa. Para isso, a opção natural será adquirir a Cetip, o sistema eletrônico de venda de papéis privados, títulos securitizados e de alguns públicos, como moedas de privatização.
O problema é que a Cetip ainda é mutualizada e sem fins lucrativos, como as duas Bolsas antes da abertura de capital. A Cetip convocou seus "sócios" a discutir a desmutualização em assembléia marcada para 25 de abril. Procurada, a Cetip não quis comentar o assunto.
"A Cetip complementa os negócios das duas Bolsas. A integração faz todo o sentido", diz o economista Ricardo Humberto Rocha, do Ibmec-SP.
Paralelamente, a Nova Bolsa deverá tentar expandir seus negócios com ações, commodities e derivativos para a América Latina, centro geográfico de liquidez mais próximo. Depois, poderia partir para absorver mercados menores e de pouca liquidez, como as Bolsas de Buenos Aires, Lima, Bogotá e Santiago. O consultor Larry Tabb, presidente da consultoria Tabb Group, acha que ainda é cedo para a Nova Bolsa olhar ao redor em busca de oportunidades de compra. "Antes de aquisições, ela deve fazer alianças estratégicas com as vizinhas", diz.


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