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Crise não reduz "apetite" de estrangeiro por títulos do país
Dívida pública cresce 2,6% em fevereiro, e estoque total chega a R$ 1,3 trilhão
Segundo análise do Tesouro Nacional, volume maior de emissões e os juros pagos pela dívida contribuem para resultado em fevereiro
JULIANA ROCHA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A crise financeira internacional não reduziu o apetite dos
investidores por títulos do governo federal. Tanto que, no
mês passado, a dívida pública
cresceu 2,6%.
O estoque da dívida total somou R$ 1,3 trilhão. A explicação do Tesouro Nacional para
esse aumento foi o volume
maior de emissões no mês, contra o valor baixo dos vencimentos dos títulos no período.
Os juros pagos pela dívida
também contribuíram para esse resultado.
O coordenador-geral de Operações da Dívida Pública do Tesouro, Guilherme Pedras, afirmou que o pacote cambial
anunciado pelo governo no último dia 13 não deverá desestimular a procura dos estrangeiros por títulos da dívida interna
brasileira.
Para ele, a maioria desses investidores costuma aplicar a
longo prazo e, por isso, o aumento do IOF (Imposto sobre
Operações Financeiras) para
1,5% seria diluído nos vários
anos de rendimento.
Quando o pacote foi anunciado, o objetivo do ministro da
Fazenda, Guido Mantega, era
tentar reduzir a procura dos estrangeiros pelos investimentos
em renda fixa no Brasil, principalmente de curto prazo.
"Do ponto de vista de desestimular a demanda no longo
prazo, felizmente [o pacote
cambial] não surte efeito", disse Pedras.
Ele, porém, não apresentou
estatísticas que comprovem a
preferência dos estrangeiros
por títulos de longo prazo nem
a garantia de que os investidores não vendem os títulos antes
do seu vencimento.
Em janeiro, do total da dívida
interna, 4,96% estavam nas
mãos de estrangeiros. Há um
ano, esse percentual era de cerca de 2%.
Taxa elevada
Maurício Oreng, economista-sênior da Itaú Corretora,
concorda com que o aumento
do IOF não é suficiente para reduzir a atratividade dos títulos
da dívida brasileira.
Oreng lembra que a taxa de
juros paga no país ainda é uma
das mais altas do mundo. Mas
essa lógica vale tanto para as
aplicações de longo prazo como
para as de curto prazo.
O economista do grupo Itaú
avalia que as estatísticas do Tesouro Nacional sobre a dívida
pública mostram que o Brasil
não sofreu os efeitos da crise
internacional.
O estoque da dívida interna
cresceu 3,1% no mês passado,
somando R$ 1,2 trilhão. E a externa caiu 3,9%, para R$ 103,2
bilhões. Do total da dívida, a
maior parte é prefixada
(32,9%).
Estão indexados à Selic
31,8% dos títulos, e outros 25%
são atrelados à inflação.
A redução da dívida externa
foi motivada principalmente
pelo pagamento de R$ 1 bilhão
em juros, o que amortizou o estoque.
No mês passado, foram recomprados R$ 629 milhões em
títulos que venceriam em 2040.
Com isso, o governo economizou R$ 1,6 bilhão em juros que
pagaria nesse período.
Desde o início do programa
de recompra da dívida interna,
no ano passado, a economia
com juros que seriam pagos já é
de R$ 18,3 bilhões.
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