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Mantega quer carro vendido em até 6 anos
Em reunião com ministro, Febraban diz que maioria dos contratos é feita para pagamento em até 5 anos
JULIANA ROCHA
NEY HAYASHI DA CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Em reunião ontem com representantes do setor bancário,
o ministro da Fazenda, Guido
Mantega, questionou os dirigentes dos principais bancos do
país sobre os prazos dos créditos concedidos a pessoas físicas, principalmente para a
compra de automóveis. Os executivos afirmaram ao ministro
que são poucos os financiamentos de seis a oito anos, se
considerado o volume de crédito concedido. Eles disseram
que a maioria dos contratos
ainda é fechada para pagamento em até cinco anos.
Ao sair do encontro, o presidente da Febraban (Federação
Brasileira de Bancos), Fábio
Barbosa, disse que os prazos
mais longos observados em alguns tipos de financiamento,
como o de automóveis, são exceções e não oferecem risco ao
sistema bancário. "A maior
parte da carteira de crédito dos
bancos é muito sólida. Existem
situações eventuais de posições
um pouquinho mais alongadas,
mas são residuais."
A resposta dos bancos, segundo ele, tranqüilizou Mantega, que estava preocupado com
o aumento do volume desses financiamentos. A Folha apurou
que o ministro alertou os executivos para que não permitam
o pagamento do crédito acima
de seis anos. Mantega argumentou que, a partir do quinto
ano, os proprietários começam
a ter altas despesas com os veículos comprados e, com isso,
podem deixar de pagar as prestações. Como o carro perde valor, os bancos e financeiras ficariam sem as garantias.
Segundo técnicos que participaram da reunião, os executivos disseram ao ministro que
havia uma demanda muito reprimida por crédito no país.
Por isso, o ritmo de crescimento dos financiamentos de pessoas físicas não seria um risco
para a economia.
Mais 25% no ano
Barbosa disse não haver motivo para preocupação com o
ritmo de crescimento do crédito no país. "Pelo contrário, os
bancos têm dado, por meio do
crédito, uma contribuição importante para o crescimento da
economia."
A expectativa do Banco Central é que o volume de crédito
disponível no país cresça entre
20% e 25% neste ano, o que seria suficiente para elevar o saldo de empréstimos para um
valor equivalente a cerca de
40% do PIB (Produto Interno
Bruto), o que, se confirmado,
será o nível mais alto já registrado pelas estatísticas do BC.
Apesar das preocupações de
Mantega, números divulgados
também pelo BC anteontem já
mostravam certa desaceleração no ritmo de expansão do
crédito no país. Modalidades
que vinham liderando esse movimento, como os empréstimos consignados e o financiamento para compra de veículos, têm crescido de maneira
mais lenta nos últimos meses.
O volume de empréstimos
consignados oferecido pelos
bancos registrou aumento de
3,8% neste ano, e os financiamentos de automóveis, de
1,9%. No mesmo período, o total de crédito disponível no
país teve expansão de 5,1%. O
nível de inadimplência tem se
mantido estável, atingindo
4,3% dos empréstimos bancários, segundo dados do BC.
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