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"PROJETO CARNAVAL"
Lessa afirma que repudiará cartel dentro da Embratel
Apesar de denúncia, BNDES ainda quer financiar fixas
CHICO SANTOS
DA SUCURSAL DO RIO
O presidente do BNDES (Banco
Nacional de Desenvolvimento
Econômico e Social), Carlos Lessa, disse ontem que mantém o interesse de associar o banco estatal
ao consórcio formado pelas empresas Telemar, Telefônica e Brasil Telecom para a compra da Embratel, apesar da suspeita de que o
grupo pretende cartelizar o setor
para cobrar tarifas mais altas.
"Se a pergunta é se o BNDES
mantém o interesse em participar
com até 40,4% na operação da Calais [consórcio formado pelas três
teles], a resposta é sim. Agora,
participaria o BNDES de algum
cartel? Resposta: não", disse ontem, durante entrevista.
O cartel acontece quando um
grupo de empresas independentes formaliza um acordo para sua
atuação coordenada, visando interesses em comum.
Segundo Lessa, o banco, se tiver
assento no Conselho de Administração de uma empresa, repudiará "qualquer prática de cartel"
dentro dela. Ele disse que, quando
o banco estatal participa do acordo de acionistas de uma empresa,
seu voto tem papel decisivo.
Órgãos de defesa
Para Lessa, não é o BNDES que
deve ser consultado sobre a intenção das teles de elevar os preços
das tarifas telefônicas de longa
distância após a compra da Embratel, mas os órgãos de controle e
regulação, como o Cade (Conselho Administrativo de Defesa
Econômica) e a Anatel (Agência
Nacional de Telecomunicações).
Ele disse que o BNDES, fora a
hipótese de se associar ao consórcio Calais, defende que seja esse o
consórcio vencedor da disputa
pela compra da Embratel (a outra
interessada é a mexicana Telmex)
porque quer receber o máximo
pela parcela de 7,8% que já detém
no capital da operadora.
Segundo Lessa, é direito dos minoritários da Embratel vender ao
comprador da empresa sua participação por 80% do valor pago
por ação ao atual controlador, a
norte-americana MCI (direito de
"tag along", no jargão do mercado financeiro).
Como a Telmex ofereceu à MCI
US$ 350 milhões e o consórcio
Calais, US$ 550 milhões, Lessa
disse que o BNDES ganhará mais
se o Calais sair vencedor.
Lessa disse que a maior parte
dos setores econômicos brasileiros é controlada por um número
pequeno de empresas e reafirmou
que, no caso de monopólios naturais, como a prestação de serviços
públicos, cabe aos órgãos de regulação evitar os abusos.
Ele disse também que, mesmo
em setores teoricamente disputados por muitas empresas, é freqüente a prática de cartel pelo sistema chamado alinhamento de
preços. "Uma empresa é escolhida no conjunto para ser a que determina os preços. Ela eleva seus
preços e as outras elevam suas tabelas mais ou menos na mesma
proporção", disse para exemplificar como é difícil controlar a formação de cartéis quando as empresas desejam fazê-lo.
"O Brasil tem uma legislação
muito robusta e sólida para fiscalizar a estrutura empresarial",
completou Lessa.
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